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LUÍS NASSIF
O responsável é o chefe
Pouco depois de reeleito, o
governador Mário Covas
anunciou publicamente que,
no segundo mandato, a Febem
seria de responsabilidade direta dele. De um lado, reconhecia
a gravidade do problema. De
outro, conferia à entidade o
status de questão de Estado.
Morreu antes. E o problema
continua.
No ano passado, as rebeliões
da Febem eram atribuídas às
"forças do mal" (os funcionários adeptos da linha dura). Na
semana passada, responsabilizaram-se as "forças do bem"
(os defensores dos direitos humanos). Todos os novos diretores foram demitidos, sob a
"acusação" de que não se entendiam, cada qual tinha seu
projeto pedagógico e queria implementá-lo por conta própria.
Em uma orquestra, quando
ocorre essa descoordenação, a
culpa é do maestro; em qualquer empresa, é do presidente;
em qualquer guerra, é do oficial de patente superior. Chefe é
chefe.
Não existem nem forças do
mal nem forças do bem na Febem. Ambas são vítimas do
mesmo problema do caos administrativo, por falta de chefe.
Tomem-se os bons programas
de qualidade. Nenhum deles
começa com a presunção de
que o problema reside nos funcionários. Se o funcionário não
tem clareza sobre sua missão,
sobre o papel de cada parte no
todo, sobre o objetivo a ser perseguido, como avaliar com honestidade o seu desempenho?
O primeiro passo é implementar um modelo de gestão
adequado, definir indicadores
e atribuições, formas de acompanhamento e de correção de
rumo. Aí, sim, saberá-se o que
cada funcionário deve fazer e
avaliar desempenhos corretamente.
Nesses anos todos, segue-se
uma rebelião após a outra na
Febem e fica-se à caça de bodes
expiatórios. Ora seriam os funcionários antigos, viciados, ora
os novos, inexperientes, ora o
sindicato, ora a falta de verbas
federais.
A culpa é da falta de conhecimento gerencial do chefe, o governador do Estado. É responsabilidade do governador indicar o gestor incumbido de reformar a Febem e dar-lhe as
condições para executar adequadamente seu trabalho. A
nova administração da Febem
é um concílio de pessoas otimamente intencionadas, belas almas caridosas, adeptos dos direitos humanos, dirigidas por
um bacharel. Todos sem um
pingo de noção de gestão. E a
maior prova é a "acusação" endereçada aos diretores demitidos, de cada qual tocar uma
partitura diferente. Cadê o
maestro?
Se o governador não conseguiu colocar nenhum gestor de
fôlego à testa do órgão, de duas
uma: ou não existe nenhum
gestor de fôlego disponível no
mais adiantado Estado do país
-o que é difícil acreditar,
quando se avalia o trabalho de
recuperação das finanças estaduais empreendido por Covas-; ou existe, mas o governador não tem a menor idéia
sobre que bicho é esse.
Itakirchner
O desafio do século, na disputa
Brasil e Argentina, não é comparar Maradona com Pelé: é
comparar Kirchner com Itamar
Franco. Kirchner ainda terminará seus dias embaixador da
Argentina na Itália, jogando
dama com Itamar na piazza
Del Pocco Lavoro.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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