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Nova regra para a telefonia deve gerar migração de 20%
Previsão é da Anatel, que quer autorizar usuário a trocar de operadora sem alterar número
Chamado de "portabilidade numérica", sistema reduzirá o poder das companhias telefônicas; mudança ainda está em consulta pública
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) propôs a
maior mudança nas regras da
telefonia desde a privatização
do Sistema Telebrás, em 1998: a
permissão para que os usuários
dos serviço fixo e celular mudem de operadora sem alterar o
número do telefone. Esse sistema, batizado de ""portabilidade
numérica", reduzirá o poder
das companhias telefônicas sobre os assinantes. A Anatel prevê que, em cinco anos, de 10% a
20% dos usuários trocarão de
operadora.
O regulamento da portabilidade ficará em consulta pública
até o próximo dia 23. Mas o superintendente de Serviços Públicos da Anatel, Gilberto Alves, afirmou ontem que a Acel
(entidade que representa as
operadoras de telefonia móvel)
pediu a prorrogação do prazo
de consulta por mais 75 dias. A
agência ainda não se pronunciou sobre o pedido.
Ontem, foi realizada, no Rio,
a segunda das três audiências
públicas para a discussão do regulamento. A última será em
Fortaleza, no dia 20. Se não
houver dilatação no prazo de
consulta pública, o regulamento será publicado em dezembro
ou janeiro próximos. A partir
daí, serão 18 meses para implantação da portabilidade. A
Telemar declarou, na audiência, que considera os 18 meses
insuficientes.
Resistência
Segundo Gilberto Alves, a
maior resistência às mudanças
vem das concessionárias de telefonia fixa, que enfrentam menos competição em seus mercados do que as de celulares.
Pelos dados da Anatel, elas
têm, em média, 95% do mercado de telefonia local dentro de
suas áreas de concessão. Entre
as operadoras de celular, a TIM
já se declarou favorável à portabilidade.
De acordo com a agência reguladora, as concessionárias
terão de investir na adaptação
de suas redes para permitir a
portabilidade e estão insatisfeitas porque não poderão repassar todos os custos dos investimentos aos usuários.
O superintendente da Anatel
disse que, na telefonia fixa, a
portabilidade terá mais impacto sobre os clientes corporativos (empresas) do que sobre os
clientes residenciais. ""São poucos clientes, mas ocupam milhares de linhas telefônicas",
afirmou. Segundo ele, a mudança do número do telefone é
muito problemática para as
empresas e, sem essa amarra,
elas vão migrar para o operador
que oferecer o menor preço, estimulando a competição.
A expectativa da Anatel é que
a portabilidade resultará mais
em melhora dos planos oferecidos pelas empresas do que na
redução de preços.
Primeiro na AL
O Brasil é o primeiro país da
América Latina a implantar a
portabilidade numérica. A Anatel afirma que baseou o modelo
proposto nas experiências de
30 países. Segundo o assessor
do Conselho Diretor da Anatel,
Luiz Antônio Moura, nos Estados Unidos, as operadoras de
telefonia passaram a oferecer
dinheiro (sob a forma de créditos) para capturar clientes dos
concorrentes.
Lá, a portabilidade permite
que assinantes de telefonia fixa
migrem para o celular conservando a numeração do fixo. Segundo a Anatel, isso não é possível no Brasil, porque as ligações para os celulares são pagas
por quem faz a chamada, diferentemente dos EUA, onde o
dono do celular paga tanto as
chamadas que faz quanto as
que recebe.
Lá, todos os assinantes pagam pela existência da portabilidade (US$ 0,40 por mês, por
usuário), mas, no Brasil, a idéia
é que só os usuários paguem
por ele.
Ainda de acordo com a Anatel, a experiência internacional
mostra que de 10% a 20% dos
assinantes migram para outras
operadoras, em razão da implantação da portabilidade. Na
Finlândia, 75% migraram no
prazo de cinco anos.
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