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Heineken compra Femsa, dona da Kaiser
Operação entre cervejarias holandesa e mexicana está avaliada em US$ 7,7 bi; distribuidora da Coca fica fora do negócio
Femsa, que também tem
as marcas Bavaria e Sol, é
a quarta em participação
de mercado, com 7,2%,
ante 70% da líder AmBev
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Heineken anunciou ontem
a compra da divisão de cervejas
da mexicana Femsa em uma
operação avaliada em US$ 7,7
bilhões, incluindo dívidas de
US$ 2,1 bilhões. A aquisição era
a última chance que a cervejaria holandesa tinha de abocanhar uma fatia do mercado latino-americano, um dos que
mais crescem no mundo.
Dona no Brasil das marcas
Kaiser e Bavaria, a Femsa foi
disputada pela SABMiller, mas
esta teria desistido justamente
por não querer a operação brasileira. Segundo a agência Reuters, que cita fontes não identificadas, a SABMiller teria ficado preocupada com o complexo
esquema de distribuição da
Femsa no país.
A empresa distribui suas cervejas no Brasil por meio de uma
rede de franqueados que são,
na maioria, também franqueados da Femsa Coca-Cola Brasil
-que não entrou no negócio
com a Heineken.
O comunicado distribuído ao
mercado não fala sobre o futuro
da distribuição no Brasil. Segundo a assessoria da empresa,
"por enquanto" a distribuição
permanece como está.
O negócio envolve troca de
ações. Os acionistas da Femsa
terão 20% da Heineken. A operação deve ser concluída no segundo trimestre.
A Femsa Cerveja chegou ao
país em 2006 com a compra da
Kaiser e tem perdido mercado.
Saiu de 8,7% em janeiro de
2007 para 7,2% em novembro
de 2009. O terceiro lugar foi
perdido para a Petrópolis. A segunda é a Schincariol.
A empresa já tinha parceria
com a Heineken, produzindo e
distribuindo a marca no país.
"A Femsa fez lançamentos que
não foram bem-sucedidos, como a Sol, e vem sofrendo com
uma maior agressividade da
concorrência", diz Rafael Cintra, analista da corretora Link.
A entrada da Heineken não
deve gerar impacto para a AmBev, líder com 70% de participação. As duas cervejarias já
competem entre si na Argentina e no Chile. "A Femsa é pequena se comparada à AmBev.
Mesmo se a Heineken chegasse
agressiva, comprando empresas, não chegaria perto de
ameaçar a liderança", diz Juliana Campos, da Ativa Corretora.
As cervejarias menores, porém, devem ficar alertas. "Sempre que entra um competidor
novo, ele dá uma agitada no
mercado", afirma o analista da
Link. "Se a Heineken vier com
inovação e aumentar os investimentos em marketing, as menores terão que se mexer."
Em relatório a clientes, o
Banco Barclays diz que, "apesar
do fraco desempenho relativo",
a Femsa Brasil é atraente para a
Heineken. "O lançamento da
marca Heineken é um dos poucos casos de sucesso da Femsa
Brasil", diz o relatório.
Entretanto, segundo executivos do setor, para crescer de
forma significativa no Brasil, a
Heineken terá de investir em
uma marca de massa. A Kaiser,
que poderia ser essa marca de
massa, está com as vendas em
queda. E, por questões que envolvem até a cor do vasilhame,
Sol (transparente) e Heineken
(verde) dificilmente vão virar
marcas de massa.
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