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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Ministro propõe fim de indexador a partir de 2006
Miro quer preços livres na telefonia
ANA PAULA GRABOIS
DA FOLHA ONLINE
Os novos contratos de telefonia
fixa do país, a vigorar de 2006 a
2026, não terão mais nenhum tipo
de indexador para reajuste de tarifas, segundo o ministro das Comunicações, Miro Teixeira.
As tarifas dos contratos válidos
até 2005 são reajustadas anualmente de acordo com a variação
dos últimos 12 meses do IGP-DI
(Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), que é fortemente influenciado pelo dólar.
"Eu não falei em substituir índice e não propus mudança de índice. Propus o fim de índice", disse.
Sua intenção é ter o mercado de
telefonia livre, baseado na competição, sem controle de preços.
"Com competição, o preço livre
cai", afirmou. Embora reconheça
que atualmente a telefonia fixa
não tem um mercado de fato
competitivo, Miro prevê que isso
acontecerá até 2006, por meio das
inovações tecnológicas.
A mudança fará parte de uma
nova política para o setor de telecomunicações, formulada pelo
ministério. Formalmente, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) fechará o contrato
com as operadoras.
"O ministério está preparando
um conjunto de cenários para o
presidente optar e depois a Anatel
será chamada a examinar, para
que [os cenários] estejam traduzidos nos contratos", disse Miro.
Na prática, a Anatel perderá o
poder de formular contratos e
condições de concessão -motivo de divergências entre o ministério e a agência.
O presidente da Anatel, Luiz
Guilherme Schymura, e o ministro admitem haver uma tensão,
considerada natural na relação
entre os órgãos, mas ambos negam um confronto institucional.
A mudança nas atribuições da
Anatel, limitadas agora à fiscalização e à regulação, não fere a lei, diz
Miro. "A Constituição não diz que
o órgão regulador é independente
e autônomo."
O ministro disse também que
está em negociação com as empresas para diminuir o reajuste
deste ano -de 34% em julho, segundo projeções do governo.
O aumento teria impacto de um
ponto percentual a mais no índice
oficial de inflação, o IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), segundo cálculos do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística).
"É um absurdo um país ter preços controlados, que a rigor eram
para melhorar o preço final ao
consumidor, mas acabam por
causar impacto na inflação."
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