São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Agência de aviação civil defende maior participação de empresas do exterior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Solange Vieira, defendeu ontem uma política de "céus abertos" para permitir maior participação de empresas aéreas estrangeiras em rotas internacionais no país. Hoje, elas ocupam cerca de 65% desse mercado.
"Quanto mais companhias aéreas para o usuário brasileiro, melhor", disse ela, considerando a decisão da Varig de não mais voar para Europa e América do Norte como algo natural num mercado liberalizado.
A política de "céus abertos" significa o fim do limite de vôos de companhias estrangeiras para o Brasil. Hoje, as internacionais só têm direito ao mesmo número que as nacionais tiverem na mesma rota. Isso é definido em acordos bilaterais.
Solange defendeu, porém, a exclusividade de operação em rotas domésticas para as nacionais: "A tendência que o mundo tem mostrado é que a proteção às empresas nacionais se dá no mercado interno", afirmou.
O governo pretende manter sua disposição de não socorrer empresas nacionais em dificuldade, mesmo na hipótese de as estrangeiras assumirem 100% das rotas externas.
Segundo o diretor da Anac Ronaldo Mota, "se as empresas têm alguma dificuldade porque enfrentam concorrentes mais bem preparados, não podemos influenciar nisso".
Solange Vieira e a diretoria da agência participaram ontem da 1ª Feira de Aviação Civil promovida pela Anac, com patrocínio da própria Varig, da TAM e da Gol, entre outros. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi.
Com a decisão da Varig, a TAM exerce agora virtual monopólio em viagens intercontinentais, e o seu presidente, David Barioni Neto, assumiu tom de comemoração: "São várias empresas voando, só uma brasileira. A beleza disso é a liberalização do mercado".
Para ele, a Varig cancelou vôos "por uma questão de competência e de gestão, porque o mercado é aberto". Reclamou, porém, das margens apertadas de lucro do setor, dizendo que, em 2007, o faturamento da TAM foi de R$ 3,4 bilhões, mas o lucro foi de apenas 1,3%.
David Neeleman, fundador da Jet Blue, que está lançando uma nova companhia no Brasil voltada para o transporte doméstico e regional, reclamou especificamente do preço do querosene de aviação. O peso desse item representa um terço dos custos, disse.
Para o presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), José Márcio Mollo, o preço do combustível e a idade da frota de aviões prejudicaram a competitividade da Varig. "O querosene de aviação está caro, e a Varig tem aviões antigos. Não existe avião novo na praça disponível, fica difícil competir com as internacionais", disse.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, considerou o problema da Varig "péssimo" para o Brasil. "Está indo para o ralo, para a mão das internacionais, as nacionais não se capacitam e perdem esse espaço."
Do lado oposto, Solange Vieira cobrou a votação, pelo Congresso, do projeto que aumenta a participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras de 20% para 49%. "Falta prioridade [dos parlamentares]. Mas, para nós, é uma urgência", afirmou.


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