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Queda no petróleo reduz lucro da Petrobras
Ganhos recuam 20% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2008; desvalorização do dólar também afeta resultado
Diminuição no consumo de derivados no mercado interno também colabora para o lucro menor; exclusão da meta de superávit aumenta o caixa
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Afetado pela queda do preço
do petróleo e pelo câmbio, o lucro da Petrobras ficou em R$
5,816 bilhões no primeiro trimestre, queda de 6% ante os últimos três meses de 2008,
quando o resultado havia sido
de R$ 6,189 bilhões. Ante o primeiro trimestre de 2008, a retração foi de 20%.
Apesar de manter o preço interno dos combustíveis mais alto do que em outros países, a
queda de quase 30% do valor
internacional do petróleo desde o final de 2008 foi determinante para o resultado e se configurou como o principal impacto negativo, diz a Petrobras.
"Considerando as circunstâncias [adversas] do preço do
petróleo, tivemos mais um trimestre de bons resultados",
disse Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras.
Ontem, as ações preferenciais da Petrobras caíram
0,39%, para R$ 32,87 -o balanço foi divulgado após o fechamento do mercado.
Com o preço mais baixo do
petróleo -que referencia as exportações da empresa também-, a receita líquida caiu 9%
na comparação com o primeiro
trimestre de 2008 e 18% em relação ao último trimestre de
2008. Somou R$ 42,6 bilhões
de janeiro a março deste ano.
A estatal registrou um déficit
de US$ 150 milhões de janeiro a
março, menor do que o saldo
negativo de US$ 775 milhões do
mesmo período de 2007.
Em volume, as exportações
líquidas (descontada a importação) somaram 100 mil barris,
mas, como a estatal vende ao
exterior produtos de menor valor e importa derivados e petróleo mais caros, houve déficit.
Segundo Barbassa, a crise fez
cair em 3% o consumo médio
de derivados de petróleo no
Brasil no primeiro trimestre.
Outro impacto negativo veio
do câmbio, que gerou contribuição negativa de R$ 849 milhões ante o primeiro trimestre
de 2008, graças à queda do dólar neste ano. Em 2008, o efeito
foi inverso e inflou o lucro.
De acordo com Barbassa, as
despesas operacionais também
cresceram, em face dos pesados
investimentos da companhia
neste ano. É que, diz, a maior
parte dos projetos está em fase
de exploração, quando são
computados custos com estudos sísmicos e com poços secos
(nos quais não é achado petróleo) sem a contrapartida do aumento da produção.
No rol das notícias positivas,
o executivo ressaltou o crescimento da produção de petróleo
no país -7% em relação ao primeiro trimestre de 2008.
O diretor destacou as perspectivas da expansão futura da
produção. É que foram instaladas quatro novas plataformas,
cuja capacidade total só será
atingida ao final do ano.
Apesar da alta global dos custos, Barbassa disse que aqueles
relativos à extração de petróleo
cederam graças à retração do
preço do barril. O movimento
não segue ainda, diz, o mesmo
ritmo de queda do óleo, mas sinaliza um barateamento dos
investimentos da companhia.
Segundo Barbassa, a estatal
tem uma "posição confortável"
para novos investimentos
-principalmente após ser excluída do esforço para contribuir para o superávit primário
(economia que o governo faz
para pagar juros).
Sem tal esforço, o caixa da
companhia passou de R$ 15,8
bilhões no final de 2008 para
R$ 19,5 bilhões no fim de março. O executivo disse ainda que
falta receber mais uma parcela
do empréstimo de US$ 6,5 bilhões de um pool de bancos estrangeiros e do Banco do Brasil,
além de finalizar os termos do
financiamento de R$ 25 bilhões
do BNDES.
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