São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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CÂMBIO
Imposto do cheque começa a vigorar na 5ª; vencimento de dívidas também empurrra cotação, que vai a R$1,783
Fuga da CPMF pressiona preço do dólar

MARCELO DIEGO
da Reportagem Local

A iminência da entrada em vigor da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), na próxima quinta-feira, fez com que bancos antecipassem a remessa de dólares para o exterior ontem, para fugir do tributo. A operação ajudou na elevação do dólar comercial, que registrou alta de 1,13% em relação a anteontem.
A moeda fechou cotada a R$ 1,783 (no comercial, para venda), o maior valor desde 25 de março. O vencimento de US$ 1,441 bilhão em títulos cambiais na segunda-feira também provocou a escassez de dólares no mercado.
Não houve intervenção do Banco Central, vendendo moeda, para conter a alta.
Aproveitando-se de uma nova resolução do BC, que permite a liquidação dos contratos de compra ou venda de moeda estrangeira em até 30 dias, os bancos resolveram antecipar suas posições e remeter dólares para o exterior, fugindo da cobrança da CPMF.
A partir do dia 17 e por um ano, todo débito em conta corrente pagará 0,38% de contribuição.
"Os clientes já estão mudando suas posições para evitar a incidência de imposto. Há uma expectativa de um grande volume de saídas até o dia 16", disse Carlos Alberto Abdalla, da corretora Souza Barros.
"A antecipação de compromissos gerou uma corrida. Todo mundo saiu atrás de dólar", disse João Medeiros, da Pioneer Corretora.
Apesar de o dólar comercial ter tido cotação maior em março, há uma diferença. Naquela data, a moeda vinha apresentando queda, depois de ter atingido R$ 2,16.
Agora, ela está em alta. No dia 1º, por exemplo, a cotação era de R$ 1,74. A expectativa é que o dólar feche a próxima semana na casa de R$ 1,785.
Outra pressão no mercado de câmbio foi o fato de que, na próxima segunda-feira, haverá o vencimento de NBC-Es (Notas do Banco Central, série Especial), títulos que acompanham a variação da taxa de câmbio e ainda recebem uma remuneração definida em leilão.
O cálculo da variação cambial leva em conta a cotação do dólar médio medido pelo BC entre o dia do lançamento do título e a véspera do vencimento (no caso, ontem).
Para os detentores dos papéis, quanto maior fosse a cotação do dólar ontem, mais bem remunerados seriam os títulos. Por isso, os bancos detentores dos papéis não colocaram dólares no mercado, pressionando a alta da moeda.
A estratégia deu resultado. A média dos negócios com a moeda fechou a R$ 1,773 -alta de 0,76%, segundo o BC.
Para atenuar a pressão, o BC promoveu um novo leilão de R$ 1 bilhão em títulos cambiais, obrigando as instituições a colocarem dólares no mercado.


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