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Governo admite adiar leilão de usinas
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
Para alcançar sua meta de licitar
17 novas usinas hidrelétricas até o
primeiro trimestre do próximo
ano, o Ministério de Minas e
Energia terá que bater um recorde: obter licenças ambientais prévias em prazos que variam de três
a sete meses.
Apesar de se dizer confiante, o
secretário-executivo do ministério, Maurício Tolmasquim, admite a possibilidade de adiar o leilão
de pelo menos parte dessas novas
usinas.
"Se não obtivermos as licenças
ambientais a tempo, o leilão será
postergado ou faremos um leilão
com um número menor de usinas, com aquelas que já tiverem licença ambiental", disse ele, após
participar do Fórum Continuado
de Energia, realizado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
Pelo novo modelo de energia
elétrica implantado pelo governo
Lula, as licitações de usinas só poderão ser feitas após a obtenção
de uma licença ambiental prévia.
Anteriormente, era feito leilão e
depois era preciso obter a licença.
A mudança ocorreu exatamente para evitar o que a ministra de
Minas e Energia, Dilma Rousseff,
qualifica de sua "herança"-45
usinas que foram leiloadas no governo Fernando Henrique Cardoso e que não tinham licenciamento ambiental concluído. Dessas
45, ainda há, um ano e sete meses
depois, 24 usinas com licenciamento pendentes.
Segundo a própria Dilma relatou, existem licitações feitas em
2000 que até agora não conseguiram licença.
Impacto ambiental
Segundo Tolmasquim, das 17
usinas que serão leiloadas pelo
novo modelo, 11 tiveram o estudo
de impacto ambiental entregues
ao Ibama ou aos órgãos estaduais
de meio ambiente em maio. Os
demais seis serão entregues em
setembro.
De acordo com a assessoria do
ministério, o objetivo é publicar
os editais para os leilões das usinas até dezembro. E, segundo a
mesma assessoria, as licenças ambientais devem ser obtidas até a
publicação dos editais. Ou seja, o
Ibama ou os órgão ambientais
dos Estados teriam sete meses para aprovar as licenças de 11 projetos e três meses para aprovar os
outros seis.
A assessoria do Ibama informou que somente projetos considerados simples, sem impacto no
meio ambiente, conseguem licença em menos de seis meses. Para
casos mais complexos, a média
para obtenção da licença é de, pelo menos, um ano.
As licenças dependem do Ibama quando as usinas são construídas em áreas federais ou envolvem rios que cortam mais de
um Estado. Fora disso, as licenças
são de competência dos Estados.
"Tudo vai depender das previsões que as distribuidoras de
energia elétrica vão fazer até o final desse ano sobre quanta energia vão precisar em 2009", disse
Maurício Tolmasquim. "Se tiver
uma demanda menor, pode ser
que nem precisemos das 17. Se
precisar das 17 e as licenças prévias não tiverem sido dadas, vamos ter problemas."
Tanto as 45 usinas licitadas no
governo FHC como as novas 17
são necessárias para afastar o risco de falta de energia a partir de
2009, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Para garantir o abastecimento
entre 2007 e 2009, o governo conta com a entrada em operação das
45 usinas, capazes de gerar 13.037
mW. Já o aumento da oferta de
energia a partir de 2009 e 2010 será feito pelas 17 usinas, com 2.829
mW. Uma usina hidrelétrica demora, em média, cinco anos do
leilão até a entrada em operação.
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