São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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BC regulamenta investimentos no exterior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central regulamentou a medida que permite que empresas e pessoas físicas residentes no Brasil façam aplicações nos mercados financeiros internacionais. Com isso, ficam liberados os investimentos em ações e títulos negociados em outros países.
A mudança havia sido decidida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) no final do mês passado, mas dependia de regulamentação do BC para entrar em vigor. Isso foi feito por meio de circular publicada ontem no "Diário Oficial" da União.
Antes, para fazer uma aplicação no exterior, o investidor brasileiro precisava fazer um caminho mais longo: era necessária a abertura de conta em algum banco fora do país, para onde, numa primeira etapa, eram enviados os recursos.
A partir dessa conta, o dinheiro podia ser direcionado para investimentos. Segundo dados do próprio BC, investidores brasileiros possuíam, em março passado, US$ 3,3 bilhões aplicados em ações e outros US$ 7,5 bilhões em títulos de renda fixa.
Com a nova medida, porém, esse tipo de operação fica mais simples. Em vez de abrir uma conta no exterior para movimentar seu dinheiro, o investidor brasileiro vai poder fazer a remessa, do Brasil, diretamente para a aplicação desejada.
A regulamentação do BC se limita a transações feitas por empresas e pessoas físicas. A medida do CMN também dá essa possibilidade para fundos de investimento -ou seja, poderão ser negociados, no Brasil, cotas de fundos que apliquem seus recursos em outros países. Mas, para que essa liberdade seja estendida também aos fundos de investimento, ainda é preciso que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) regulamente a nova norma.

Liberalização cambial
De acordo com técnicos do BC, a intenção do governo com essa medida é dar continuidade ao processo de liberalização do mercado de câmbio, o que significa tornar cada vez mais ágil tanto a entrada como a saída de divisas do país.
Para Alexander Xavier, economista-chefe da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), é difícil avaliar o impacto que essa mudança poderá ter no volume de remessas ao exterior feitas por brasileiros. Ainda assim, ele diz que se trata de uma medida positiva, pois simplifica as normas que regem o funcionamento do mercado cambial.
"Em alguma medida, isso pode também facilitar a internacionalização das empresas brasileiras", afirma, referindo-se à maior facilidade que as companhias instaladas no país terão para comprar ações de empresas estrangeiras.
Além disso, Xavier diz que a nova medida pode ser vista como mais uma iniciativa do governo para tentar conter a valorização do real, pois, em tese, o envio de recursos para o exterior fica mais fácil.


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