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Agência de aviação civil defende maior participação de empresas do exterior
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
Solange Vieira, defendeu ontem uma política de "céus abertos" para permitir maior participação de empresas aéreas estrangeiras em rotas internacionais no país. Hoje, elas ocupam
cerca de 65% desse mercado.
"Quanto mais companhias
aéreas para o usuário brasileiro, melhor", disse ela, considerando a decisão da Varig de não
mais voar para Europa e América do Norte como algo natural
num mercado liberalizado.
A política de "céus abertos"
significa o fim do limite de vôos
de companhias estrangeiras
para o Brasil. Hoje, as internacionais só têm direito ao mesmo número que as nacionais tiverem na mesma rota. Isso é
definido em acordos bilaterais.
Solange defendeu, porém, a
exclusividade de operação em
rotas domésticas para as nacionais: "A tendência que o mundo
tem mostrado é que a proteção
às empresas nacionais se dá no
mercado interno", afirmou.
O governo pretende manter
sua disposição de não socorrer
empresas nacionais em dificuldade, mesmo na hipótese de as
estrangeiras assumirem 100%
das rotas externas.
Segundo o diretor da Anac
Ronaldo Mota, "se as empresas
têm alguma dificuldade porque
enfrentam concorrentes mais
bem preparados, não podemos
influenciar nisso".
Solange Vieira e a diretoria
da agência participaram ontem
da 1ª Feira de Aviação Civil promovida pela Anac, com patrocínio da própria Varig, da TAM e
da Gol, entre outros. O ministro
da Defesa, Nelson Jobim, foi.
Com a decisão da Varig, a
TAM exerce agora virtual monopólio em viagens intercontinentais, e o seu presidente, David Barioni Neto, assumiu tom
de comemoração: "São várias
empresas voando, só uma brasileira. A beleza disso é a liberalização do mercado".
Para ele, a Varig cancelou
vôos "por uma questão de competência e de gestão, porque o
mercado é aberto". Reclamou,
porém, das margens apertadas
de lucro do setor, dizendo que,
em 2007, o faturamento da
TAM foi de R$ 3,4 bilhões, mas
o lucro foi de apenas 1,3%.
David Neeleman, fundador
da Jet Blue, que está lançando
uma nova companhia no Brasil
voltada para o transporte doméstico e regional, reclamou
especificamente do preço do
querosene de aviação. O peso
desse item representa um terço
dos custos, disse.
Para o presidente do Snea
(Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), José Márcio Mollo, o preço do combustível e a idade da frota de aviões
prejudicaram a competitividade da Varig. "O querosene de
aviação está caro, e a Varig tem
aviões antigos. Não existe avião
novo na praça disponível, fica
difícil competir com as internacionais", disse.
A presidente do Sindicato
Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, considerou o problema da Varig "péssimo" para
o Brasil. "Está indo para o ralo,
para a mão das internacionais,
as nacionais não se capacitam e
perdem esse espaço."
Do lado oposto, Solange Vieira cobrou a votação, pelo Congresso, do projeto que aumenta
a participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras de 20% para
49%. "Falta prioridade [dos
parlamentares]. Mas, para nós,
é uma urgência", afirmou.
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