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Ganhos do BNDES caem mais de 30% em 2002
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O lucro líquido do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) encolheu 31,5% em 2002, para R$
549,569 milhões, contra R$
802,485 milhões no ano anterior.
Foi o pior resultado do banco desde 1995, quando o lucro havia sido de R$ 341 milhões.
A direção do BNDES, empossada em janeiro deste ano, não se
pronunciou sobre o número obtido pela Folha e ainda não divulgado publicamente. O resultado
significa que o banco estatal, que é
praticamente a única fonte de empréstimos de longo prazo do país,
teve um prejuízo de R$ 75,3 milhões no último trimestre de 2002.
De acordo com dados já divulgados, de janeiro a setembro de
2002 o banco havia acumulado
um lucro líquido de R$ 624,8 milhões, com crescimento de 12,4%
em relação ao mesmo período de
2001. Uma das hipóteses para a
queda no lucro registrada no final
do ano é a de que tenha havido
aumento das provisões do banco
para créditos duvidosos.
Foi no último trimestre do ano,
por exemplo, que a possibilidade
de inadimplência da AES Elpa,
controladora da Eletropaulo, ficou evidente. A empresa conseguiu rolar para dezembro uma
parcela de US$ 85 milhões que
vencia em outubro. A parcela foi
depois rolada para 31 de janeiro e,
finalmente, a AES declarou-se
inadimplente. O débito com o
banco é de US$ 527 milhões.
No final de 2001, as provisões
para risco de crédito do BNDES
somavam R$ 1,709 bilhão. A principal fonte de recursos para empréstimos do banco é o Fundo de
Amparo ao Trabalhador.
Embora a diretoria do BNDES
não tenha dado explicações sobre
o número levantado pela Folha, o
presidente do banco, Carlos Lessa, vem enfatizando que lucro não
é a prioridade máxima de um
banco de desenvolvimento.
Para Lessa, o mais importante é
que o banco tenha recursos para
financiar os projetos prioritários
para o crescimento do país, ainda
que isso não signifique descuidar-se das cautelas bancárias.
Mesmo as últimas gestões do
BNDES, que enfatizaram a busca
por bons negócios, tratavam o assunto da lucratividade com ressalva. Em novembro do ano passado, ao comentar o lucro acumulado até setembro, o então diretor
da Área Financeira, Isac Zagury,
disse que o resultado era compatível com a característica de banco
de desenvolvimento do BNDES.
O indicador mais realçado, historicamente, pelo BNDES é o volume de recursos desembolsados
para empréstimos. No ano passado, os empréstimos do banco bateram recorde em reais, alcançando R$ 31,4 bilhões, com um aumento de 24,5% em relação aos
R$ 25,2 bilhões do ano anterior.
O BNDES emprestou também
em 2002 R$ 6 bilhões extras para
as empresas do setor elétrico. Esses empréstimos são computados
à parte do total de desembolsos
porque foram feitos via repasse de
recursos do Tesouro Nacional.
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