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SERVIÇOS PÚBLICOS
Para o Idec, órgãos do governo federal não protegem os consumidores; nota média é de apenas 4,2
Agências têm avaliação "ruim", diz pesquisa
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As agências reguladoras não
cumprem o papel de proteger os
consumidores, não agem com
transparência ao tomar decisões
para fiscalizar e regulamentar o
setor em que atuam e precisam facilitar o acesso à informação e ao
emaranhado de leis que ainda
confundem os consumidores.
Esse é o resultado de uma pesquisa divulgada ontem pelo Idec
(Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor), que definiu, na
média, como "ruim" o serviço desempenhado por sete agências reguladoras e órgãos públicos. Em
uma escala de 0 a 10, a nota média
das entidades foi 4,2 (veja abaixo
como foi feito o levantamento).
Três entidades receberam nota
"muito ruim" -a ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar),
que atua na área de planos e seguros de saúde, a Secretaria de Defesa Agropecuária, que fiscaliza alimentos e produtos de origem animal e vegetal, e o Banco Central,
que regulamenta o setor financeiro. As notas foram, respectivamente, 2,7, 2,9 e 2,6.
A Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) teve desempenho "ruim", com nota 4,6. A
Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a Anvisa (Agência de
Vigilância Sanitária) e o Inmetro
(Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade
Industrial) tiveram seus serviços
considerados "regulares".
Até avaliação é difícil
A coordenadora técnica do
Idec, Marilena Lazzarini, disse
que até a entidade de defesa do
consumidor enfrentou dificuldades para avaliar os 40 critérios
pesquisados e consultar, por
exemplo, os sites das empresas.
No caso da ANS, o levantamento diz que os preços dos planos de
saúde são reajustados de forma
abusiva, que a agência não disponibiliza as informações de atas de
reuniões de conselhos e falta eficácia na fiscalização. O estudo
mostra que, dos R$ 46,6 milhões
aplicados em multas, apenas 0,5%
foi recolhido.
O estudo também aponta falhas
na fiscalização feita pela Secretaria de Defesa Agropecuária, que,
no entender do Idec, inspeciona
os produtos voltados para a exportação, mas não dá a mesma
atenção para os comercializados
no mercado interno.
"Só 50% de toda a carne e leite
produzidos no país têm controle
sanitário. No caso dos produtos
agrícolas, 22% apresentam resíduos acima do limite permitido",
disse Lazzarini.
No mercado financeiro, o BC é
omisso na proteção ao consumidor. Segundo o Idec, o site do órgão não permite que o consumidor acompanhe a evolução dos
preços das tarifas cobradas.
"O ranking de reclamações do
BC é tímido e desconhecido.
Além disso, o banco não tem controle das tarifas cobradas", afirmou a coordenadora do Idec.
Para o instituto, a Anatel tem
fiscalizado de forma "esporádica"
o setor de telefonia e aplicado punições irrisórias -com valores
que chegam a R$ 2. No caso do setor de energia, apesar de reconhecer o desempenho da Aneel em
realizar audiências públicas, a
pesquisa diz que a agência deveria
estabelecer regras de cobrança diferenciadas para a população de
baixa renda.
O governo Lula já divulgou que
pretende rever o papel das agências reguladoras. Para o Idec, a situação só vai melhorar se for criado o sistema nacional de defesa
do consumidor na área de serviços públicos e com uma legislação
que exija mais transparência desses órgãos.
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