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"Ação dos BCs revela que crise é mais profunda'
FOLHA - Quanto tempo vai durar a
turbulência?
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS -
Ainda não é possível fazer uma
previsão. Diria que o mercado
ainda não tem muito clara sua
extensão. A intervenção dos
BCs mostra que a crise é mais
profunda do que se pensava.
FOLHA - A crise atual é diferente
das ocorridas nos anos 90?
BARROS - De certa forma, sim.
Citaria dois fatores: a situação
das empresas nos EUA é mais
sólida e os países emergentes
estão em posição de solvência
diferente. E a perspectiva de
crescimento econômico mundial ainda é sólida. Em comum,
temos a ruptura de uma bolha e
a falta de critério de risco.
FOLHA - A crise chegará à economia real, inclusive à brasileira?
BARROS - Se ela levar a uma redução do crédito mesmo em setores sadios, sim, e o Brasil será
afetado. Isso não está claro e
não é o cenário mais provável,
mas os riscos aumentaram.
Não vejo no Brasil uma crise
como no passado. Temos reservas de mais de US$ 150 bilhões.
FOLHA - O BC tende a ficar mais
conservador sobre os juros?
BARROS - Uma desvalorização
forte do real pode obrigar o BC
a reduzir o ritmo de queda nos
juros ou parar o processo.
FOLHA - Os BCs americano e europeu agiram bem na crise?
BARROS - Corretíssimos. Os
BCs não devem resgatar perdedores individuais, mas prover
liquidez ao mercado. É fundamental para não comprometer
instituições saudáveis.
FOLHA - É hora de o pequeno investidor sair da Bolsa?
BARROS - Não creio, pois passada essa turbulência os excepcionais resultados das empresas vão influenciar o preços das
ações. A não ser que o crescimento mundial seja afetado.
FOLHA - Fundos brasileiros podem
ter prejuízos, como os europeus?
BARROS - Não acredito que isso
tenha ocorrido, tanto por limitações legais como de comportamento dos gestores.
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