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Para Fiesp, arrocho de crédito joga
recuperação da economia "na lona"
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Horacio Lafer Piva,
qualificou o pacote anunciado pelo BC como um arrocho e "que
colocou na lona qualquer esperança de recuperação [da economia no final de ano]".
"A melhor resposta a uma crise
de confiança certamente não é arrochar a política monetária", afirmou Piva. "Não se pode subestimar os custos de uma redução
adicional de liquidez quando as
empresas sofrem violentíssima
compressão de margens e o crédito está empoçado no sistema financeiro", completou.
Piva argumenta que o aumento
das alíquotas de compulsório vai
agravar a situação financeira das
empresas e significa um "banho
de água fria" na atividade econômica -no período em que são
feitas encomendas de final de ano.
"Qualquer esperança de recuperação acaba de ser jogada na lona", disse o empresário.
De acordo com Piva, antes de
arrochar o crédito, o governo deveria ter insistido no uso de medidas administrativas (como a que
obriga os bancos a terem, para cada dólar comprado no mercado, o
correspondente em reais em seus
cofres). Afirmou ainda que o Banco Central não deve abrir mão da
política de intervenções em "momentos de baixa liquidez ou
quando identificasse movimento
de caráter especulativo".
O empresário também dirigiu
um recado a Luiz Inácio Lula da
Silva e José Serra, que disputarão
o segundo turno da eleição presidencial, dia 27. "Aos candidatos,
cabe esclarecer como e em quanto
tempo realizarão as mudanças a
que se propõem", afirmou.
Sustentou que os dois presidenciáveis teriam responsabilidades
na atual crise. "Em período eleitoral, uma crise de confiança deve
ser enfrentada pelo atual e pelos
pretendentes ao próximo governo", disse Piva.
O presidente da Fiesp não foi o
primeiro a cobrar atitudes que
não apenas do atual governo. Anteontem, durante evento em São
Paulo, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, fez o mesmo. Mas seu
discurso fora endereçado unicamente ao candidato petista.
Sem citar diretamente o PT ou
Lula, Malan pediu que a oposição
reafirme, publicamente, o compromisso de respeitar contratos
externos e internos firmados pelo
governo brasileiro e de manutenção do controle da inflação e de
responsabilidade fiscal. "Não precisam convencer a mim, mas os
milhares e milhares que têm incertezas", disse Malan.
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