São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Alta do petróleo turbina lucro da Petrobras

Ganho sobe 29% no segundo trimestre e atinge R$ 8,8 bi; no primeiro semestre, lucro subiu 44% e vai a R$

Aumento da produção, do preço mundial do barril do petróleo e da gasolina no mercado interno eleva desempenho da estatal


Divulgação/2007
Vista aérea de plataforma da Petrobrás, no Rio de Janeiro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Puxado pela alta do petróleo, o lucro da Petrobras bateu recorde no primeiro semestre de 2008: atingiu R$ 15,708 bilhões, com expansão de 44% em relação ao mesmo período de 2007 (R$ 10,931 bilhões). No segundo trimestre, a estatal obteve um resultado de R$ 8,783 bilhões, 29% superior ao registrado de abril a junho de 2007 (R$ 6,8 bilhões) e também o maior da história para tal período do ano. Nos três primeiros meses do ano, o lucro havia sido de R$ 6,925 bilhões.
Para o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, três fatores impulsionaram o desempenho: maior produção de petróleo, redução de custos e, especialmente, aumento do preço do barril.
No semestre, a extração de óleo e gás subiu 4% e atingiu 2,147 milhões de barris, na esteira da elevação da produção de plataformas que começaram a operar no final de 2007 e no início deste ano. Até o final do ano, diz Barbassa, a extração deve crescer com a entrada de mais três plataformas com capacidade total de 460 mil barris/dia.
"Estamos trabalhando para elevar a produção. Não posso fazer previsão sobre resultados, mas estaremos navegando em boas águas", disse.
Após forte alta no primeiro semestre de 2006, quando foram alavancadas pelo pagamento de R$ 1 bilhão do acordo com beneficiários do plano Petros, as despesas operacionais da companhia caíram 6% nos seis primeiros meses deste ano, sem o gasto extraordinário registrado no ano passado.
Por fim, o preço médio dos produtos vendidos pela Petrobras subiu 34%, em dólares, no primeiro semestre, como reflexo da valorização média de 83% do barril de óleo feito no Brasil. O aumento também se deve, em grande parte, à alta de 10% da gasolina e de 15% do diesel praticada a partir de maio.
Com essa evolução positiva dos preços e a maior produção, o faturamento da companhia subiu 26% e alcançou R$ 101,462 bilhões. O resultado impulsionou a geração de caixa da empresa, medida pelo Ebtida (lucro antes de despesas financeiras, impostos, amortização e depreciação), que chegou ao recorde de R$ 32 bilhões -alta de 26,8% no semestre.
Tais efeitos positivos, diz Barbassa, compensaram a maior despesa financeira, que subiu 59% e bateu em R$ 1,8 bilhão graças à valorização do real. É que boa parte dos investimentos da companhia é feita no exterior e denominada em dólar. Desse modo, a valorização do real reduz esses ganhos. Por outro lado, a variação cambial teve impacto positivo nas dívidas em moeda estrangeira. O endividamento total recuou 3% no semestre.
O câmbio mexeu ainda com a balança comercial da Petrobras, estimulando as importações, que cresceram 18% no semestre. No mesmo período, as exportações avançaram só 2%. Ainda assim, o saldo ficou positivo em 27 mil barris/dia.
"Houve estimulo para a importação de óleo leve para refinar no Brasil", disse Barbassa.
De todos os fatores que contribuíram para o lucro, o mais relevante foi a elevação do preço do petróleo, segundo Nelson Mattos, analista do BB Investimentos. Teve mais peso, diz, do que a alta da produção e a redução dos custos, mas não deve ter o mesmo efeito no terceiro trimestre, já que o barril está em queda.
Para Mônica Araújo, da corretora Ativa, esse também foi o fator determinante, que ajudou a anular o reflexo negativo do câmbio.
Mas a alta do petróleo revelou também uma faceta negativo no balanço da Petrobras: o aumento do custo de extração de óleo e gás. Ele subiu 6% no primeiro semestre, como resultado principalmente do aumento da participação especial (royalty incidente em campos de elevada produtividade), de acordo com Barbassa.


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