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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Para LCA, crise no país não será
nem marola nem tsunami
A LCA descartou a hipótese
de recessão técnica para a economia brasileira neste início de
ano. A revisão das perspectivas
da consultoria, que acaba de ser
concluída, indica que, após ter
recuado 1,8% no último trimestre do ano, o PIB voltará a crescer neste trimestre, em um ritmo próximo a 0,5%. Para que se
caracterizasse a recessão técnica, seriam necessários dois trimestres consecutivos de encolhimento do PIB.
Entre os motivos para a revisão, estão indicadores como o
aumento da confiança do consumidor, a percepção de crescimento de encomendas à indústria feita a partir de sondagens
da Fiesp e o incremento na
concessão do crédito divulgado
pelo Banco Central. Ainda entram na conta o crescimento da
produção e das vendas na indústria automotiva em janeiro.
"Como a parada na economia
no quarto trimestre de 2008 foi
muito abrupta, imaginar um
primeiro trimestre de crescimento não é nenhum absurdo",
afirma Francisco Pessoa, economista da LCA.
Segundo ele, não é impossível imaginar que 2009 será, até
mesmo, um ano menos feio do
que o esperado. No segundo trimestre, diz ele, começarão a fazer efeito algumas iniciativas
do governo, como o aumento
do salário mínimo e da aposentadoria, bem como os pacotes
monetário e fiscal. Mais à frente, no segundo semestre, a LCA
espera que a economia mundial
comece a dar sinais de melhora.
"[A crise] não será nem marola nem tsunami", diz Pessoa.
"Podemos falar em um semidescolamento da economia
brasileira, porque há uma série
de fatores internos que nos
protegem um pouco."
Segundo a LCA, pela primeira vez, a política econômica doméstica tem raio de manobra
para adotar medidas anticíclicas, que reduzam os impactos
da crise externa no país. Entre
outros diferenciais, segundo
Pessoa, estão o fato de o sistema financeiro brasileiro ser sólido e de não ter havido destruição de riqueza, como nos EUA.
A consultoria estima que o
PIB brasileiro cresça 2,6% em
2009, um ponto percentual acima das projeções do boletim
Focus, do BC, de 1,7%, e acima
das de outras consultorias, que
preveem estagnação neste ano.
Na projeção anterior, a LCA
estimava crescimento de 2,8%
no PIB. O percentual foi reduzido em razão do recuo das exportações brasileiras. Com a
projeção de maior queda no
PIB americano (que passou de
1,1% para 1,5% no ano), a retração nas exportações do país
também aumenta. Cada ponto
percentual de queda nas exportações significa redução de 0,14
ponto percentual no crescimento do PIB.
"O grau de incerteza ainda é
enorme e haverá grandes disparidades setoriais e regionais
com relação à crise, mas podemos dizer que o fundo do poço
pode ter acontecido no fim de
2008", diz Pessoa.
PAPEL
O setor de papel e celulose
está em negociação com o
governo federal para a edição de medidas para enfrentar a crise econômica. Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Bracelpa (associação do setor), apresentou as
prioridades na área ao ministro Guido Mantega durante reunião na semana
passada: ampliação das linhas de financiamento para
as operações de pré-embarque de celulose, apoio nos
seguros de crédito para exportação e redução dos impostos dos investimentos.
Para o papel, o pleito é por
coibição do desvio de papel
declarado como imune e
ampliação dos programas
governamentais para aquisição de livros didáticos.
VIZINHANÇA
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, em visita
oficial ao Brasil, na segunda-
-feira, será recebido pelo
Grupo de Líderes Empresariais, em São Paulo. Uribe fará palestra sobre os cenários
da transformação econômica na Colômbia. Tony Jozane Amar, embaixador da Colômbia no Brasil, vai participar da mesa de debates.
SERPENTINA
O Camarote Bar Brahma
em São Paulo já movimentou R$ 5 milhões neste ano.
Serão atendidas cerca de
2.500 pessoas por noite no
espaço de 3.000 m2 no
Anhembi. O faturamento do
camarote está 20% maior,
na comparação com 2008.
EM CASA
Conhecida pelas peças de design internacional, a Micasa,
loja de decoração e design do empresário Houssein Jarouche, vai passar a vender trabalhos de artistas nacionais. A
estratégia, segundo Jarouche, adapta-se bem ao cenário econômico atual, mas faz parte de um plano maior, de incentivar o design brasileiro e potencializar a indústria de móveis
no Brasil. "Com a importação, o design fica inacessível e já
faz tempo que estamos querendo trabalhar essa ideia do design para todos os públicos", diz. A Micasa vai importar somente o que houver de muito especial no exterior. Jarouche
pretende propor ao IED (Instituto Europeo di Design) a
criação de um concurso para talentos brasileiros e está negociando um espaço em Milão onde serão apresentadas as
criações brasileiras em 2010.
NA TAÇA
Empresários americanos acabam de fundar no
Brasil a holding de bebidas A&M Corp., que será
presidida pelo brasileiro
Luiz Eduardo Arroxellas.
A empresa quer estimular
o consumo de vinhos
americanos, hoje raros no
país, e vai trazer mais de
150 rótulos, que reúnem
safras como o Cardinale
2004. A A&M Corp., que
já comprou a importadora
IVIX, de Vitória, tem na
mira outras empresas no
país, segundo Arroxellas.
Além de vinícolas americanas como Kendall Jackson, a empresa fechou
contratos com outras, de
países como Chile, França, Argentina e Portugal.
VAPOR
Angra 1 está se preparando para realizar a troca dos
geradores de vapor em março. A usina está desligada
desde o dia 24 de janeiro a
fim de se adaptar para receber a operação. Os antigos
geradores serão armazenados no DIGV (Depósito Inicial dos Geradores de Vapor), na própria Central Nuclear, em Angra dos Reis.
SALA DE AULA
O instituto Acende Brasil
está inaugurando uma nova
frente de atuação: a área de
cursos. O primeiro será
"Fundamentos do Setor Elétrico Brasileiro", ministrado
por professores da USP. A
expectativa é que a primeira
turma seja formada até abril.
ANGOLA
Carlos Fleury, diretor-
-executivo do Irib (Instituto
de Registro Imobiliário do
Brasil), participa, até sábado, em Luanda, de um grupo
de trabalho para contribuir
com um projeto de construção de 1 milhão de casas populares em Angola.
PRÉ-AGENDADO
A agência PeraltaStrawberryFrog do Brasil criou
uma campanha para a Quaker do México, na qual consumidores marcam, pela internet, encontros que acontecerão em 20 anos. Veiculada nos sete canais de TV do
país simultaneamente, a
campanha, que fala de qualidade de vida e longevidade,
irá agora à Colômbia.
com CRISTIANE BARBIERI (interina), JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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