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Exportações chinesas têm maior queda desde 1998
Vendas externas do país caem pelo 4º mês seguido
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
As exportações chinesas tiveram em fevereiro a maior retração desde 1998: 25,7%, ante o
mesmo mês do ano passado.
Foi o quarto recuo consecutivo.
As importações caíram 24,1%.
O setor exportador chinês é o
mais importante motor de
crescimento da economia chinesa após os investimentos em
infraestrutura e propriedades.
O governo afirma que o PIB
chinês crescerá 8% neste ano,
mas vários economistas apontam que será entre 5% e 6%, o
pior número da década.
As exportações já haviam caído 17,5% em janeiro. A queda é
mais grave que a prevista por
analistas e poderia ser ainda
maior, pois o feriado do Ano
Novo Chinês paralisou vários
dias de fevereiro de 2008. A base de comparação já era baixa.
O gigante asiático é o segundo maior mercado para produtos brasileiros. A exportação
brasileira para a China chegou
em 2008 a US$ 16 bilhões, 90%
dos quais com vendas de soja,
ferro e derivados, tabaco e
óleos brutos de petróleo.
A China é o segundo maior
exportador do mundo, superada apenas pela Alemanha.
Os embarques chineses em
fevereiro foram de US$ 64,90
bilhões, e as importações, de
US$ 60,54 bilhões. O superávit
chinês na balança comercial foi
de US$ 4,36 bilhões, queda de
89% ante o resultado de janeiro, de US$ 39,1 bilhões.
O superávit menor pode ajudar a China a se defender de
acusações de dumping e de
manter a moeda subvalorizada.
"As reservas internacionais
chinesas também devem cair,
com o encolhimento do superávit comercial, com o declínio
de investimentos diretos e com
a saída de capitais", escreveu
em relatório o economista Ben
Simpfendorfer, do Royal Bank
of Scotland, em Hong Kong.
Com dólares excedentes, a
China se tornou o principal
credor dos EUA, comprando títulos do Tesouro americano.
A queda nas importações, porém, diminuiu. Se em janeiro a
redução foi de 43% em relação
ao mesmo mês do ano passado,
em fevereiro foi de 24%. Para
analistas, algumas medidas para reanimar a economia chinesa começam a ter impacto.
Outra boa notícia, que acontece após a expansão de crédito
determinada pelo banco central, após cinco cortes na taxa
de juros, é que os investimentos em propriedades fixas
(imóveis, máquinas) no primeiro bimestre cresceram 26,5%
ante igual período de 2008.
A venda de carros subiu 19%
no primeiro bimestre deste ano
em relação ao mesmo período
do ano passado, com vendas de
859 mil unidades. Desde janeiro, o imposto para aquisição de
veículos com capacidade menor foi reduzido de 10% a 5%.
Até o ano passado, o discurso
do governo era o de priorizar a
exportação de produtos de alto
valor agregado e deixar de
apoiar as indústrias mais poluidoras, de baixo valor agregado e
que oferecem baixos salários,
como têxteis e calçados.
Esses setores estavam se mudando para o interior e para outros países pelo encarecimento
da mão-de-obra chinesa e da
moeda, o yuan. Mas, com 20
milhões de novos desempregados apenas no ano passado, o
governo passou a oferecer restituição fiscal aos exportadores
e mais incentivos para tentar
salvar empresas.
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