São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

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Movimento nos portos cai pela 1ª vez em 10 anos

Setor de carga geral, que inclui café e aves, teve a maior queda

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A movimentação nos portos caiu 4,61% no ano passado em relação a 2008 -a primeira queda registrada desde 1999. A movimentação de granéis sólidos (principalmente minério) caiu 5,91%, e a de carga geral (contêineres), 9,32%. Na avaliação do governo e do setor privado, a crise internacional foi responsável pelos números.
Segundo análise da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o impacto da crise na movimentação portuária já era esperado. Para os técnicos, a forte retração no comércio internacional e as restrições de crédito não teriam como deixar de alcançar os portos no ano passado.
A queda mais significativa aconteceu no segmento de carga geral, que é transportada em contêineres. Usam esse tipo de transporte principalmente produtos plásticos, carnes congeladas de aves e café.
Também chamou a atenção a "expressiva queda na movimentação de minério de ferro", que caiu de 279,8 milhões de toneladas para 268 milhões de toneladas. O minério de ferro representa 36,6% de toda a movimentação de carga.
"Nós vínhamos em um ritmo de crescimento forte, de aproximadamente 7,5% ao ano. A crise afetou principalmente os Estados Unidos e países europeus, que importam produtos brasileiros", disse Fernando Fialho, presidente da Antaq.
Para ele, a movimentação nos portos reflete exatamente o efeito da crise financeira internacional, tanto no exterior quanto no Brasil. "A queda maior foi na movimentação de contêineres, nos quais são embarcadas mercadorias que vão para países onde a crise foi mais forte e, portanto, houve redução de demanda", disse.
Ainda segundo Fialho, o reflexo mais ameno da crise no Brasil também está nos números: a navegação de cabotagem (entre portos brasileiros ao longo da costa) não foi afetada, tendo até aumentado em 1,7% o volume de carga transportada em 2009. Já a navegação de longo curso, para outros países, transportou 6,5% menos.
Os números de 2009 indicam que a movimentação de carga está concentrada em quatro grandes portos: Santos-SP (12,57%), Vitória-ES (7,39%), Rio Grande-RS (7,34%) e Paranaguá-PR (5,65%).

Oportunidade
Na avaliação do setor privado, a redução de movimento nos portos pode representar uma oportunidade. "Isso dá tempo ao governo de fazer alguma coisa a respeito da situação dos portos, que precisam ser modernizados", disse José de Freitas Mascarenhas, presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Os terminais de uso privativo também tiveram redução de movimentação, mas em menor proporção. Os terminais privados movimentaram 473 milhões de toneladas de carga em 2009, 4,29% a menos do que em 2008. Já nos portos públicos a queda foi de 5,18%.


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