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País produzirá mais para combater alta de preços, diz Mantega
Para o ministro, Brasil tem condições de enfrentar pressão
inflacionária dos alimentos "de maneira relativamente rápida"
Diretor do FMI recomenda aos governos da AL que "ajudem os BCs a conter os preços ampliando o controle sobre os gastos públicos"
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) disse ontem em
Washington durante a reunião
do FMI (Fundo Monetário Internacional) que o Brasil terá
de combater a atual pressão inflacionária no setor de alimentos com mais produção agrícola. "Vivemos um clássico choque de oferta, e o Brasil tem
condições de enfrentar isso de
maneira relativamente rápida
no caso de vários produtos."
Questionado sobre a possibilidade de o BC brasileiro vir a
elevar o juro básico (Selic) na
semana que vem, Mantega disse que não comentaria o assunto. Mas ressaltou que a inflação
no Brasil em 2007 teria ficado
em torno de 3% (e não em
4,46%) não fosse a pressão dos
alimentos. "A inflação é mundial, mas o Brasil está muito
bem colocado. Estamos dentro
da meta [de inflação] e dentro
dessa meta podemos ter uma
pequena variação por conta dos
produtos agrícolas", afirmou.
Apesar das pressões inflacionárias e da turbulência nos
mercados financeiros, Mantega disse que o Brasil está mais
"resistente" e que depende
muito mais hoje de seu mercado interno. "Mesmo com a expectativa de desaquecimento
global, os preços dos produtos
que o Brasil exporta ainda estão
muito fortes. Com oscilações
pontuais, mas muito bons."
Já o diretor do FMI para o
Hemisfério Ocidental, o indiano Anoop Singh, recomendou
aos governos da região que
"ajudem os bancos centrais a
conter os preços ampliando o
controle sobre os gastos públicos".
Questionado sobre os gastos
governamentais no Brasil,
Singh afirmou que o país vem
"cumprindo rigorosamente, e
até com folga", a meta de superávit primário e que vem dirigindo cada vez mais verbas para a infra-estrutura. O indiano
também elogiou a atuação do
Banco Central por "manter a
inflação na meta" e o desempenho geral do país.
"O crescimento do Brasil tem
se apoiado principalmente no
seu mercado interno e está
muito calcado nos investimentos do setor produtivo, que vêm
crescendo além das expectativas nos últimos dois anos."
Anoop Singh afirmou também
que Brasil e região devem se
manter "vigilantes" em relação
à inflação.
"Miniboom" de crédito
Singh recomendou aos países latino-americanos que
"monitorem de perto" o aumento das operações de crédito
para que evitem crises futuras
em seus sistemas financeiros.
"Quando um "boom" ocorre, e
o que vemos na região é uma espécie de "miniboom", a tendência é uma deterioração da qualidade dos empréstimos e uma
dificuldade cada vez maior para
distinguir os créditos de boa e
má qualidade." Na atual crise
norte-americana, não apenas o
setor de crédito imobiliário de
qualidade inferior ("subprime") está sendo afetado. O problema vem se alastrando também para outras áreas.
Nos últimos 12 meses, vários
países da América Latina registraram aumentos importantes
no volume de crédito concedido a consumidores. No Brasil, a
alta foi de 28,5%; na Argentina,
37%; na Venezuela, 72,5%.
O FMI recomenda "cuidado"
nessa área especialmente pelo
fato de a economia mundial ter
no horizonte um cenário de desaquecimento e inflação. Na
média, o Fundo prevê para a
América Latina crescimento de
4,4% neste ano (5,6% em 2007)
e inflação de 6,6% (ante 5,4%).
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