São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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Fundo DI sofre com saque e retorno fraco

Categoria registra saída líquida de R$ 4,16 bi neste ano, até o último dia 5; rentabilidade em 2010 está em apenas 2,12%

No fim de 2008, os fundos DI representavam 16,2% do mercado de fundos; hoje, categoria responde por apenas 13,3% do total


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano da retomada da alta da taxa básica Selic, os fundos DI estão na lanterna. Apesar de ser a categoria que mais absorve, diretamente, a variação nos juros básicos da economia, os investidores ainda não se sentiram estimulados em migrar para esses fundos. Pelo contrário: a categoria é a que mais perdeu recursos no ano até o momento.
Os saques líquidos nas carteiras dos DIs alcançaram R$ 4,16 bilhões, até o último dia 5. Em 2009 todo, a saída líquida de recursos ficou em R$ 5,16 bilhões. Dentre as principais categorias de fundos do mercado, o DI é o que registra a rentabilidade mais tímida acumulada no ano, de 2,12%, o que explica a falta de interesse pelo produto.
"Os gestores dos fundos de renda fixa podem aproveitar também títulos que pagam a inflação, além do crédito privado, como CDBs e debêntures, que se mostraram opções bem interessantes nos últimos tempos. Isso ajuda a explicar o motivo de a renda fixa ter, na média, rendido mais e atraído os investidores", diz Aquiles Mosca, estrategista de investimentos do Santander Asset Management.
Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a rentabilidade média dos fundos de renda fixa alcança 2,84% no ano, perdendo apenas para os fundos de ações.
Apesar de também ser impactado pelas oscilações da taxa básica Selic, a renda fixa dá a seus gestores uma margem de manobra bem mais ampla para montarem as carteiras, buscando as melhores oportunidades.
Os fundos DI precisam ter, no mínimo, 95% do valor de sua carteira em títulos ou operações que busquem acompanhar as variações do CDI ou da Selic -basicamente títulos públicos que pagam juros. Nos fundos de renda fixa, os gestores podem trabalhar com um leque mais variado de ativos, como títulos atrelados a índices de preços e papéis de dívida privada.
Os fundos DI passaram a perder espaço em 2009, quando a taxa básica começou a ser reduzida de forma mais intensa pelo Banco Central, caindo abaixo da barreira dos 10%.

Participação em queda
No fim de 2008, os fundos DI representavam 16,18% do mercado brasileiro de fundos. Hoje, a categoria representa apenas 13,32% do total. Os fundos DI surgiram no final da década de 90 e chegaram a responder por mais de 30% da indústria nacional de fundos.
Para o estrategista do Santander, quando a Selic recuperar alguns patamares, os investidores tendem a voltar a colocar recursos na categoria.
"O segmento DI deve voltar a sentir uma melhora, um retorno de investidores, lá para junho ou julho, quando começar a dar rentabilidade em torno de 1% ao mês. Isso deve estancar os saques e trazer um conforto maior para a categoria", avalia.
Desde março de 2009 que os fundo DI não conseguem pagar 1% ao mês. Neste ano, a taxa mensal tem oscilado entre 0,61% e 0,77%. Para complicar a vida do investidor, a taxa de administração tem sofrido reduções pequenas nesses tempos de rentabilidade tímida.
Nos fundos DI, a taxa média de administração -que é cobrada em todos os fundos- recuou de 0,99% em julho de 2009 para 0,93% anual em fevereiro (último dado computado pela Anbima). Além disso, o investidor tem de enfrentar a cobrança de Imposto de Renda. Por isso, a poupança renasceu como forma de aplicação: está isenta dessas taxas e impostos.
O segmento DI registra hoje 467 fundos, espalhados por mais de uma centena de gestores. Na renda fixa, existem 1.263 fundos disponíveis para os investidores escolherem.


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