São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Governo quer criar 2 fábricas de adubo em Minas e Paraná

BB e BNDES poderiam financiar plantas gerenciadas por cooperativas locais; ministro da Agricultura tem base no PR

Segundo estimativa do mercado, o investimento para erguer uma fábrica de misturadora de adubo seria de R$ 600 mi a R$ 800 mi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reação ao oligopólio identificado no setor de fertilizantes, o governo federal quer incentivar a criação de duas novas fábricas misturadoras no país, uma em Mato Grosso e outra no Paraná. A idéia é lançar um modelo inédito, uma holding formada por todas as principais cooperativas agrícolas dos dois Estados.
Segundo o Ministério da Agricultura, a localização foi decidida em razão do acesso ao porto e à rede de distribuição para lavouras no Sudeste/Sul e no Centro-Oeste. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, tem sua base no Paraná e é deputado pelo PMDB.
As fábricas seriam controladas por cooperativas, por meio de uma holding. Técnicos da Agricultura já iniciaram os contatos para desenvolver os projetos, embora o assunto ainda seja tratado como embrionário.
No caso do Mato Grosso, a ação também tem a colaboração de produtores, interessados em baratear os custos de produção. Segundo apurou a Folha, a eventual holding misturadora de adubo do Estado teria a participação de diversas associações de produtores de diversas lavouras. Os maiores interessados são os plantadores de soja, cuja lavoura consome um terço dos fertilizantes utilizado no país.
Na divisão geográfica, o Estado campeão de consumo de fertilizantes é São Paulo, com 16,87% do total, boa parte para a cana. Em seguida, vêm Mato Grosso (14,97%) e Minas Gerais (13,96%).
Em dezembro, foi descoberta uma nova jazida de matéria-prima para a produção de adubo em Mato Grosso, mas ainda não há informações sobre a viabilidade técnica de extração da rocha fosfática no local. Governo e empresas têm interesse na exploração da jazida.
Segundo o Ministério da Agricultura, o objetivo das novas fábricas seria, entre cinco e dez anos, tornar as cooperativas capazes de fornecer 40% dos fertilizantes para a lavoura das regiões, o que reduziria a força do suposto oligopólio.
O crescimento da economia chinesa e a inundação de minas na Rússia ajudaram a elevar o preço dos produtos nos últimos meses, algo agravado pelo oligopólio, na avaliação da Agricultura. No caso do Paraná, por exemplo, o cloreto de potássio subiu de R$ 642,2 a tonelada, em setembro de 2006, para R$ 826,42, um ano depois. O sulfato de amônia saiu de R$ 465,37 para R$ 608,61, e o superfosfato simples, de R$ 421,94 para R$ 607,38, no mesmo período.
As cooperativas receberiam dois tipos de ajuda do governo federal. Primeiro, recursos para a construção da fábrica, que poderiam sair do Banco do Brasil ou do BNDES por meio de linhas já existentes. Em segundo lugar, os técnicos da Agricultura querem estimular o uso de modelos de gestão presentes nas empresas mais modernas, evitando práticas comuns nas cooperativas, como a nomeação de parentes para cargos importantes ou estratégicos.
Na avaliação do mercado, o investimento inicial para a construção de uma planta de misturadora de adubo seria de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões, para ter produção significativa em oito anos.
Os fertilizantes mais consumidos no Brasil são o cloreto de potássio (6,14 toneladas anuais) e o ácido sulfúrico (5,3 milhões de toneladas anuais). (IURI DANTAS)


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