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"Desvalorização do real pode ajudar as exportações'
FOLHA - Quanto tempo vai durar a
turbulência?
JOÃO SICSÚ - Não sei. Não é possível dizer se é passageira ou
profunda. Há seis meses, os canais organizadores da economia sustentavam que não havia
crise à vista. Pois bem, crises
nunca estão à vista!
FOLHA - A crise atual é diferente
das ocorridas nos anos 90?
SICSÚ - Sim. Suas formas e conseqüências são sempre novas.
As teorias que tentaram explicar crises foram malsucedidas,
porque cada uma é um caso.
FOLHA - A crise chegará à economia real, inclusive a brasileira?
SICSÚ - A desvalorização cambial dos últimos dias pode resultar até em algo favorável para o setor produtivo. Precisamos de alguma desvalorização
para estimular as exportações.
É lógico que seria melhor que
essa mudança acontecesse como um movimento coordenado pelo governo do que por
meio de uma crise, em que não
há controle das conseqüências.
FOLHA - O BC tende a ficar mais
conservador sobre os juros?
SICSÚ - Eles estão tendo um
cuidado muito grande para não
tentar se antecipar aos efeitos
da crise e mantê-la restrita aos
EUA. O melhor seria manter a
rota [diminuição dos juros] e o
ritmo [de corte das taxas], além
de implementar os instrumentos de expansão da economia,
como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento].
FOLHA - Os BCs americano e europeu agiram bem na crise?
SICSÚ - Os dirigentes foram
mais pragmáticos e menos
ideólogos do que os conselheiros econômicos. Se os últimos
fossem coerentes, bastaria esperar e agir como a máxima
"cada um por si e a mão invisível [do mercado] por todos".
FOLHA - É hora de o pequeno investidor sair da Bolsa?
SICSÚ - Prefiro não dar palpite.
FOLHA - Fundos brasileiros podem
ter prejuízos, como os europeus?
SICSÚ - Não gostaria de especular em relação a isso também.
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