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Exportações à China devem ser diversificadas, afirma Lula
Presidente pede adoção de moeda local nas transações comerciais bilaterais
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as exportações brasileiras para a
China não podem ficar limitadas a matérias-primas e que os
dois países deveriam buscar
um equilíbrio comercial, sem
déficits. As declarações foram
dadas em entrevista exclusiva à
revista "Caijing", de Pequim.
Lula voltou a sugerir que
Brasil e China usem reais e
yuans, e não dólares, no comércio bilateral. "É ridículo usar a
moeda de um terceiro no comércio entre dois países tão
importantes", disse, na entrevista publicada ontem.
Lula e comitiva chegam a Pequim na próxima segunda-feira
para uma visita de 48 horas à
China, que se tornou o maior
parceiro comercial do Brasil
em abril, com comércio bilateral de US$ 3,2 bilhões, ultrapassando os EUA. E deve ser a única grande economia do mundo
a crescer mais de 6% em 2009.
A revista afirma que o petróleo é o principal negócio entre
os dois países e ressalta a possibilidade de crédito pelo Banco
Chinês para o Desenvolvimento. "A Petrobras precisa da China para financiar a exploração
dos campos pré-sal, e a China,
em troca, garantiria fornecimento de petróleo", diz o texto.
"Torço para que os dois lados
assinem esse acordo o mais rápido possível, mas os negociadores chineses são muito exigentes", disse Lula à revista.
Atualmente, 80% das exportações brasileiras à China são
de commodities, como soja e
ferro, e derivados. Lula defendeu que os dois países busquem
o equilíbrio da balança. Em
2008, o déficit brasileiro com a
China foi de US$ 3,6 bilhões.
Na sugestão de prescindir do
dólar no comércio bilateral, Lula diz à "Caijing" que Brasil e
Argentina já possuem esse mecanismo. "Devemos fortalecer
a importância das moedas chinesa e brasileira e dedicar nossos bancos centrais e ministérios das Finanças para esse
fim", declara.
O presidente aproveita para
vender a ideia do etanol para os
leitores chineses, dizendo que
os biocombustíveis são o futuro
da energia. Ele também defende que, para ajudar a preservação ambiental da China, o gigante asiático abra fábricas no
Brasil de energia limpa.
A reportagem, intitulada
"Corra, Lula, Corra", foi feita
pelo correspondente da revista
em Nova York e ressalta a importância internacional do
Brasil. A "Caijing" ("Finanças",
em chinês) é a revista de maior
prestígio da China, com 220
mil exemplares quinzenais, e
uma das poucas publicações a
driblar a censura no país.
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