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Foco
Alta do real faz produtora de papel de jornal cancelar investimento
DA REPORTAGEM LOCAL
A valorização do real ajuda
o governo a segurar a inflação, e as empresas, a importar bens de capital, as máquinas e equipamentos usados
na produção, por preços menores. Porém a moeda excessivamente fortalecida tem
efeito negativo maior do que
apenas prejudicar exportações, dizem os especialistas.
Na semana passada, a
Norske Scog Pisa, única produtora de papel de jornal
presente no país, anunciou a
suspensão de investimentos
na duplicação de sua fábrica.
Um dos motivos foi que a valorização excessiva do real
inviabilizou o projeto, orçado e planejado em dólares.
"Assim que o projeto apresentar rentabilidade adequada, voltaremos a apresentá-lo ao conselho", diz
Antonio Dias Junior, responsável pelas operações da
Norske Scog Pisa. "Mas, com
o atual cenário, a expansão
tornou-se inviável."
Planejado com o dólar a
R$ 2,25, o projeto custaria
US$ 210 milhões e permitiria à empresa dobrar sua capacidade. Hoje, ele sairia por
US$ 380 milhões. Depois de
gastar US$ 80 milhões na
obra e em máquinas no ano
passado, tudo foi suspenso.
"Além da desvalorização
[do dólar], o custo da obra
subiu muito pela inflação de
serviços e matérias-primas,
com o aquecimento da economia", diz. "Também enfrentamos dificuldades em
resolver questões de ICMS."
O custo da valorização excessiva da moeda, no entanto, teve maior impacto. "O
bem de capital mais barato é
apenas um entre os custos de
uma obra", diz Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "Gastos
com construção, equipamentos e mão-de-obra têm
seus custos em dólar ampliados com a valorização."
Além disso, diz ele, o câmbio barateia os bens de capital importados, mas prejudica os produtores nacionais.
(CRISTIANE BARBIERI)
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