DE BUENOS AIRES

O governo uruguaio anunciou ontem uma programa de reestruturação da dívida do país. O Banco Central trocará títulos que vencem até 2006 por papéis com prazo maior, com vencimento em 2012, numa operação que envolve cerca de US$ 3 bilhões.
Ontem, o presidente do Banco Central uruguaio, Julio de Brun, que anunciou a operação, se esforçou para explicar que a decisão não significava um calote da dívida. Ele disse que o país não deixará de pagar parcelas e juros da dívida que vencerem enquanto o governo prepara a troca, que, disse, será voluntária.
O governo uruguaio tenta evitar um calote desde o início do ano passado. A economia do país sofreu com as crises das duas maiores economias do Mercosul: a brasileira e a argentina.
No ano passado, o colapso da economia argentina levou os correntistas do país a sacar os recursos que mantinham nos bancos uruguaios. Quatro instituições quebraram e o sistema financeiro entrou em crise.
A economia uruguaia encolheu quase tanto quanto a argentina em 2002. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu mais de 10% e o desemprego chegou aos 20%.
O peso uruguaio perdeu 50% de seu valor em relação ao dólar e, como consequência, a dívida do governo, denominada na moeda norte-americana, explodiu.
No final de 2001, a dívida externa correspondia a pouco menos de 50% do PIB. Em 2002, a estimativa é que a relação entre dívida e PIB tenha superado os 100%.
De acordo com o presidente do BC, a operação de troca incluirá toda a dívida em moeda estrangeira emitida pelo governo. "O objetivo é reduzir a níveis manejáveis as necessidades de financiamento do Uruguai nos próximos anos", afirmou Brun.
(MARCELO BILLI)


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