São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Exportações à China devem ser diversificadas, afirma Lula

Presidente pede adoção de moeda local nas transações comerciais bilaterais

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as exportações brasileiras para a China não podem ficar limitadas a matérias-primas e que os dois países deveriam buscar um equilíbrio comercial, sem déficits. As declarações foram dadas em entrevista exclusiva à revista "Caijing", de Pequim.
Lula voltou a sugerir que Brasil e China usem reais e yuans, e não dólares, no comércio bilateral. "É ridículo usar a moeda de um terceiro no comércio entre dois países tão importantes", disse, na entrevista publicada ontem.
Lula e comitiva chegam a Pequim na próxima segunda-feira para uma visita de 48 horas à China, que se tornou o maior parceiro comercial do Brasil em abril, com comércio bilateral de US$ 3,2 bilhões, ultrapassando os EUA. E deve ser a única grande economia do mundo a crescer mais de 6% em 2009.
A revista afirma que o petróleo é o principal negócio entre os dois países e ressalta a possibilidade de crédito pelo Banco Chinês para o Desenvolvimento. "A Petrobras precisa da China para financiar a exploração dos campos pré-sal, e a China, em troca, garantiria fornecimento de petróleo", diz o texto.
"Torço para que os dois lados assinem esse acordo o mais rápido possível, mas os negociadores chineses são muito exigentes", disse Lula à revista.
Atualmente, 80% das exportações brasileiras à China são de commodities, como soja e ferro, e derivados. Lula defendeu que os dois países busquem o equilíbrio da balança. Em 2008, o déficit brasileiro com a China foi de US$ 3,6 bilhões.
Na sugestão de prescindir do dólar no comércio bilateral, Lula diz à "Caijing" que Brasil e Argentina já possuem esse mecanismo. "Devemos fortalecer a importância das moedas chinesa e brasileira e dedicar nossos bancos centrais e ministérios das Finanças para esse fim", declara.
O presidente aproveita para vender a ideia do etanol para os leitores chineses, dizendo que os biocombustíveis são o futuro da energia. Ele também defende que, para ajudar a preservação ambiental da China, o gigante asiático abra fábricas no Brasil de energia limpa.
A reportagem, intitulada "Corra, Lula, Corra", foi feita pelo correspondente da revista em Nova York e ressalta a importância internacional do Brasil. A "Caijing" ("Finanças", em chinês) é a revista de maior prestígio da China, com 220 mil exemplares quinzenais, e uma das poucas publicações a driblar a censura no país.


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