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Nova gestão aponta contrato acima do preço na Bombril
Advogado do novo controlador diz que será feita auditoria; último administrador afirma não ver problema em apuração
Executivo que já atuava na
empresa foi indicado à
presidência e diz que vai
buscar investimentos e
tecnologia para a firma
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia de faxina foi suficiente para a nova administração da
Bombril apontar uma fieira de
irregularidades supostamente
praticada nos últimos anos na
empresa. A lista, de acordo com
a nova gestão, inclui um contrato de publicidade televisiva
para 2007 superfaturado em
R$ 27 milhões e quitado adiantado, honorários advocatícios
abusivos, pagamento de altos
bônus a conselheiros e empregados quando a empresa não
auferia lucros e repasses irregulares a terceiros.
A informação é do advogado
Eduardo Munhoz, que representa o atual controlador da
Bombril, Ronaldo Sampaio. Segundo ele, toda a contabilidade
da empresa vai passar por um
pente-fino. "É um absurdo.
Quando a auditoria acabar, tenho certeza de que veremos
que a Bombril vinha sendo sangrada", disse ele à Folha.
O último administrador judicial da Bombril, Marcelo Freitas, ficou lá pouco tempo, quatro meses. "Foi um período
marcado pela seriedade. Qualquer irregularidade, seja qual
for, não foi contratada no período da minha gestão", disse.
"Não vejo nenhum problema
com a auditoria, muito pelo
contrário." Os administradores
anteriores a Freitas foram procurados na noite de ontem,
mas não foram encontrados
até o fechamento desta edição.
Ronaldo Sampaio voltou ao
comando da Bombril por decisão de três desembargadores
do Tribunal de Justiça de São
Paulo. Na última sexta-feira,
durante uma assembléia geral
extraordinária, os acionistas
trocaram o comando da empresa, devolvendo poder de voto à Bombril Holding. O executivo José Roberto D'Aprile, que
já tinha trabalhado na Bombril,
assumiu a presidência da empresa. "Chega de pára-quedistas. Essa empresa tem tradição
e, a partir de agora, terá um
norte. Vamos buscar investimentos e tecnologia", disse.
Segundo D'Aprile, a idéia é
recuperar o ânimo dos funcionários e procurar bancos e investidores.
A limpeza das finanças da
Bombril deve sair do campo do
livro-caixa. Informações sobre
bastidores do afastamento da
administração judicial começam a chegar aos tribunais.
Detentores de ações preferenciais (sem poder de decisão)
recorreram à Justiça para conseguir poder de voto -isso beneficiaria, entre outros, a Previ
e o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Além disso, Augusto
Coelho, ex-advogado de Sampaio, reclama que o procedimento de recuperação fiscal da
companhia desrespeitou a lei.
Essa queixa deve chamar a
atenção do Ministério Público,
que não concordava com o plano de recuperação da empresa
conforme vem sendo executado. No final do ano passado, os
procuradores suspeitaram de
um conluio entre Sampaio e
antigos executivos da Bombril.
"O MP pode anular o plano",
afirmou o advogado de Coelho,
Paulo Toledo.
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