São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Nova gestão aponta contrato acima do preço na Bombril

Advogado do novo controlador diz que será feita auditoria; último administrador afirma não ver problema em apuração

Executivo que já atuava na empresa foi indicado à presidência e diz que vai buscar investimentos e tecnologia para a firma

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia de faxina foi suficiente para a nova administração da Bombril apontar uma fieira de irregularidades supostamente praticada nos últimos anos na empresa. A lista, de acordo com a nova gestão, inclui um contrato de publicidade televisiva para 2007 superfaturado em R$ 27 milhões e quitado adiantado, honorários advocatícios abusivos, pagamento de altos bônus a conselheiros e empregados quando a empresa não auferia lucros e repasses irregulares a terceiros.
A informação é do advogado Eduardo Munhoz, que representa o atual controlador da Bombril, Ronaldo Sampaio. Segundo ele, toda a contabilidade da empresa vai passar por um pente-fino. "É um absurdo.
Quando a auditoria acabar, tenho certeza de que veremos que a Bombril vinha sendo sangrada", disse ele à Folha.
O último administrador judicial da Bombril, Marcelo Freitas, ficou lá pouco tempo, quatro meses. "Foi um período marcado pela seriedade. Qualquer irregularidade, seja qual for, não foi contratada no período da minha gestão", disse. "Não vejo nenhum problema com a auditoria, muito pelo contrário." Os administradores anteriores a Freitas foram procurados na noite de ontem, mas não foram encontrados até o fechamento desta edição.
Ronaldo Sampaio voltou ao comando da Bombril por decisão de três desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Na última sexta-feira, durante uma assembléia geral extraordinária, os acionistas trocaram o comando da empresa, devolvendo poder de voto à Bombril Holding. O executivo José Roberto D'Aprile, que já tinha trabalhado na Bombril, assumiu a presidência da empresa. "Chega de pára-quedistas. Essa empresa tem tradição e, a partir de agora, terá um norte. Vamos buscar investimentos e tecnologia", disse.
Segundo D'Aprile, a idéia é recuperar o ânimo dos funcionários e procurar bancos e investidores.
A limpeza das finanças da Bombril deve sair do campo do livro-caixa. Informações sobre bastidores do afastamento da administração judicial começam a chegar aos tribunais.
Detentores de ações preferenciais (sem poder de decisão) recorreram à Justiça para conseguir poder de voto -isso beneficiaria, entre outros, a Previ e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Além disso, Augusto Coelho, ex-advogado de Sampaio, reclama que o procedimento de recuperação fiscal da companhia desrespeitou a lei.
Essa queixa deve chamar a atenção do Ministério Público, que não concordava com o plano de recuperação da empresa conforme vem sendo executado. No final do ano passado, os procuradores suspeitaram de um conluio entre Sampaio e antigos executivos da Bombril. "O MP pode anular o plano", afirmou o advogado de Coelho, Paulo Toledo.


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