São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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Para Fiesp, arrocho de crédito joga recuperação da economia "na lona"

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, qualificou o pacote anunciado pelo BC como um arrocho e "que colocou na lona qualquer esperança de recuperação [da economia no final de ano]".
"A melhor resposta a uma crise de confiança certamente não é arrochar a política monetária", afirmou Piva. "Não se pode subestimar os custos de uma redução adicional de liquidez quando as empresas sofrem violentíssima compressão de margens e o crédito está empoçado no sistema financeiro", completou.
Piva argumenta que o aumento das alíquotas de compulsório vai agravar a situação financeira das empresas e significa um "banho de água fria" na atividade econômica -no período em que são feitas encomendas de final de ano. "Qualquer esperança de recuperação acaba de ser jogada na lona", disse o empresário.
De acordo com Piva, antes de arrochar o crédito, o governo deveria ter insistido no uso de medidas administrativas (como a que obriga os bancos a terem, para cada dólar comprado no mercado, o correspondente em reais em seus cofres). Afirmou ainda que o Banco Central não deve abrir mão da política de intervenções em "momentos de baixa liquidez ou quando identificasse movimento de caráter especulativo".
O empresário também dirigiu um recado a Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra, que disputarão o segundo turno da eleição presidencial, dia 27. "Aos candidatos, cabe esclarecer como e em quanto tempo realizarão as mudanças a que se propõem", afirmou.
Sustentou que os dois presidenciáveis teriam responsabilidades na atual crise. "Em período eleitoral, uma crise de confiança deve ser enfrentada pelo atual e pelos pretendentes ao próximo governo", disse Piva.
O presidente da Fiesp não foi o primeiro a cobrar atitudes que não apenas do atual governo. Anteontem, durante evento em São Paulo, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, fez o mesmo. Mas seu discurso fora endereçado unicamente ao candidato petista.
Sem citar diretamente o PT ou Lula, Malan pediu que a oposição reafirme, publicamente, o compromisso de respeitar contratos externos e internos firmados pelo governo brasileiro e de manutenção do controle da inflação e de responsabilidade fiscal. "Não precisam convencer a mim, mas os milhares e milhares que têm incertezas", disse Malan.


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