São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Queda no petróleo reduz lucro da Petrobras

Ganhos recuam 20% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2008; desvalorização do dólar também afeta resultado

Diminuição no consumo de derivados no mercado interno também colabora para o lucro menor; exclusão da meta de superávit aumenta o caixa

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Afetado pela queda do preço do petróleo e pelo câmbio, o lucro da Petrobras ficou em R$ 5,816 bilhões no primeiro trimestre, queda de 6% ante os últimos três meses de 2008, quando o resultado havia sido de R$ 6,189 bilhões. Ante o primeiro trimestre de 2008, a retração foi de 20%.
Apesar de manter o preço interno dos combustíveis mais alto do que em outros países, a queda de quase 30% do valor internacional do petróleo desde o final de 2008 foi determinante para o resultado e se configurou como o principal impacto negativo, diz a Petrobras.
"Considerando as circunstâncias [adversas] do preço do petróleo, tivemos mais um trimestre de bons resultados", disse Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras.
Ontem, as ações preferenciais da Petrobras caíram 0,39%, para R$ 32,87 -o balanço foi divulgado após o fechamento do mercado.
Com o preço mais baixo do petróleo -que referencia as exportações da empresa também-, a receita líquida caiu 9% na comparação com o primeiro trimestre de 2008 e 18% em relação ao último trimestre de 2008. Somou R$ 42,6 bilhões de janeiro a março deste ano.
A estatal registrou um déficit de US$ 150 milhões de janeiro a março, menor do que o saldo negativo de US$ 775 milhões do mesmo período de 2007.
Em volume, as exportações líquidas (descontada a importação) somaram 100 mil barris, mas, como a estatal vende ao exterior produtos de menor valor e importa derivados e petróleo mais caros, houve déficit.
Segundo Barbassa, a crise fez cair em 3% o consumo médio de derivados de petróleo no Brasil no primeiro trimestre.
Outro impacto negativo veio do câmbio, que gerou contribuição negativa de R$ 849 milhões ante o primeiro trimestre de 2008, graças à queda do dólar neste ano. Em 2008, o efeito foi inverso e inflou o lucro.
De acordo com Barbassa, as despesas operacionais também cresceram, em face dos pesados investimentos da companhia neste ano. É que, diz, a maior parte dos projetos está em fase de exploração, quando são computados custos com estudos sísmicos e com poços secos (nos quais não é achado petróleo) sem a contrapartida do aumento da produção.
No rol das notícias positivas, o executivo ressaltou o crescimento da produção de petróleo no país -7% em relação ao primeiro trimestre de 2008.
O diretor destacou as perspectivas da expansão futura da produção. É que foram instaladas quatro novas plataformas, cuja capacidade total só será atingida ao final do ano.
Apesar da alta global dos custos, Barbassa disse que aqueles relativos à extração de petróleo cederam graças à retração do preço do barril. O movimento não segue ainda, diz, o mesmo ritmo de queda do óleo, mas sinaliza um barateamento dos investimentos da companhia.
Segundo Barbassa, a estatal tem uma "posição confortável" para novos investimentos -principalmente após ser excluída do esforço para contribuir para o superávit primário (economia que o governo faz para pagar juros).
Sem tal esforço, o caixa da companhia passou de R$ 15,8 bilhões no final de 2008 para R$ 19,5 bilhões no fim de março. O executivo disse ainda que falta receber mais uma parcela do empréstimo de US$ 6,5 bilhões de um pool de bancos estrangeiros e do Banco do Brasil, além de finalizar os termos do financiamento de R$ 25 bilhões do BNDES.


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