São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Pesquisa vê ameaça de volta aos anos 80

Se o Brasil alcançar o "investment grade" (grau de investimento), terá um crescimento sustentável, baseado em inclusão social e destaque no cenário internacional. Se não alcançar, há duas possibilidades: viver uma espécie de "neocolonialismo" ou uma volta aos anos 80. As previsões são parte de pesquisa da consultoria global DBM Brasil.
Segundo a pesquisa, os três cenários são realidades plausíveis, mas não definitivas -elas podem ter suas características combinadas. Entre as conclusões, estão destacadas as mudanças notadas no mercado de trabalho.
No primeiro cenário, em que o país alcança o "investment grade", o modelo econômico favorece todos os setores interessantes para o mercado internacional -o agrobusiness e o biodiesel, entre outros. Ainda assim, há necessidade de investimentos em infra-estrutura.
Nesse caso, o mercado de trabalho é afetado pelas empresas locais, que devem estar prontas para agir com rapidez para formar e atrair profissionais que aproveitem o momento. Caso contrário, podem perder espaço e oportunidades de avanço em novos e atuais mercados.
O estudo explicita que as companhias que não estiverem preparadas para a situação criada pelo "investment grade" terão problemas para recrutar, integrar e capacitar as pessoas na velocidade necessária.
"Não ter pessoas certas na hora certa significará perder contratos e espaço no mercado", afirma Marcelo Cardoso, presidente da DBM América Latina.
Há ainda o risco de as instituições de ensino não conseguirem formar profissionais gabaritados a tempo, o que criaria um cenário muito competitivo. Nesse cenário, as companhias precisariam se preparar para reter talentos e criar outros atrativos, além dos monetários.
Se o Brasil não alcançar o grau de investimento, na melhor das hipóteses, será mantido um cenário muito próximo ao atual, marcado por crescimentos do PIB a taxas menores que as verificadas pelos demais países e pela definição de estratégias de negócio focadas no curto prazo.
Na pior das hipóteses, o país volta ao cenário dos anos 80, com uma política direcionada ao topo da pirâmide social, baixíssimo nível ético e destaque para pirataria e agiotagem.

NEGÓCIOS
O Sebrae abre hoje o fórum "A Nova Realidade para os Pequenos Negócios". O objetivo é debater a regulamentação e os efeitos da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e temas voltados para a sustentabilidade de pequenos negócios de São Paulo. Durante o lançamento, no auditório da Fecomercio-SP, serão empossados o novo presidente do conselho deliberativo, Fábio Meirelles, o novo diretor-superintendente, Ricardo Tortorella, o diretor administrativo e financeiro, Milton Dallari, e o diretor técnico, Paulo Arruda.

QUESTÃO DE FOCO
Delfim Netto, um dos nomes cotados para um cargo no governo, acha que há exagero nas críticas que vêm sendo feitas a Henrique Meirelles (BC). "Todo mundo tem o direito de discordar da política monetária, mas não se pode ser mal-educado", diz. Delfim afirma que há um problema maior do que os juros nessa discussão sobre o crescimento da economia. O mais grave, a seu ver, é a imensa carga tributária. O governo se apropria de 40% do valor adicionado das empresas. Ou seja, um montante que corresponde de três a quatro vezes a margem das empresas. "É um sorvedouro de recursos." A origem disso, segundo Delfim, é a "Constituição-cidadã", que criou um "welfare state" (estado de bem-estar) para um país de US$ 40 mil de renda per capita e não para um país de US$ 4.000 de renda per capita.

ÍNDIAS
A convite da Confederação das Indústrias da Índia, sete empresários brasileiros embarcam neste final de semana para Nova Déli, na primeira missão organizada pela CCBI (Câmara de Comércio Brasil-Índia).

BATE-BOLA

Para captar recursos no exterior a serem aplicados na formação de jogadores de futebol para o mercado internacional, a Fator Asset Management criou a Sport Investiments SCA, com sede em Luxemburgo, para lançar o Campus Pelé. O conceito é de uma "universidade do futebol". Os atletas terão, entre outros, cursos de idiomas, para o caso de mudança para outros países, medicina esportiva, psicologia, nutrição e informática. O projeto já consolidou acordos técnicos com o Paulista de Jundiaí, sua principal base no Brasil, e com o Lausanne da Suíça, porta de entrada para seus atletas na Europa. Pelé, além de ceder seu nome como marca, fará parte do comitê estratégico da Sport Investiments, que orientará a formação.

APOSTA EM DOBRO

A rede hoteleira Bourbon se prepara para crescer 100% neste ano, com projeto de construção de novas unidades e conversão da bandeira de algumas já existentes. "Vamos atuar nas principais capitais do país, principalmente no Nordeste, diz Sergio Rodolfo de Assis, diretor de negócios da rede, que existe há 43 anos e que atua na Argentina e em Cuba. O investimento para os novos hotéis gira em torno de R$ 52 milhões. Entre os projetos em negociação estão os de novas unidades em Puerto Iguazu, na Argentina, e em São Paulo, nas regiões da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini e do parque Ibirapuera. Há também o projeto de um resort, na cidade de Penha (SC). "Estamos investindo ainda em outro segmento, o de pousadas de charme, que são pequenas, mas bastante luxuosas", afirma Assis.


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