|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEFONIA
Anatel ameaça até suspender novas linhas após queixas terem subido 41% em janeiro em relação a janeiro de 2004
Operadora de celular terá mais fiscalização
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A piora na qualidade dos serviços prestados pelas operadoras de
celular levou a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) a
aumentar a fiscalização e divulgar
lista com as operadoras que mais
recebem reclamações. As empresas têm 15 dias para melhorar o
atendimento. Se isso não acontecer, a agência reguladora poderá
impedir a habilitação de novos
aparelhos. A piora dos serviços
está relacionada à explosão das
vendas de celulares.
"Elas [operadoras] não estão
preparadas para atender a demanda", disse Elifas Gurgel, presidente interino da agência reguladora. "Do ponto de vista técnico, elas estão razoavelmente preparadas. Do ponto de vista do
atendimento, não se prepararam
adequadamente", afirmou. Segundo ele, as empresas fazem
promoções, vendem muitos aparelhos, mas não se preparam para
atender os consumidores.
Para a Anatel, as principais
queixas não estão relacionadas ao
funcionamento técnico do aparelho, mas a questões de atendimento: cobranças indevidas ou
erro em conta, mau atendimento,
bloqueio indevido da linha, cancelamento do serviço e não-cumprimento de cláusulas contratuais
(como concessão de bônus).
A Anatel informou que recebeu
25.726 reclamações contra empresas de celulares em janeiro,
um aumento de 41% em relação
às reclamações feitas em janeiro
do ano passado, quando foram
registradas 18.243 reclamações.
O ranking divulgado pela Anatel para janeiro mostra a Brasil Telecom GSM, que começou a operar em 2004, com a empresa que
mais recebeu reclamações. Em segundo vem a Claro. Empatados
em terceiro lugar estão Vivo, TIM
e Oi. A empresa com menos reclamações foi a Sercomtel, que atente moradores de Londrina (PR). A
agência não divulgou o número
de reclamações por operadora,
mas informou que ponderou reclamações versus número de
clientes.
A taxa de reclamação para cada
mil telefones habilitados aumentou 107,14% de 2003 para 2004, segundo a agência. O indicador registrou índice de 0,14 em 2003 e
0,29 em 2004, ano em que a central central de atendimento da
Anatel recebeu 186,8 mil queixas.
Gurgel disse que a agência está
fazendo um estudo para modificar as metas de qualidade impostas às operadoras. O objetivo é
que as metas fiquem mais aderentes às expectativas dos usuários.
Além disso, a agência continua
estudando a "portabilidade" do
números de celular: ou seja, a possibilidade de obrigar as empresas
a permitir que os usuários mantenham o seu número mesmo mudando de operadora.
Em 2004, o número de celulares
chegou a 65,6 milhões, um crescimento de 41,47% em relação ao
ano anterior, com acréscimo de
19,2 milhões de aparelhos. Atualmente, esse número já é de cerca
de 66 milhões, dos quais cerca de
76% no sistema pré-pago.
O crescimento da telefonia celular contrasta com o cenário de estagnação da telefonia fixa. Existem aproximadamente 50 milhões de linhas fixas instaladas,
número que está praticamente
inalterado desde o final de 2003.
Desse total, no entanto, apenas
cerca de 39,5 milhões estão em
operação. Muitos usuários pedem
desligamento do telefone ou nem
sequer solicitam a ligação da linha
por causa da assinatura mensal,
de aproximadamente R$ 35.
Outro lado
O presidente da Acel (Associação Nacional das Operadoras de
Celular), Amadeo Castro, avalia
que não há um problema generalizado de mau atendimento aos
clientes nas operadoras.
Pare ele, o crescimento acentuado do mercado levou pessoas que
não estavam acostumadas com
telefonia móvel a ter celulares. Esses usuários novos não estariam
familiarizados com as tecnologias
e funcionamento do serviço e, por
isso, o número de reclamações estaria crescendo. Ainda segundo
Castro, as empresas também estão aprendendo a lidar com os
novos clientes e suas demandas.
"Só no Natal, foram 3 milhões
de novos aparelhos. Sempre depois de vendas muito grandes, aumentam as reclamações. Depois,
esse número se estabiliza", disse.
A Brasil Telecom GSM, líder do
ranking criado pela Anatel, informou que está melhorando seus
indicadores desde que entrou no
mercado. Procuradas, as operadoras Vivo, TIM e Oi afirmaram
que não comentariam o assunto.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Relações perigosas: Acordo permite que Dantas fique com teles Índice
|