São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

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FMI recomenda que EUA elevem impostos sobre combustíveis

Objetivo é estimular a venda de carros mais econômicos

Bay Ismoyo/France Presse
Protesto contra FMI, EUA e Banco Mundial em Jacarta, Indonésia, país vizinho de Cingapura, que recebe reunião anual do Fundo


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

O FMI (Fundo Monetário Internacional) recomendou aos Estados Unidos que aumentem os impostos sobre combustíveis para tentar restringir o consumo de petróleo e estimular a venda de automóveis mais econômicos.
Ao mesmo tempo, o Fundo, que inicia nesta semana sua reunião anual em Cingapura, foi alvo de críticas dos principais bancos do mundo por estar sendo "leniente" com os riscos de um desequilíbrio global acentuado.
Documento do FMI que será dirigido ao G7 (grupo dos sete países mais industrializados) diz que os preços baixos dos combustíveis nos Estados Unidos "encorajam o consumo excessivo". E recomenda que o país aproveite a atual calmaria no mercado de petróleo para elevar impostos e reduzir o consumo do produto. Comparativamente, o preço do litro da gasolina nos Estados Unidos chega a ser mais barato do que no Brasil.
Desde meados de julho, o petróleo recuou US$ 10 (16%), para cerca de US$ 65 o barril. Entre outros fatores, a queda é vista como um dos sinais de que a economia americana tende a desacelerar no médio prazo.

Críticas dos bancos
A possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos e do agravamento do cenário econômico internacional levou o IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês) a pedir empenho do FMI na correção dos desequilíbrios globais.
Charles Dallara, diretor do IIF, que reúne 350 bancos, criticou a ênfase que o FMI quer dar, na reunião de Cingapura, à reforma no sistema de cotas do Fundo. "Temos de ser francos. Desde a última reunião do FMI [em abril], pouco foi levado adiante para corrigir os desequilíbrios."
Dallara apontou para o déficit em conta corrente dos Estados Unidos, na casa dos US$ 900 bilhões (ou 6,5% do PIB -Produto Interno Bruto), e para os crescentes superávits da China como os principais riscos para a economia.
"Não devemos apenas "rolar os dados" e esperar que o mercado faça o ajuste", disse.
A discussão sobre o aumento da representatividade de alguns países nas decisões do FMI está no topo da agenda do Fundo.
A chamada "reforma do FMI" foi pressionada pelos emergentes, entre os quais o Brasil, mas deve beneficiar apenas quatro países -China (hoje com 2,93% de poder de voto), Coréia do Sul (0,76%), Turquia (0,45%) e México (1,19%).
Juntos, os quatro países poderão aumentar sua participação no órgão dos atuais 5,33% para 7%.
O Brasil (1,42%) já se posicionou contra a inclusão apenas dos quatro e tenta buscar apoio de outros emergentes para barrar a mudança nesses termos. EUA (17%) e os europeus (cerca de 30% juntos), porém, estão de acordo com o formato.

Ativistas
Apesar do protesto formal do FMI e do Banco Mundial, o governo de Cingapura manteve sua decisão de proibir a entrada de dezenas de ativistas no país durante a reunião, a primeira na Ásia desde a crise de 1997.
O vice-primeiro-ministro de Cingapura, Wong Kan Seng, afirmou que a preocupação central é com a segurança dos cerca de 16 mil representantes de 184 países.
Wong citou a captura de supostos terroristas do grupo extremista Jemaah Islamiah em Cingapura nos últimos anos como "prova" de que seu país continua alvo de ataques. "Como anfitriões, não podemos assumir nenhum risco", disse.


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