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Gigantes das hipotecas assustam mercados
Governo Bush pode ter de intervir para impedir a quebra das empresas
Quebra de Fannie Mae e Freddie Mac, vistas como pilares do setor hipotecário, pode implodir o mercado imobiliário americano
DA REDAÇÃO
As duas gigantes do mercado
hipotecário americano, a Fannie Mae e a Freddie Mac, foram
o centro das preocupações dos
mercados financeiros ontem,
com o temor de que o governo
dos EUA tenha que intervir para impedir que elas quebrem.
Apesar das tentativas do presidente George W. Bush e do
secretário do Tesouro, Henry
Paulson, de acalmar o mercado,
as ações das duas empresas
despencaram. A principal preocupação é que essas companhias precisem de uma grande
injeção de dinheiro e até de ajuda governamental. Elas garantem mais de 40% do mercado
hipotecário americano e são,
portanto, fundamentais para o
combalido setor imobiliário.
Os papéis da Freddie Mac,
que chegaram a ter queda de
50% caíram 3,12% ontem, e os
da Fannie Mae recuaram
22,35%. No ano, eles já retrocederam 76,4% e 73,2%, respectivamente. As duas afirmaram
ontem que possuem fundos
próprios mais que sólidos.
A quebra dessas companhias,
que são consideradas o pilar do
setor, provavelmente implodiria o já enfraquecido mercado
imobiliário americano, podendo arrastar o resto da principal
economia mundial. Alguns dos
efeitos dessa crise podem ser a
elevação dos juros que os proprietários terão que pagar e o
aumento das exigências para a
concessão dos empréstimos.
Segundo o "Wall Street Journal", o Departamento do Tesouro não está "discutindo a
nacionalização", mas o governo
George W. Bush está acelerando as discussões de planos de
contingência em caso de a situação dessas empresas continuar se deteriorando.
O presidente do Fed (Federal
Reserve, o BC dos EUA), Ben
Bernanke, já teria prometido às
duas companhias o acesso à janela de redesconto, de acordo
com a Reuters. A janela de redesconto é um instrumento do
BC em que ele empresta dinheiro para instituições financeiras que enfrentam problemas de liquidez. O senador democrata Christopher Dodd
afirmou que conversou com
Bernanke e Paulson e que eles
estudam várias opções, entre
elas o acesso aos empréstimos
do banco central americano.
Bush afirmou, na manhã de
ontem, que o secretário do Tesouro e o presidente do Fed lhe
"garantiram que vão trabalhar
arduamente nesse assunto". Já
Paulson divulgou nota, em uma
tentativa de acalmar os mercados, sinalizando que a ajuda governamental não é iminente.
"O nosso foco principal hoje
é apoiar a Fannie Mae e a Freddie Mac no seu modelo atual e
que elas continuem com a sua
importante missão", disse o secretário. "Nós estamos mantendo um diálogo com reguladores e com as empresas."
Anteontem, Bernanke e
Paulson afirmaram que a Fannie Mae e a Freddie Mac estão
"adequadamente capitalizadas". O presidente do Fed, porém, disse que elas precisarão
levantar mais capital, a exemplo de outras grandes instituições financeiras dos EUA
A Fannie Mae e a Freddie
Mac têm sido, nas últimas décadas, a espinha dorsal do sistema imobiliário americano,
aproveitando do apoio governamental, ainda que implícito,
para levantar dinheiro barato,
garantido milhões de hipotecas
-aproximadamente 43% do
mercado, ou US$ 5 trilhões.
Criadas pelo Congresso dos
EUA para garantir o mercado
de hipotecas, elas adquirem
empréstimos imobiliários de
bancos, juntam-nos em títulos
e revendem-nos para investidores com a garantia de que
eles serão pagos. Essa garantia
torna os seus títulos mais atrativos para os investidores, já
que as duas companhias assumirão os riscos caso os proprietários não consigam cumprir
com as suas obrigações.
O fato de terem sido criadas
pelo Congresso também as torna mais interessantes, já que há
uma garantia implícita de que o
governo irá resgatá-las em caso
de crise. No ano passado, a Fannie Mae faturou US$ 43,7 bilhões, e a Freddie Mac, US$
42,9 bilhões.
Com "The New York Times"
e "Financial Times"
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