|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Xstrata não aceita oferta de US$ 76 bi da Vale, diz "FT"
Mineradora suíça quer valor superior em negócio que criaria maior empresa do setor
Valorização das ações da Xstrata nas últimas semanas estaria emperrando negócio; papéis da Vale no mesmo período tiveram leve baixa
DA REDAÇÃO
A mineradora suíça Xstrata
rejeitou a oferta de US$ 76 bilhões (cerca de 40 libras esterlinas por ação) feita pela brasileira Vale, de acordo com o "Financial Times". Segundo o jornal britânico, a empresa européia e a principal acionista, a
Glencore (que detém 35% de
participação), querem uma
proposta de 45 libras esterlinas
por ação para fechar o negócio
que criaria a maior empresa do
setor, superando a anglo-australiana BHP Billiton.
"Os preços por ação [desejados pelas empresas] não estão
se movendo na mesma direção", disse uma pessoa ligada às
negociações entre as duas mineradoras. "Essa é a grande
questão. Está criando uma série de desavenças e muito desconforto entre as duas partes."
Procurada, a Vale não comentou o assunto. No entanto
a Folha apurou que o preço
atravanca as negociações.
"As duas partes não estão
nem um pouco próximas de
um acordo", afirmou outra pessoa envolvida no negócio. Segundo ela, a Vale está próxima
de desistir da aquisição.
O grande problema nas negociações, diz o "Financial Times", é que as ações da Vale
não têm acompanhado a valorização dos papéis da Xstrata.
Desde que a empresa brasileira
confirmou o interesse pela
concorrente, em 21 de janeiro,
até a última sexta, suas ações
preferenciais retrocederam
quase 4% -ontem, subiram
4,58% na Bovespa. Já os papéis
da Xstrata, impulsionados pela
possibilidade do negócio, valorizaram-se em aproximadamente 15% nesse mesmo período -a queda ontem foi de 1,33%.
De acordo com o "Financial
Times", a Vale conseguiu US$
50 bilhões em financiamento
com bancos e o restante da
operação seria pago com ações
preferenciais da empresa brasileira. A Glencore e outros
grandes acionistas da Xstrata
teriam inicialmente aceitado a
proposta, mas recuado com a
diferença na valorização das
ações das duas empresas.
Nos últimos dias, surgiram
informações de que a russa Rusal, a maior produtora de alumínio do mundo, teria também
interesse na Xstrata.
Além dela, o Banco de Desenvolvimento da China e a estatal Chinalco (também do país
asiático), que recentemente
adquiriu participação na mineradora anglo-australiana Rio
Tinto, teriam interesse na
companhia suíça.
Governo brasileiro
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, afirmou na
semana passada que a operação
de compra da mineradora pela
Vale pode ser "compatível com
o interesse nacional" -manutenção do controle da empresa
nas mãos de brasileiros e dos
investimentos locais.
O banco está analisando o
mérito do negócio e as condições financeiras da operação a
pedido do presidente Lula. A
BNDESPar, braço financeiro
do banco, tem 9,5% do capital
total da Vale.
"Pelas características preliminares [do negócio] que nós
vimos, é perfeitamente compatível com essa preocupação do
governo, que é absolutamente
correta e legítima, de salvaguardar e ter certeza de que o
interesse nacional está sendo
preservado", disse Coutinho.
As declarações do presidente
do BNDES sinalizam um avanço nas conversas da empresa
com o governo. O presidente
Lula e a ministra-chefe da Casa
Civil, Dilma Rousseff, apresentaram resistências ao negócio.
O presidente Lula chegou a reclamar publicamente de que a
Vale investia pouco no Brasil.
Uma das principais preocupações do governo é que a compra
da Xstrata se tornasse sinônimo de investimentos menores
no Brasil.
No Planalto, há temor de que
a operação Vale-Xstrata seja o
primeiro passo de uma etapa
para que o controle da maior
empresa privada brasileira venha no futuro a ficar em poder
de estrangeiros. A empresa foi
privatizada em 1997 e, desde
então, só cresceu.
Para viabilizar a compra, o
presidente da Vale, Roger Agnelli, precisa do aval político de
Lula porque, além do BNDES,
fundos de pensão de estatais
têm participação na mineradora brasileira.
Texto Anterior: Correios têm plano para comprar a VarigLog Próximo Texto: Yahoo! recusa proposta da Microsoft Índice
|