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Movimento nos portos cai pela 1ª vez em 10 anos
Setor de carga geral, que inclui café e aves, teve a maior queda
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A movimentação nos portos
caiu 4,61% no ano passado em
relação a 2008 -a primeira
queda registrada desde 1999. A
movimentação de granéis sólidos (principalmente minério)
caiu 5,91%, e a de carga geral
(contêineres), 9,32%. Na avaliação do governo e do setor
privado, a crise internacional
foi responsável pelos números.
Segundo análise da Antaq
(Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o impacto
da crise na movimentação portuária já era esperado. Para os
técnicos, a forte retração no comércio internacional e as restrições de crédito não teriam
como deixar de alcançar os portos no ano passado.
A queda mais significativa
aconteceu no segmento de carga geral, que é transportada em
contêineres. Usam esse tipo de
transporte principalmente
produtos plásticos, carnes congeladas de aves e café.
Também chamou a atenção a
"expressiva queda na movimentação de minério de ferro",
que caiu de 279,8 milhões de
toneladas para 268 milhões de
toneladas. O minério de ferro
representa 36,6% de toda a movimentação de carga.
"Nós vínhamos em um ritmo
de crescimento forte, de aproximadamente 7,5% ao ano. A
crise afetou principalmente os
Estados Unidos e países europeus, que importam produtos
brasileiros", disse Fernando
Fialho, presidente da Antaq.
Para ele, a movimentação
nos portos reflete exatamente
o efeito da crise financeira internacional, tanto no exterior
quanto no Brasil. "A queda
maior foi na movimentação de
contêineres, nos quais são embarcadas mercadorias que vão
para países onde a crise foi mais
forte e, portanto, houve redução de demanda", disse.
Ainda segundo Fialho, o reflexo mais ameno da crise no
Brasil também está nos números: a navegação de cabotagem
(entre portos brasileiros ao
longo da costa) não foi afetada,
tendo até aumentado em 1,7% o
volume de carga transportada
em 2009. Já a navegação de
longo curso, para outros países,
transportou 6,5% menos.
Os números de 2009 indicam
que a movimentação de carga
está concentrada em quatro
grandes portos: Santos-SP
(12,57%), Vitória-ES (7,39%),
Rio Grande-RS (7,34%) e Paranaguá-PR (5,65%).
Oportunidade
Na avaliação do setor privado, a redução de movimento
nos portos pode representar
uma oportunidade. "Isso dá
tempo ao governo de fazer alguma coisa a respeito da situação dos portos, que precisam
ser modernizados", disse José
de Freitas Mascarenhas, presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI (Confederação
Nacional da Indústria).
Os terminais de uso privativo
também tiveram redução de
movimentação, mas em menor
proporção. Os terminais privados movimentaram 473 milhões de toneladas de carga em
2009, 4,29% a menos do que
em 2008. Já nos portos públicos a queda foi de 5,18%.
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