São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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Exportações chinesas têm maior queda desde 1998

Vendas externas do país caem pelo 4º mês seguido

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

As exportações chinesas tiveram em fevereiro a maior retração desde 1998: 25,7%, ante o mesmo mês do ano passado. Foi o quarto recuo consecutivo. As importações caíram 24,1%.
O setor exportador chinês é o mais importante motor de crescimento da economia chinesa após os investimentos em infraestrutura e propriedades. O governo afirma que o PIB chinês crescerá 8% neste ano, mas vários economistas apontam que será entre 5% e 6%, o pior número da década.
As exportações já haviam caído 17,5% em janeiro. A queda é mais grave que a prevista por analistas e poderia ser ainda maior, pois o feriado do Ano Novo Chinês paralisou vários dias de fevereiro de 2008. A base de comparação já era baixa.
O gigante asiático é o segundo maior mercado para produtos brasileiros. A exportação brasileira para a China chegou em 2008 a US$ 16 bilhões, 90% dos quais com vendas de soja, ferro e derivados, tabaco e óleos brutos de petróleo.
A China é o segundo maior exportador do mundo, superada apenas pela Alemanha.
Os embarques chineses em fevereiro foram de US$ 64,90 bilhões, e as importações, de US$ 60,54 bilhões. O superávit chinês na balança comercial foi de US$ 4,36 bilhões, queda de 89% ante o resultado de janeiro, de US$ 39,1 bilhões.
O superávit menor pode ajudar a China a se defender de acusações de dumping e de manter a moeda subvalorizada.
"As reservas internacionais chinesas também devem cair, com o encolhimento do superávit comercial, com o declínio de investimentos diretos e com a saída de capitais", escreveu em relatório o economista Ben Simpfendorfer, do Royal Bank of Scotland, em Hong Kong.
Com dólares excedentes, a China se tornou o principal credor dos EUA, comprando títulos do Tesouro americano.
A queda nas importações, porém, diminuiu. Se em janeiro a redução foi de 43% em relação ao mesmo mês do ano passado, em fevereiro foi de 24%. Para analistas, algumas medidas para reanimar a economia chinesa começam a ter impacto.
Outra boa notícia, que acontece após a expansão de crédito determinada pelo banco central, após cinco cortes na taxa de juros, é que os investimentos em propriedades fixas (imóveis, máquinas) no primeiro bimestre cresceram 26,5% ante igual período de 2008.
A venda de carros subiu 19% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, com vendas de 859 mil unidades. Desde janeiro, o imposto para aquisição de veículos com capacidade menor foi reduzido de 10% a 5%.
Até o ano passado, o discurso do governo era o de priorizar a exportação de produtos de alto valor agregado e deixar de apoiar as indústrias mais poluidoras, de baixo valor agregado e que oferecem baixos salários, como têxteis e calçados.
Esses setores estavam se mudando para o interior e para outros países pelo encarecimento da mão-de-obra chinesa e da moeda, o yuan. Mas, com 20 milhões de novos desempregados apenas no ano passado, o governo passou a oferecer restituição fiscal aos exportadores e mais incentivos para tentar salvar empresas.


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