São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Varig decide suspender vôos intercontinentais

Operações da companhia serão restritas a rotas domésticas e à América do Sul

Empresa agora controlada pela Gol afirma que realocará passageiros em outras companhias ou devolverá o dinheiro

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Varig anunciou ontem a suspensão dos seus vôos intercontinentais. A empresa decidiu cancelar os vôos para Cidade do México, a partir de 11 de maio, Madri (12 de maio) e Paris, a partir de 9 de junho. Em comunicado aos funcionários, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou que os aumentos no preço do petróleo, a indisponibilidade de aeronaves novas no mercado e o impacto do baixo crescimento econômico esperado na Europa e nos Estados Unidos foram determinantes para o cancelamento das operações.
A decisão marca a saída da Varig daquele que foi seu principal mercado durante anos e um dos principais atrativos para a aquisição pela Gol. Em março do ano passado, quando a Gol comprou a Varig por US$ 320 milhões, analistas destacavam as possibilidades de crescimento das operações com vôos de longo curso para Europa e EUA. O cenário se revelou menos favorável do que o previsto.
Quando a aquisição foi anunciada, o empresário Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê Constantino, disse que atendeu a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele "salvasse" a companhia.
Aos funcionários, Oliveira Júnior, filho de Nenê, afirmou que a restrição das operações era uma decisão difícil, mas necessária. "A decisão de focar nossa expansão nos mercados domésticos e na América do Sul foi muito difícil, mas somente com esse reposicionamento conseguiremos ganhar forças para que, no futuro, possamos retornar ao mercado de longo curso de forma estruturada e competitiva", disse.
Com a restrição das operações, a empresa concentrará as operações internacionais na América do Sul em vôos para Bogotá, Buenos Aires, Caracas e Santiago do Chile. No Brasil, a empresa continua a voar para as principais capitais.
Na prática, o uso dos Boeings-767 nos vôos de longo curso se mostrou menos competitivo. A empresa deverá arcar com o custo de devolução de 12 aeronaves. "O prejuízo era grande nas operações", afirmou Lincoln Amano, diretor comercial da Varig.
Em janeiro, a empresa havia anunciado o fim das operações a partir de março dos vôos para Londres, Roma e Frankfurt. Desde então havia acertado uma série de acordos de interline, que permitem acesso a número maior de destinos.
O consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio classificou a decisão da empresa como corajosa. "Numa hora em que as companhias americanas estão quebrando, tomou-se a decisão de fazer um recuo. No ano passado era difícil obter aeronaves novas, e a Varig precisava manter os slots na Europa", disse. Ele destaca que o fato de o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não ter aprovado ainda a operação dificultou a alimentação dos vôos internacionais.
Segundo Sérgio Dias, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a empresa se comprometeu a não demitir.
Quem comprou bilhetes para os destinos cancelados deverá procurar a central de atendimento para que a Varig faça a realocação em outras empresas ou devolva o dinheiro.
Quem comprou passagens com milhas do programa Smiles poderá voar em outra empresa ou recebê-las de volta. Milhagem da empresa só poderá ser trocada para vôos no Brasil e na América do Sul.


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