São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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Alta do real faz produtora de papel de jornal cancelar investimento

DA REPORTAGEM LOCAL

A valorização do real ajuda o governo a segurar a inflação, e as empresas, a importar bens de capital, as máquinas e equipamentos usados na produção, por preços menores. Porém a moeda excessivamente fortalecida tem efeito negativo maior do que apenas prejudicar exportações, dizem os especialistas.
Na semana passada, a Norske Scog Pisa, única produtora de papel de jornal presente no país, anunciou a suspensão de investimentos na duplicação de sua fábrica. Um dos motivos foi que a valorização excessiva do real inviabilizou o projeto, orçado e planejado em dólares.
"Assim que o projeto apresentar rentabilidade adequada, voltaremos a apresentá-lo ao conselho", diz Antonio Dias Junior, responsável pelas operações da Norske Scog Pisa. "Mas, com o atual cenário, a expansão tornou-se inviável."
Planejado com o dólar a R$ 2,25, o projeto custaria US$ 210 milhões e permitiria à empresa dobrar sua capacidade. Hoje, ele sairia por US$ 380 milhões. Depois de gastar US$ 80 milhões na obra e em máquinas no ano passado, tudo foi suspenso.
"Além da desvalorização [do dólar], o custo da obra subiu muito pela inflação de serviços e matérias-primas, com o aquecimento da economia", diz. "Também enfrentamos dificuldades em resolver questões de ICMS."
O custo da valorização excessiva da moeda, no entanto, teve maior impacto. "O bem de capital mais barato é apenas um entre os custos de uma obra", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "Gastos com construção, equipamentos e mão-de-obra têm seus custos em dólar ampliados com a valorização."
Além disso, diz ele, o câmbio barateia os bens de capital importados, mas prejudica os produtores nacionais.
(CRISTIANE BARBIERI)

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