São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Gerdau admite que US$ 4,2 bi foi preço alto pela americana Chaparral Steel

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Grupo Gerdau, o maior do setor siderúrgico latino-americano, fechou por US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 8 bilhões) a compra da rival americana Chaparral Steel, segunda maior produtora nos EUA de aço estrutural pesado, produto de alto valor agregado utilizado na construção de pontes e prédios comerciais sofisticados.
A aquisição é a maior e a mais cara já feita pelo grupo, que começou a se internacionalizar ainda nos anos 80 por meio da compra de siderúrgicas em dificuldades financeiras por um baixo valor de mercado.
Dessa vez, a Gerdau pagou 14% mais do que o valor das ações negociadas antes do anúncio da compra. A negociação chega a quase 25% do valor de mercado da Gerdau, que atingiu US$ 18 bilhões na terça.
O presidente-executivo do grupo, André Gerdau Johannpeter, admite que pagou caro, mas afirma que o preço reflete o novo momento da siderurgia mundial, que passa por uma onda de fusões e aquisições sem precedentes desde 2006, quando a Mittal comprou a Arcelor por US$ 38,3 bilhões.
"É um novo patamar de aquisição da Gerdau, que reflete a nova realidade. A Gerdau fez aquisições baratas no passado, o que criou colchão para essa compra. Oportunidade como essa na América do Norte era única, justificava. Tem de ver as margens [de lucro]", disse.
O vice-presidente de Finanças da Gerdau, Osvaldo Schirmer, afirma que a Chaparral tem margem de lucro bruto (antes de impostos) de 23% -superior aos 11% da própria Gerdau Ameristeel.
Com a aquisição, a Gerdau aumentará em 2,9 milhões de toneladas sua produção anual de aço, passando ao posto de 10ª maior siderúrgica do mundo -hoje, é considerada a 14ª. Os ganhos de sinergia somarão US$ 55 milhões anuais, valor que poderá ser dobrado segundo estudos preliminares. A Chaparral complementa ainda a atuação da Gerdau, líder no segmento de vergalhões de aço.
No mercado, analistas se dividiram em relação à aquisição. O banco UBS afirma que a aquisição é cara e que pode ser negativa para a Gerdau. A Moody"s disse que pode rebaixar a avaliação da empresa.
Carlos Kochenborger, da Geração Futuro, afirma que o único ponto negativo foi mesmo o preço. "Como pontos positivos, podemos citar o mix de produtos e a elevada rentabilidade", disse. Para Marco Melo, da Ágora, a Gerdau não deu um "passo maior do que a perna".
A Gerdau disse que não fará novas aquisições com preço tão alto. As ações da Chaparral subiram 10,5% nos EUA, enquanto os papéis PN da Gerdau chegaram a cair 2,82% ontem, mas fecharam com alta de 0,09%.


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