São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Empresas de telefonia entram na batalha do entretenimento

Companhias apostam em sistema de TV via internet para concorrer com operadoras de TV a cabo e por satélite

Número de residências com IPTV deve aumentar de 6 milhões, em 2006, para mais de 80 milhões em 2011, segundo consultoria

PAUL TAYLOR
DO "FINANCIAL TIMES", DE NOVA YORK

O televisor de tela plana do escritório de Randall Stephenson está sintonizado no canal de negócios CNBC. Mas o presidente da AT&T não está assistindo a um programa transmitido por TV aberta, via cabo ou por satélite. O sinal de vídeo que alimenta o aparelho está sendo transmitido pela nova rede de vídeo em banda larga de sua empresa: o U-verse.
O serviço U-verse da AT&T emprega uma tecnologia que vem ascendendo rapidamente, conhecida como IPTV (TV via internet). Muitos analistas do setor acreditam que ela esteja a ponto de se tornar o padrão para a próxima geração de serviços de transmissão televisiva.
A despeito de alguns percalços tecnológicos iniciais, o padrão IPTV pode ajudar a revitalizar o setor de telecomunicações, que está enfrentando sólido declínio na receita de seus serviços tradicionais de voz. No processo, é possível que o sistema também cause incômodos ao setor tradicional de TV aberta, criando um novo canal de distribuição para empresas de mídia e criadores de conteúdo, grandes ou pequenos.
Os serviços IPTV vêm sendo oferecidos principalmente por empresas de telecomunicações e provedores de internet. Eles podem distribuir por banda larga vários canais de TV e vídeos de alta qualidade. Os programas são normalmente assistidos em televisores comuns.
A AT&T é uma das dezenas empresas de telecomunicações que optaram pela tecnologia IPTV a fim de oferecer serviços avançados de TV e vídeo para concorrer diretamente com as operadoras de TV a cabo, o que lhes permitiria gerar uma nova onda de crescimento.
A espanhola Telefónica está exportando seu modelo de IPTV às suas subsidiárias no Chile, no Brasil e na República Tcheca e pretende obter entre 1,2 milhão e 1,4 milhão de assinantes para seu serviço Imagenio até o fim de 2008.
O número de domicílios com conexão IPTV deve crescer dramaticamente nos próximos cinco anos, saltando de pouco mais de 6 milhões de residências em 2006 para mais de 80 milhões em 2011 em todo o mundo, segundo a consultoria Strategy Analytics.
O lançamento de novos serviços IPTV oferece às empresas de telecomunicações a oportunidade de contra-atacar as operadoras de TV a cabo, que estão usando suas redes de banda larga para oferecer acesso de alta velocidade à rede e serviços de telefonia no padrão VoIP (voz sobre protocolo de internet).
A expectativa é que os serviços ofereçam mais do que vídeo, incluindo acesso a música digital, jogos e serviços de dados, além de ajudar na segurança residencial. Como resultado, a estimativa da empresa iSuppli é que o mercado mundial de serviços IPTV chegue a US$ 26,3 bilhões em 2011, ante US$ 779,2 milhões em 2006.
Mas até os mais ardorosos defensores do IPTV concordam que os avanços tecnológicos e mesmo os descontos de preços não garantirão o sucesso do setor. Eles dizem que os provedores de serviços de IPTV terão de diferenciar os serviços que oferecem, com conteúdo exclusivo que conquiste os atuais usuários de outros provedores de conteúdo, como as operadoras de TV a cabo.
Isso pode se tornar um desafio para as operadoras de telecomunicações, que, a despeito de contratar executivos das operadoras de TV a cabo e de estúdios de cinema, têm pouca ou nenhuma experiência na negociação de conteúdo e muito menos em sua criação.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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