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São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2003

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Ganhos do BNDES caem mais de 30% em 2002

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O lucro líquido do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) encolheu 31,5% em 2002, para R$ 549,569 milhões, contra R$ 802,485 milhões no ano anterior. Foi o pior resultado do banco desde 1995, quando o lucro havia sido de R$ 341 milhões.
A direção do BNDES, empossada em janeiro deste ano, não se pronunciou sobre o número obtido pela Folha e ainda não divulgado publicamente. O resultado significa que o banco estatal, que é praticamente a única fonte de empréstimos de longo prazo do país, teve um prejuízo de R$ 75,3 milhões no último trimestre de 2002.
De acordo com dados já divulgados, de janeiro a setembro de 2002 o banco havia acumulado um lucro líquido de R$ 624,8 milhões, com crescimento de 12,4% em relação ao mesmo período de 2001. Uma das hipóteses para a queda no lucro registrada no final do ano é a de que tenha havido aumento das provisões do banco para créditos duvidosos.
Foi no último trimestre do ano, por exemplo, que a possibilidade de inadimplência da AES Elpa, controladora da Eletropaulo, ficou evidente. A empresa conseguiu rolar para dezembro uma parcela de US$ 85 milhões que vencia em outubro. A parcela foi depois rolada para 31 de janeiro e, finalmente, a AES declarou-se inadimplente. O débito com o banco é de US$ 527 milhões.
No final de 2001, as provisões para risco de crédito do BNDES somavam R$ 1,709 bilhão. A principal fonte de recursos para empréstimos do banco é o Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Embora a diretoria do BNDES não tenha dado explicações sobre o número levantado pela Folha, o presidente do banco, Carlos Lessa, vem enfatizando que lucro não é a prioridade máxima de um banco de desenvolvimento.
Para Lessa, o mais importante é que o banco tenha recursos para financiar os projetos prioritários para o crescimento do país, ainda que isso não signifique descuidar-se das cautelas bancárias.
Mesmo as últimas gestões do BNDES, que enfatizaram a busca por bons negócios, tratavam o assunto da lucratividade com ressalva. Em novembro do ano passado, ao comentar o lucro acumulado até setembro, o então diretor da Área Financeira, Isac Zagury, disse que o resultado era compatível com a característica de banco de desenvolvimento do BNDES.
O indicador mais realçado, historicamente, pelo BNDES é o volume de recursos desembolsados para empréstimos. No ano passado, os empréstimos do banco bateram recorde em reais, alcançando R$ 31,4 bilhões, com um aumento de 24,5% em relação aos R$ 25,2 bilhões do ano anterior.
O BNDES emprestou também em 2002 R$ 6 bilhões extras para as empresas do setor elétrico. Esses empréstimos são computados à parte do total de desembolsos porque foram feitos via repasse de recursos do Tesouro Nacional.


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