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COMÉRCIO EXTERIOR
Subsecretário de Agricultura dos EUA diz ser "absurdo" tratar país como o Mali nas negociações da OMC
Para EUA, Brasil deve ser tratado como rico
DA REDAÇÃO
O Brasil não deve mais ser tratado como país em desenvolvimento nas negociações comerciais
agrícolas porque já é uma superpotência no setor, afirmou ontem
o governo americano.
"Seria um absurdo tratar o Brasil como um empobrecido país
como Mali nas negociações da
OMC [Organização Mundial do
Comércio]", disse ontem o subsecretário do Departamento de
Agricultura dos EUA para assuntos internacionais, J.B. Penn, em
seminário no Colorado.
O funcionário do governo americano mencionou o setor do açúcar para sustentar suas declarações. "O Brasil domina o mercado
mundial de açúcar com base em
um complexo [de produção] de
etanol derivado da cana-de-açúcar que é um dos mais avançados
do mundo", disse Penn.
"Não tem nenhum sentido para
o Brasil ser tratado como um país
em desenvolvimento quando ele
possui um setor agrícola de primeiro mundo", reclamou Penn.
Na semana passada, o Brasil,
maior produtor e exportador
mundial de açúcar, obteve decisão favorável da OMC que deve
impulsionar seus ganhos nesse
mercado. Em parecer preliminar,
o organismo considerou ilegais
parte dos subsídios da União Européia aos produtores.
A decisão deve elevar as exportações brasileiras de açúcar para
mercados que deixarão de ser servidos pelo produto europeu.
Segundo estimativa da Unica
(União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), responsável
por cerca de dois terços da produção nacional do produto, as vendas podem crescer entre 2 milhões de toneladas e 3 milhões de
toneladas ao longo de um período
de dois ou três anos. De janeiro a
junho deste ano, o Brasil exportou
6,2 milhões de toneladas (equivalente a US$ 990,9 milhões).
A decisão da OMC ocorreu menos de dois meses após ela ter divulgado outro relatório favorável
ao Brasil, em processo que o país
moveu contra os subsídios norte-americanos ao algodão.
Nos dois episódios, o governo
brasileiro comemorou os pareceres como uma vitória contra os ricos. No caso do algodão, a decisão
beneficia também quatro países
africanos, Benin, Burkina Faso,
Chade e Mali, justamente o país
citado pelo subsecretário.
Ainda no âmbito da OMC, o
Brasil tem sido um dos líderes e
porta-vozes dos países pobres e
em desenvolvimento nas negociações de liberalização comercial. Em 2003, às vésperas da Ministerial de Cancún, ele foi um dos
principais artífices da criação do
G20, grupo de países em desenvolvimento que busca derrubar as
barreiras agrícolas dos ricos.
Com a Associated Press
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