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Empresas de telefonia entram na batalha do entretenimento
Companhias apostam em sistema de TV via internet para
concorrer com operadoras de TV a cabo e por satélite
Número de residências com
IPTV deve aumentar de
6 milhões, em 2006, para
mais de 80 milhões em
2011, segundo consultoria
PAUL TAYLOR
DO "FINANCIAL TIMES", DE NOVA YORK
O televisor de tela plana do
escritório de Randall Stephenson está sintonizado no canal
de negócios CNBC. Mas o presidente da AT&T não está assistindo a um programa transmitido por TV aberta, via cabo ou por satélite. O sinal de vídeo
que alimenta o aparelho está
sendo transmitido pela nova
rede de vídeo em banda larga de
sua empresa: o U-verse.
O serviço U-verse da AT&T
emprega uma tecnologia que
vem ascendendo rapidamente,
conhecida como IPTV (TV via
internet). Muitos analistas do
setor acreditam que ela esteja a
ponto de se tornar o padrão para a próxima geração de serviços de transmissão televisiva.
A despeito de alguns percalços tecnológicos iniciais, o padrão IPTV pode ajudar a revitalizar o setor de telecomunicações, que está enfrentando sólido declínio na receita de seus
serviços tradicionais de voz.
No processo, é possível que o
sistema também cause incômodos ao setor tradicional de
TV aberta, criando um novo canal de distribuição para empresas de mídia e criadores de conteúdo, grandes ou pequenos.
Os serviços IPTV vêm sendo
oferecidos principalmente por
empresas de telecomunicações
e provedores de internet. Eles
podem distribuir por banda
larga vários canais de TV e vídeos de alta qualidade. Os programas são normalmente assistidos em televisores comuns.
A AT&T é uma das dezenas
empresas de telecomunicações
que optaram pela tecnologia
IPTV a fim de oferecer serviços
avançados de TV e vídeo para
concorrer diretamente com as
operadoras de TV a cabo, o que
lhes permitiria gerar uma nova
onda de crescimento.
A espanhola Telefónica está
exportando seu modelo de
IPTV às suas subsidiárias no
Chile, no Brasil e na República
Tcheca e pretende obter entre
1,2 milhão e 1,4 milhão de assinantes para seu serviço Imagenio até o fim de 2008.
O número de domicílios com
conexão IPTV deve crescer
dramaticamente nos próximos
cinco anos, saltando de pouco
mais de 6 milhões de residências em 2006 para mais de 80
milhões em 2011 em todo o
mundo, segundo a consultoria
Strategy Analytics.
O lançamento de novos serviços IPTV oferece às empresas
de telecomunicações a oportunidade de contra-atacar as operadoras de TV a cabo, que estão
usando suas redes de banda larga para oferecer acesso de alta
velocidade à rede e serviços de
telefonia no padrão VoIP (voz
sobre protocolo de internet).
A expectativa é que os serviços ofereçam mais do que vídeo, incluindo acesso a música
digital, jogos e serviços de dados, além de ajudar na segurança residencial. Como resultado,
a estimativa da empresa iSuppli é que o mercado mundial de
serviços IPTV chegue a US$
26,3 bilhões em 2011, ante US$
779,2 milhões em 2006.
Mas até os mais ardorosos
defensores do IPTV concordam que os avanços tecnológicos e mesmo os descontos de
preços não garantirão o sucesso do setor. Eles dizem que os
provedores de serviços de IPTV
terão de diferenciar os serviços
que oferecem, com conteúdo
exclusivo que conquiste os
atuais usuários de outros provedores de conteúdo, como as
operadoras de TV a cabo.
Isso pode se tornar um desafio para as operadoras de telecomunicações, que, a despeito
de contratar executivos das
operadoras de TV a cabo e de
estúdios de cinema, têm pouca
ou nenhuma experiência na negociação de conteúdo e muito
menos em sua criação.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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