São Paulo, quinta, 12 de março de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice CRISE ASIÁTICA FMI pretende autorizar subsídios na compra de alimentos para minimizar os efeitos da crise no país Indonésia poderia subsidiar importação
das agências internacionais O FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou ontem a intenção de permitir que a Indonésia conceda subsídios à importação de produtos alimentícios, o que ajudaria a minimizar os efeitos da crise econômica junto à população. O anúncio foi feito pelo diretor-adjunto do FMI, Stanley Fischer, à rede de TV norte-americana "CNN". "Gostaríamos de permitir a importação de alimentos por preços mais baratos, em virtude dos problemas sociais existentes na Indonésia causados pela crise", disse Fischer. A Indonésia havia divulgado que daria subsídios à importação de produtos como açúcar, arroz, trigo e milho para abastecer o mercado local. Tecnicamente, o FMI é contrário à concessão de subsídios -desta vez, estaria sendo mais tolerante por se tratar da compra de alimentos. A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, com cerca de 200 milhões de habitantes, enfrenta sua pior seca em 50 anos. Estima-se que a escassez de alimentos já tenha causado a morte de mil pessoas. Analistas interpretaram a declaração do diretor-adjunto como um gesto reconciliatório do FMI, que suaviza, assim, o clima de tensão que começou a se estabelecer desde que o presidente Suharto anunciou o plano de adotar um câmbio fixo para estabilizar a rupia, a moeda local. Além da insistência em criar um câmbio fixo, o presidente Suharto não está cumprindo o programa de reformas definido com o FMI em janeiro passado. Pelo acordo, Suharto teria de eliminar monopólios e subsídios e fechar bancos em dificuldades. A reforma afetaria particularmente os negócios de familiares, amigos e aliados políticos do presidente indonésio, que controlam a maior parte da economia local. O descumprimento do programa de reformas fez o FMI anunciar formalmente, na última sexta-feira, a suspensão do envio de US$ 3 bilhões dos US$ 43 bilhões de ajuda financeira ao país. Como resposta, Suharto disse domingo que o plano de reformas exigido pelo FMI -e com o qual se comprometera em janeiro- contrariava a Constituição. Desde o último final de semana, outros parceiros do FMI no pacote indonésio, como o Banco Mundial e o Japão, anunciaram a possibilidade de também cancelar suas remessas. Protestos Suharto, 76, há 32 no poder, foi nomeado na terça-feira para o seu sétimo mandato de cinco anos. Ontem, foi confirmado o nome de Bacharuddin Jusuf Habibie, 62, até então ministro de Tecnologia, para o cargo de vice-presidente. Estudantes de todo o país voltaram a realizar ontem manifestações contra o governo. Ao menos 12 estudantes ficaram feridos em confrontos com a polícia local. Em seu discurso de posse, o presidente indonésio disse que a população deveria "apertar os cintos" por causa da crise econômica. A dívida externa do país está acima dos US$ 140 bilhões. A rupia acumula desvalorização de mais de 70% em relação ao dólar desde julho passado, quando começou a crise asiática. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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