|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No Brasil, Apple avança com computadores
Marca investe na abertura de lojas com empresas parceiras para tentar atingir 3% do mercado nacional de PCs neste ano
Classes A e B ainda são o foco, já que seus preços, acima de R$ 3.000, superam a média dos concorrentes; no mundo, iPhone é carro-chefe da marca
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Apple nasceu como fabricante de computador, mas fez
da telefonia seu principal negócio. Hoje, a venda do iPhone,
seu celular que navega na internet, responde por 36% do faturamento mundial. No Brasil,
suas vendas foram consideradas um fracasso pelas operadoras. Mas o aparelho, lançado
quase simultaneamente com as
lojas da Apple no país, acabou
atraindo os brasileiros para algo que a americana vende como
nunca: os computadores.
A companhia não atua diretamente no varejo no país. As
vendas são feitas por lojas de
parceiros comerciais, que vendem produtos da Apple com exclusividade -com exceção da
Saraiva. Segundo eles, faz parte
da estratégia da Apple ficar entre os cinco maiores em participação na comercialização de
computadores, em cinco anos.
Mesmo vendendo equipamentos acima de R$ 3.000 (valor superior à média dos rivais),
seu objetivo é ganhar ao menos
1% de mercado já em 2010, ainda segundo seus parceiros. A
Apple não comenta.
"Em algumas lojas, as vendas
superaram em 20% as metas",
afirma Marcelo Sé, dono da rede MyStore. Ele tem quatro
unidades e abrirá outras duas
em São Paulo ainda neste ano.
"Nos EUA, ela é a quarta
maior do mercado de computadores", diz Germano Grings, vice-presidente da rede Herval,
uma das principais varejistas
no Sul do país e parceira da Apple nas lojas iPlace. "Aqui, ela
também pode ser a quarta."
Na rede Saraiva, o avanço dos
computadores Apple não é diferente. "A marca já responde
por 20% do faturamento com
artigos de informática da rede",
afirma Marcílio Pousada, superintendente da Saraiva, que
vende Apple em 35 das 93 lojas,
mantendo quiosques exclusivos da marca em oito delas.
Na Fast Shop, que possui cinco lojas A2You, as máquinas da
Apple já desbancaram os desk-
-tops da concorrência, segundo
a Folha apurou.
Para conseguir mais mercado, a Apple terá necessariamente que expandir o número
de lojas. A companhia não revela nem o total das novas unidades nem os locais. A marca
também conta com uma loja
própria na internet. Desde outubro de 2009, os itens são vendidos com pagamento facilitado, exclusividade do Brasil.
Otimismo exagerado
Analistas estimam que a fatia
da Apple no mercado brasileiro
de computadores não chega a
2%, o que daria uma média de
50 mil máquinas vendidas por
ano. Para atingir 3% de participação em 2010, teria de chegar
a 180 mil unidades.
A aposta desses especialistas
na Apple é de longo prazo, porque no Brasil o preço ainda é
decisivo na hora da compra.
"Comparando com ela mesma,
a Apple chama a atenção", diz
Luciano Crippa, analista do
IDC (International Data Corporation). "Mas estamos projetando um mercado que chegará
a 12,8 milhões de computadores neste ano, o que dá uma
participação pequena comparada aos concorrentes."
Os parceiros da Apple discordam. Para eles, a primeira fase
de "propaganda" ocorreu em
torno do iPod, do iPhone e, agora, do iPad ("tablet" para leitura
de livros digitais, por exemplo).
Esses produtos, dizem, abriram
portas para que os brasileiros
conhecessem os computadores. "O objetivo é quebrar a
imagem de que Apple é produto
de elite", diz Sé, da MyStore.
Num primeiro momento, a
meta é aumentar a participação
da Apple entre os consumidores das classes A e B ao trocar
suas máquinas que rodam com
o sistema Windows pelas da
Apple. "Com o parcelamento, já
estamos vendendo até para a
classe C", diz Sé. Os parceiros
da Apple estimam que com 3%
de mercado já seria possível nivelar os preços com os da concorrência. "É uma questão de
escala", diz Grings, da iPlace.
Texto Anterior: Aberturas de capital devem se intensificar Próximo Texto: Disputa por uso do nome atrasa chegada do iPad Índice
|