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Varig decide suspender vôos intercontinentais
Operações da companhia serão restritas a rotas domésticas e à América do Sul
Empresa agora controlada pela Gol afirma que realocará passageiros em outras companhias ou devolverá o dinheiro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Varig anunciou ontem a
suspensão dos seus vôos intercontinentais. A empresa decidiu cancelar os vôos para Cidade do México, a partir de 11 de
maio, Madri (12 de maio) e Paris, a partir de 9 de junho. Em
comunicado aos funcionários,
o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou
que os aumentos no preço do
petróleo, a indisponibilidade
de aeronaves novas no mercado e o impacto do baixo crescimento econômico esperado na
Europa e nos Estados Unidos
foram determinantes para o
cancelamento das operações.
A decisão marca a saída da
Varig daquele que foi seu principal mercado durante anos e
um dos principais atrativos para a aquisição pela Gol. Em
março do ano passado, quando
a Gol comprou a Varig por US$
320 milhões, analistas destacavam as possibilidades de crescimento das operações com vôos
de longo curso para Europa e
EUA. O cenário se revelou menos favorável do que o previsto.
Quando a aquisição foi anunciada, o empresário Constantino de Oliveira, conhecido como
Nenê Constantino, disse que
atendeu a pedido do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para
que ele "salvasse" a companhia.
Aos funcionários, Oliveira
Júnior, filho de Nenê, afirmou
que a restrição das operações
era uma decisão difícil, mas necessária. "A decisão de focar
nossa expansão nos mercados
domésticos e na América do Sul
foi muito difícil, mas somente
com esse reposicionamento
conseguiremos ganhar forças
para que, no futuro, possamos
retornar ao mercado de longo
curso de forma estruturada e
competitiva", disse.
Com a restrição das operações, a empresa concentrará as
operações internacionais na
América do Sul em vôos para
Bogotá, Buenos Aires, Caracas
e Santiago do Chile. No Brasil, a
empresa continua a voar para
as principais capitais.
Na prática, o uso dos
Boeings-767 nos vôos de longo
curso se mostrou menos competitivo. A empresa deverá arcar com o custo de devolução
de 12 aeronaves. "O prejuízo
era grande nas operações", afirmou Lincoln Amano, diretor
comercial da Varig.
Em janeiro, a empresa havia
anunciado o fim das operações
a partir de março dos vôos para
Londres, Roma e Frankfurt.
Desde então havia acertado
uma série de acordos de interline, que permitem acesso a número maior de destinos.
O consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio classificou a decisão da empresa como
corajosa. "Numa hora em que
as companhias americanas estão quebrando, tomou-se a decisão de fazer um recuo. No ano
passado era difícil obter aeronaves novas, e a Varig precisava
manter os slots na Europa",
disse. Ele destaca que o fato de
o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não
ter aprovado ainda a operação
dificultou a alimentação dos
vôos internacionais.
Segundo Sérgio Dias, diretor
do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a empresa se comprometeu a não demitir.
Quem comprou bilhetes para
os destinos cancelados deverá
procurar a central de atendimento para que a Varig faça a
realocação em outras empresas
ou devolva o dinheiro.
Quem comprou passagens
com milhas do programa Smiles poderá voar em outra empresa ou recebê-las de volta.
Milhagem da empresa só poderá ser trocada para vôos no Brasil e na América do Sul.
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