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Governo quer criar 2 fábricas de adubo em Minas e Paraná
BB e BNDES poderiam financiar plantas gerenciadas por cooperativas locais; ministro da Agricultura tem base no PR
Segundo estimativa do mercado, o investimento para erguer uma fábrica de misturadora de adubo seria de R$ 600 mi a R$ 800 mi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reação ao oligopólio
identificado no setor de fertilizantes, o governo federal quer
incentivar a criação de duas novas fábricas misturadoras no
país, uma em Mato Grosso e
outra no Paraná. A idéia é lançar um modelo inédito, uma
holding formada por todas as
principais cooperativas agrícolas dos dois Estados.
Segundo o Ministério da
Agricultura, a localização foi
decidida em razão do acesso ao
porto e à rede de distribuição
para lavouras no Sudeste/Sul e
no Centro-Oeste. O ministro da
Agricultura, Reinhold Stephanes, tem sua base no Paraná e é
deputado pelo PMDB.
As fábricas seriam controladas por cooperativas, por meio
de uma holding. Técnicos da
Agricultura já iniciaram os contatos para desenvolver os projetos, embora o assunto ainda
seja tratado como embrionário.
No caso do Mato Grosso, a
ação também tem a colaboração de produtores, interessados em baratear os custos de
produção. Segundo apurou a
Folha, a eventual holding misturadora de adubo do Estado
teria a participação de diversas
associações de produtores de
diversas lavouras. Os maiores
interessados são os plantadores de soja, cuja lavoura consome um terço dos fertilizantes
utilizado no país.
Na divisão geográfica, o Estado campeão de consumo de fertilizantes é São Paulo, com
16,87% do total, boa parte para
a cana. Em seguida, vêm Mato
Grosso (14,97%) e Minas Gerais (13,96%).
Em dezembro, foi descoberta
uma nova jazida de matéria-prima para a produção de adubo em Mato Grosso, mas ainda
não há informações sobre a viabilidade técnica de extração da
rocha fosfática no local. Governo e empresas têm interesse na
exploração da jazida.
Segundo o Ministério da
Agricultura, o objetivo das novas fábricas seria, entre cinco e
dez anos, tornar as cooperativas capazes de fornecer 40%
dos fertilizantes para a lavoura
das regiões, o que reduziria a
força do suposto oligopólio.
O crescimento da economia
chinesa e a inundação de minas
na Rússia ajudaram a elevar o
preço dos produtos nos últimos
meses, algo agravado pelo oligopólio, na avaliação da Agricultura. No caso do Paraná, por
exemplo, o cloreto de potássio
subiu de R$ 642,2 a tonelada,
em setembro de 2006, para R$
826,42, um ano depois. O sulfato de amônia saiu de R$ 465,37
para R$ 608,61, e o superfosfato
simples, de R$ 421,94 para R$
607,38, no mesmo período.
As cooperativas receberiam
dois tipos de ajuda do governo
federal. Primeiro, recursos para a construção da fábrica, que
poderiam sair do Banco do Brasil ou do BNDES por meio de linhas já existentes. Em segundo
lugar, os técnicos da Agricultura querem estimular o uso de
modelos de gestão presentes
nas empresas mais modernas,
evitando práticas comuns nas
cooperativas, como a nomeação de parentes para cargos importantes ou estratégicos.
Na avaliação do mercado, o
investimento inicial para a
construção de uma planta de
misturadora de adubo seria de
R$ 600 milhões a R$ 800 milhões, para ter produção significativa em oito anos.
Os fertilizantes mais consumidos no Brasil são o cloreto de
potássio (6,14 toneladas
anuais) e o ácido sulfúrico (5,3
milhões de toneladas anuais).
(IURI DANTAS)
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