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Telecom Italia já admite a venda da TIM e da BrT
Presidente da empresa diz que examinará ofertas pela operadora de celulares
Tronchetti Provera anuncia reestruturação do grupo
e afirma que prioridade será dada para a banda larga
e produtos de mídia
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Telecom Italia, quinta
maior operadora da Europa,
anunciou ontem a reestruturação de suas operações e admitiu a venda da TIM Brasil. A
empresa, a partir de agora, funcionará a partir de duas unidades distintas - uma de redes e
outra de telefonia celular.
No Brasil, a Telecom Italia é
dona da TIM Brasil, concessionária vice-líder na telefonia celular do país. Os italianos também participam da BrT (Brasil
Telecom, operadora de telefonia fixa das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul).
Durante teleconferência
com analistas financeiros, o
presidente da Telecom Italia,
Marco Tronchetti Provera, admitiu que pode vender a TIM
Brasil e, conforme a Folha
adiantou em julho, confirmou
a intenção de se desfazer das
ações que sua empresa possui
na BrT.
"Não temos nenhuma oferta
[pela TIM], não estamos no
mercado", disse Provera, ao ser
questionado sobre a TIM Brasil. Mas o presidente da Telecom Italia observou que há
"flexibilidade". "Se houver
oferta, vinda de qualquer um,
nós a olharemos. No caso de ser
considerada interessante, o
Conselho irá considerá-la",
afirmou.
Oferta
Conforme a Folha apurou,
os fundos de pensão brasileiros
(sócios majoritários da Brasil
Telecom) fizeram nas últimas
semanas uma oferta pelas
ações da Telecom Italia na BrT.
O lance foi rechaçado.
Há expectativa entre os italianos de que outra proposta
seja apresentada até meados
deste mês, prazo final determinado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
para a Telecom Italia escolher
a BrT ou a TIM Brasil. Embora
o governo tenha sinalizado a
possibilidade de alterações a
partir de 2007, por enquanto a
legislação brasileira não tolera
sobreposição de licenças para
as concessionárias de telefonia.
Embora Provera não tenha
confirmado a venda de ativos,
especialistas ouvidos pela Folha crêem que o novo modelo
de gestão é apenas o primeiro
passo para uma reestruturação
maior, abarcando a venda de
toda a telefonia celular da empresa.
Essas fontes apontam outros
gigantes da telefonia -a espanhola Telefónica e a anglo-americana Vodafone, por
exemplo- como possíveis
compradores. Outros interessados seriam grandes fundos
de ações. Caso se confirme a intenção de venda, a transação
pode alcançar até US$ 35 bilhões, dizem os especialistas.
Na avaliação deles, o dinheiro seria usado para abater as dívidas da Telecom Italia, que já
viveu situação mais confortável: a companhia amargou uma
diminuição de 15,7% no lucro
líquido do primeiro semestre,
que caiu para US$ 1,9 bilhão.
Tronchetti Provera negou
peremptoriamente essa versão.
Aos analistas, disse que pretendia esclarecer "de uma vez por
todas" os rumores sobre as dívidas da Telecom Italia.
Segundo ele, o redesenho administrativo objetiva tornar a
companhia mais competitiva
no território italiano e dar
maior flexibilidade para a tele
crescer no mercado internacional. Além disso, serviria para a
Telecom Italia driblar problemas com os órgão reguladores
europeus.
Provera informou ainda que
a Telecom Italia irá priorizar
negócios relativos à mídia e à
banda larga. Assim, a empresa
fechou acordo para a transmissão via banda larga de conteúdo
produzido pela News Corp, de
Rupert Murdoch.
Conflito no Brasil
A confirmação de que os italianos mandaram um negociador para vender o quinhão da
Telecom Italia na BrT não é suficiente para antever o que
acontecerá com a operadora,
cujo controle motivou confronto entre os quatro maiores sócios: Citigroup, fundos de pensão, Opportunity e a própria
Telecom Italia.
A disputa pelo controle da tele tornou-se uma das maiores
rixas empresariais do país e se
desenrola desde 2000, envolvendo políticos e espionagem
de membros do governo.
O mais recente capítulo foi
escrito pela imprensa italiana.
Em 31 de agosto, a revista "Panorama" informou que promotores de Milão desconfiam que
organizações usadas para o
"Laziogate" -esquema de propinas a políticos italianos por
empresários- podem ter sido
usados para repasses da Telecom Italia a consultores, inclusive brasileiros. Os italianos
desmentiram a reportagem.
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