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Bolívia quer pagar Brasil com impostos da Petrobras
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Um dia depois do anúncio de
uma acordo para a venda das
duas refinarias da Petrobras, o
ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas,
disse ontem que pretende pagar as plantas com dinheiro obtido de uma tributação contestada pela empresa brasileira e
que o contrato só ficará pronto
nas próximas semanas.
"O primeiro acordo com a
Petrobras é nos darmos um
prazo de um mês para o contrato", disse o ministro, em entrevista coletiva. "Alguém dizia
que no detalhe estão os diabos.
Preferimos ir com calma."
Entre os pontos que ainda
precisam ser definidos estão a
forma como a estatal YPFB assumirá a administração das refinarias e o pagamento. Pelo
acordo anunciado ontem, as refinarias custarão US$ 112 milhões, em duas parcelas, uma
com a assinatura do contrato e
outra depois de 60 dias.
Villegas disse que as refinarias serão pagas pela YPFB com
a arrecadação do 32% a mais
que os dois megacampos de gás
operados pela Petrobras são
obrigados a pagar por causa de
um decreto presidencial de novembro passado. Esse decreto
já foi contestado pela empresa
no próprio Ministério dos Hidrocarbonetos.
A medida de novembro determinou que o aumento temporário de 50% para 82% da
carga tributária da Petrobras
imposto nos seis primeiros meses após o decreto de nacionalização, em 1º de maio de 2006,
fosse estendido até a entrada
em vigor dos novos contratos
de exploração de gás, assinados
no final de outubro.
Por causa do atraso na protocolização dos contratos devido
a erros de tramitação do próprio governo, os acordos só entraram em vigor neste mês.
Com isso, o governo boliviano
está obrigando a Petrobras a
pagar por mais seis meses o aumento tributário de 32%.
Em março, a Petrobras fez o
pagamento sob protesto e disse
que "lançará mão de todos os
meios legais cabíveis para buscar ressarcimento". A alegação
da empresa é que os contratos
assinados em outubro não foram homologados por culpa do
governo boliviano.
Se os contratos estivessem
em vigor em novembro, a Petrobras e suas sócias teriam pago US$ 4 milhões. Com a tributação de 82%, subiu para cerca
de US$ 32 milhões. Ou seja, um
prejuízo de US$ 28 milhões só
no primeiro dos seis meses.
Segundo cálculos da YPFB,
ainda há US$ 86 milhões para
receber de impostos dos dois
megacampos operados pela Petrobras, San Alberto e San Antonio. O pagamento é rateado
de acordo com a participação
acionária das empresas nos
dois megacampos: a Petrobras
arca com 35%, a espanhola
Repsol, com 50%, e a francesa
Total, com 15%.
Mais negociação
A Bolívia anunciou ontem
que o próximo passo de seu plano de nacionalização petrolífera será a recuperação de uma
empresa de armazenamento e
transporte controlada por alemães e peruanos.
"As negociações para a recompra da Companhia Logística de Hidrocarbonetos da Bolívia [CLHB] começarão na próxima semana, para ir completando o controle sobre toda a
cadeia hidrocarbonífera, como
estabelece o decreto de nacionalização", disse Villegas.
Com a Reuters
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