São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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Heineken compra Femsa, dona da Kaiser

Operação entre cervejarias holandesa e mexicana está avaliada em US$ 7,7 bi; distribuidora da Coca fica fora do negócio

Femsa, que também tem as marcas Bavaria e Sol, é a quarta em participação de mercado, com 7,2%, ante 70% da líder AmBev

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Heineken anunciou ontem a compra da divisão de cervejas da mexicana Femsa em uma operação avaliada em US$ 7,7 bilhões, incluindo dívidas de US$ 2,1 bilhões. A aquisição era a última chance que a cervejaria holandesa tinha de abocanhar uma fatia do mercado latino-americano, um dos que mais crescem no mundo.
Dona no Brasil das marcas Kaiser e Bavaria, a Femsa foi disputada pela SABMiller, mas esta teria desistido justamente por não querer a operação brasileira. Segundo a agência Reuters, que cita fontes não identificadas, a SABMiller teria ficado preocupada com o complexo esquema de distribuição da Femsa no país.
A empresa distribui suas cervejas no Brasil por meio de uma rede de franqueados que são, na maioria, também franqueados da Femsa Coca-Cola Brasil -que não entrou no negócio com a Heineken.
O comunicado distribuído ao mercado não fala sobre o futuro da distribuição no Brasil. Segundo a assessoria da empresa, "por enquanto" a distribuição permanece como está.
O negócio envolve troca de ações. Os acionistas da Femsa terão 20% da Heineken. A operação deve ser concluída no segundo trimestre.
A Femsa Cerveja chegou ao país em 2006 com a compra da Kaiser e tem perdido mercado. Saiu de 8,7% em janeiro de 2007 para 7,2% em novembro de 2009. O terceiro lugar foi perdido para a Petrópolis. A segunda é a Schincariol.
A empresa já tinha parceria com a Heineken, produzindo e distribuindo a marca no país. "A Femsa fez lançamentos que não foram bem-sucedidos, como a Sol, e vem sofrendo com uma maior agressividade da concorrência", diz Rafael Cintra, analista da corretora Link.
A entrada da Heineken não deve gerar impacto para a AmBev, líder com 70% de participação. As duas cervejarias já competem entre si na Argentina e no Chile. "A Femsa é pequena se comparada à AmBev. Mesmo se a Heineken chegasse agressiva, comprando empresas, não chegaria perto de ameaçar a liderança", diz Juliana Campos, da Ativa Corretora.
As cervejarias menores, porém, devem ficar alertas. "Sempre que entra um competidor novo, ele dá uma agitada no mercado", afirma o analista da Link. "Se a Heineken vier com inovação e aumentar os investimentos em marketing, as menores terão que se mexer."
Em relatório a clientes, o Banco Barclays diz que, "apesar do fraco desempenho relativo", a Femsa Brasil é atraente para a Heineken. "O lançamento da marca Heineken é um dos poucos casos de sucesso da Femsa Brasil", diz o relatório.
Entretanto, segundo executivos do setor, para crescer de forma significativa no Brasil, a Heineken terá de investir em uma marca de massa. A Kaiser, que poderia ser essa marca de massa, está com as vendas em queda. E, por questões que envolvem até a cor do vasilhame, Sol (transparente) e Heineken (verde) dificilmente vão virar marcas de massa.


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