São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula vê alta na taxa dos EUA "digerida"

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em entrevista no início da noite, que a provável alta da taxa de juros nos Estados Unidos não trará efeitos para o Brasil.
"O dólar subir um centavo a mais, um a menos, tem gente rindo, tem gente preocupada. Para nós, não existe nada que venha a nos preocupar. Essas oscilações de mercado em razão da posição que o banco central americano [Fed] possa tomar são uma coisa já digerida por nós."
O encontro, com 18 jornalistas, foi no Palácio do Planalto. Estava marcado para as 18h e começou às 18h43. A intenção do presidente era apresentar sua viagem à China no final do mês. Lula fez uma explanação inicial e foi seguido pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Depois da fala de Lula e de Amorim, cada jornalista teve direito a fazer uma pergunta, em ordem determinada pelo Planalto. A Folha foi o décimo veículo a perguntar. A sessão começou às 19h04.
A assessoria de comunicação da Presidência informou que só seriam aceitas perguntas sobre a viagem de Lula à China. A partir da metade da entrevista, alguns começaram a incluir outros assuntos e não houve protesto do presidente. A entrevista terminou às 20h.
Sobre salário mínimo, Lula disse não estar satisfeito com o valor (R$ 260), mas que não tem como dar mais. Não quis dizer se vetará uma decisão do Congresso de aumentar o que foi estipulado.
"Eu não posso anunciar uma decisão dessas, até por sensibilidade política."
O presidente se encontrou ontem com os líderes governistas no Senado. Hoje, se avistará com os da Câmara dos Deputados. Vai pedir que apressem a votação de alguns projetos que "são tão importantes para o desenvolvimento do Brasil quanto à redução da taxa de juros".
A seguir, trechos da fala do presidente Lula:
 

JUROS NOS EUA - Primeiro, o dólar subir um centavo a mais, um a menos, tem gente rindo, tem gente preocupada. Para nós, não existe nada que venha a nos preocupar. Essas oscilações de mercado em razão do que possa tomar de posição o banco central americano são uma coisa que já está digerida por nós. Ou seja, nós estamos conscientes de que o Brasil entrou na rota do crescimento. Estamos conscientes de que é um crescimento sustentável e que não haverá retrocesso.
Nós vamos crescer daqui para a frente cada vez mais. Nós estamos com algumas coisas pendentes no Congresso Nacional. Se forem aprovadas a Lei de Falências, a PPP [Parceria Público-Privada], a regulação do saneamento básico, nós vamos ter possibilidades enormes de investimentos privados no nosso país.
Estamos tranqüilos. Isso está pronto. Nós vamos trabalhar com a tranqüilidade de que o Brasil não será pego de surpresa. Até porque todos nós, há três meses, já discutíamos a hipótese de um aumento dos juros americanos.
Nós já sabíamos que ia acontecer [aumento dos juros nos Estados Unidos]. Ninguém foi pego de sobressalto. Não é nenhuma novidade.
O que nós não podemos é tomar nenhuma atitude precipitada, que a cada dia que nós vermos a Bolsa de Valores cair ou o dólar subir a gente vai anunciar um pacote econômico. Não é? O mercado sabe, e, se for inteligente, deve saber muito mais que o Brasil é um bom negócio. E quem tiver medo vai perder dinheiro por não investir no Brasil.

SALÁRIO MÍNIMO - Não haverá quem não queira fazer do salário mínimo um debate político, um debate eleitoral. Porque não apenas o presidente da República como qualquer cidadão sabe que um salário mínimo de R$ 260 não é aquilo que nem os que o ganham gostariam de receber nem os que dão gostariam de dar.
Acontece que eu só posso fazer a dívida do tamanho da receita que eu tenho. E nós temos um problema na Previdência que a reforma não resolve de um ano para o outro. A reforma é no médio prazo. Vai começar a surtir efeito daqui a alguns anos. Eu tenho um rombo de R$ 31 bilhões da Previdência.
Eu acho que os deputados e os senadores, que têm total autonomia de tomar decisão, vão agir com juízo, que eles têm e não é pouco. Ao decidirem, eles vão ter de dizer de onde vão tirar o dinheiro. É simples. Não é difícil. É só apresentar a fonte.
[Vetará um aumento ao mínimo dado pelo Congresso Nacional?] Eu não posso anunciar uma decisão dessas, até por sensibilidade política.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.