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Em carta a Amorim, Bolívia expressa sua "contrariedade"
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O governo boliviano do presidente Evo Morales divulgou
ontem carta dirigida ao chanceler Celso Amorim na qual "lamenta e expressa contrariedade" com a emissão da licença
prévia para a construção de
duas usinas hidrelétricas no rio
Madeira. A mais próxima está a
cerca de 80 km da fronteira
com a Bolívia.
"Como manifestamos em
reiteradas oportunidades, a Bolívia considera que, antes de
realizar uma licitação de projetos hidrelétricos tão próximos
ao território da Bolívia, é necessário realizar estudos de impacto ambiental integrais que
abarquem toda a extensão da
bacia do Madeira, incluindo,
obviamente, a área compreendida em território boliviano",
diz a carta, assinada pelo chanceler boliviano, David Choquehuanca.
O texto diz ainda que o Brasil
não cumpriu com o compromisso de enviar estudos de impacto ambiental além dos realizados pelas empresas Furnas e
Odebrecht, "apesar do compromisso alcançado durante as
reuniões que mantivemos no
ano passado".
"Não vou negar a gravidade
do problema, mas estou seguro
que com diálogo, compreensão
e vontade de nossos dois governos encontraremos uma solução satisfatória para nossos
países e o meio ambiente", termina a carta boliviana.
Em entrevista à Folha, Pablo
Solón, embaixador para Assuntos Comerciais da Bolívia, disse
que seu país vai insistir no diálogo com o Brasil sobre o tema.
"Propomos um diálogo aberto,
franco, imediato e urgente",
disse, por telefone. "Não aceitamos qualquer tipo de insinuação que queira provocar
confrontação e distanciamento
entre os dois países."
Em tom mais duro, Javier
Aramayo, presidente do Fobomade (Fórum Boliviano sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento), a mais influente ONG
ambiental do país, disse que "a
etapa do diálogo foi quebrada
com essa decisão [licença]".
O ambientalista também disse que o governo Morales tem
sido "condescendente" com o
Brasil sobre o tema.
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