|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bancos batem recorde de rentabilidade
Em 2006, as 104 instituições que atuam no país lucraram R$ 33,4 bi, o que representa retorno de 22,9% sobre o patrimônio líquido
Receita com tarifas e com juros impulsiona resultado
dos bancos, enquanto gasto
com funcionários cresce
em proporção menor
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda dos juros ocorrida
nos últimos meses não impediu
os bancos de baterem recorde
de rentabilidade pelo segundo
ano consecutivo. Em 2006, os
ganhos alcançados pelas 104
instituições financeiras que
atuam no Brasil somaram R$
33,4 bilhões, o que representa
um retorno de 22,9% sobre o
patrimônio líquido do setor.
A rentabilidade é um relevante dado sobre o potencial de
retorno de uma instituição. O
índice mostra o quanto o banco
consegue lucrar em relação a
seu patrimônio.
Os números estão nos balanços que os bancos enviaram ao
Banco Central no início deste
ano. Segundo esses documentos, o lucro total dos bancos havia sido de R$ 28,3 bilhões em
2005, o que correspondia a
uma rentabilidade de 22,6%.
O levantamento considera
apenas os resultados obtidos
pelas instituições financeiras
propriamente ditas. Negócios
como cartões de crédito, seguros, previdência privada e consórcios não são incluídos.
O BC mantém em sua base de
dados as demonstrações financeiras entregues entre 1996 e
2006. No período, em apenas
três anos o retorno sobre o patrimônio líquido do setor bancário como um todo ultrapassou 20%: 2002, 2005 e 2006.
Tarifas
Os balanços mostram que, de
1996 para cá, a receita obtida
com tarifas bancárias foi um
dos itens que mais subiram,
ajudando a impulsionar os ganhos do setor. Em 1996, esse tipo de cobrança proporcionou
aos bancos um faturamento de
R$ 12,1 bilhões. No ano passado, o valor havia pulado para R$
47,5 bilhões -alta de 293%.
Não é possível dizer se esse
crescimento se deve a reajustes
nas tarifas ou a um aumento no
número de clientes dos bancos.
De qualquer forma, a receita
com tarifas registrou um aumento bem superior, por
exemplo, aos gastos com o pagamento de funcionários.
Em 1996, ainda segundo os
balanços entregues ao BC, os
bancos gastaram R$ 24,9 bilhões com suas folhas de pagamento. No ano passado, esse
valor havia passado para R$
38,7 bilhões, variação de 55%.
Nesse período, a inflação (IPCA) foi de 92,7%.
Esses números mostram a
melhora num dos índices usados para medir a eficiência dos
bancos, o chamado "índice de
cobertura", que é a parcela da
folha de pagamentos que poderia ser coberta apenas com o dinheiro arrecadado com as tarifas. Entre 1996 e 2006, esse índice subiu de 48% para 123%.
Já as receitas dos bancos com
juros, tanto de operações de
crédito quanto de investimentos em títulos públicos, subiram mais de 100% nos últimos
11 anos. Os números mostram
que a trajetória de queda das taxas observada recentemente
não impediu os bancos de manterem elevados ganhos nesse
tipo de operação.
Segundo as demonstrações
financeiras, o faturamento alcançado pelo setor com juros
de empréstimos chegou a R$
152,3 bilhões no ano passado,
137% a mais do que em 1996.
No caso das aplicações em títulos, as receitas somaram R$
87,8 bilhões, aumento de 119%.
Bancos quebrados
É preciso considerar, porém,
que os balanços mais antigos
coletados pelo BC têm a influência de muitos bancos que
enfrentavam dificuldades financeiras e sofriam com prejuízos bilionários, o que reduzia o lucro médio do setor.
O Banco do Brasil, por exemplo, fechou 1996 com perdas de
R$ 7,5 bilhões, conseqüência
do grande volume de créditos
podres que se acumulava na
sua carteira. Somente depois de
uma injeção de R$ 8 bilhões
vinda do Tesouro Nacional é
que o BB conseguiu se recuperar e voltar a dar lucro.
Em 1997, foi a vez do Bamerindus, que registrou prejuízo
de R$ 1,7 bilhão no seu último
ano de operação antes de, socorrido pelo Proer (programa
de reestruturação de bancos
privados), ser adquirido, pelo
HSBC.
O último grande socorro oficial a bancos ocorreu em 2001,
quando o governo federal promoveu uma grande restruturação das instituições financeiras
controladas pelo Tesouro. O
principal alvo da ajuda era a
Caixa Econômica Federal, que
naquele ano teve um prejuízo
de R$ 4,7 bilhões. Foi preciso
uma ajuda de R$ 9,4 bilhões dos
cofres públicos para que o banco voltasse a operar no azul.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Bradesco volta ao topo no ranking do BC Índice
|