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Equipe econômica teme efeitos sobre a inflação se outras categorias tiverem aumento como os metalúrgicos
Reajuste de salários já preocupa governo
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, manifestou preocupação com o aumento de 10%
concedido a título de antecipação
salarial por várias empresas metalúrgicas de São Paulo.
O temor de Palocci é de outras
categorias seguirem o exemplo
dos metalúrgicos paulistas e isso
representar a volta da inércia inflacionária. No acordo, os metalúrgicos paulistas conseguiram o
repasse da inflação passada do período de novembro de 2002 a fevereiro deste ano.
O assunto já foi tema de discussão no Palácio do Planalto e o governo deverá pedir ao Ministério
do Trabalho para ficar mais atento às negociações salariais. O objetivo é evitar a reprodução em
outras categorias do que ocorreu
com os metalúrgicos paulistas.
De acordo com o que a Folha
apurou, pessoas do núcleo duro
do governo petista acha m que
houve uma certa passividade do
ministro do Trabalho, Jacques
Wagner, nesse caso da negociação salarial dos metalúrgicos paulistas.
O governo irá discutir, nos próximos dias, formas para que os
Ministérios da Fazenda e do Trabalho tenham atuação de forma
mais articulada para evitar o descompasso que houve nesse caso.
A equipe econômica do governo Lula acha que o Ministério do
Trabalho deveria ter sido mais
atuante na negociação salarial dos
metalúrgicos.
Sem participação
Procurado pela Folha, a assessoria de Jacques Wagner informou que o Ministério do Trabalho não ficou desatento à negociação salarial dos metalúrgicos paulistas. De acordo com a assessoria
de Wagner, o que ocorreu foi que
a Força Sindical, ligada aos metalúrgicos paulistas, não quis a participação do Ministério do Trabalho na negociação.
O Banco Central também ficou
incomodado com o acordo salarial dos metalúrgicos paulistas. O
reajuste pode ser mais um fator de
manutenção da política de restrição monetária. O receio do Banco
Central é de a propagação de
acordos salariais como esses provocarem uma bolha inflacionária
na economia.
Pelo diagnóstico de membros
da equipe econômica, pode-se
prever que dificilmente o Banco
Central irá diminuir os juros na
próxima reunião do Copom. A
tendência é de manutenção ou até
aumento dos juros básicos da
economia, atualmente em 26,5%
ao ano.
A taxa de 1,23% da inflação de
março medida pelo IPCA demonstra claramente, na opinião
da equipe econômica, que ainda
não cessou o o repasse de preços
provocado pela explosão do dólar
no ano passado.
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