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Empresa do grupo despeja esgoto sem tratamento em rio de Ribeirão Preto
FABRÍCIO FREIRE GOMES
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Ambient, empresa de saneamento do grupo espanhol
OHL -que arrematou cinco
dos sete trechos de rodovias federais leiloados na terça-feira-
, está despejando no rio Pardo,
em Ribeirão Preto, esgoto sem
tratamento adequado desde o
dia 10 de setembro. O grupo
OHL administra a Ambient
desde 1999, por meio de seu
braço ambiental, a Inima.
Já foram despejados no rio
cerca de 34,5 milhões de litros
de esgoto sem tratamento biológico. O volume corresponde a
14% do total produzido na cidade -46% são tratados na estação Ribeirão Preto e 40% ainda
não recebem tratamento.
Devido ao lançamento ilegal
de esgoto no rio, a Ambient está
na mira do Ministério Público
Estadual e da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Segundo a Ambient, uma turbina da estação Caiçara queimou, o que paralisou o tratamento biológico, que é a última etapa do processo. As duas primeiras fases, que correspondem a 50% da limpeza do esgoto, estão mantidas.
Ao detectar o problema, a
Ambient estabeleceu um prazo
de 20 dias para consertar a turbina, que não foi cumprido.
Para evitar a contaminação, a
Cetesb recomendou que as pessoas não pesquem no rio Pardo,
evitem banhos no rio e não
usem jet-skis, principalmente
nos clubes às margens do rio.
Amauri da Silva Moreira, engenheiro da Cetesb, disse que a
medida é preventiva e que o órgão ambiental está fazendo o
acompanhamento da qualidade da água. Segundo o engenheiro, o maior prejuízo até
agora é o aumento do material
orgânico na água, o que pode
reduzir a quantidade de oxigênio e causar a morte de peixes.
"O prazo [de 20 dias para o
conserto] já venceu, mas a empresa está pedindo uma prorrogação, que vai ser analisada. Estamos fazendo o acompanhamento e, por enquanto, o rio está assimilando o derramamento de esgoto. Se for constatado
um resultado negativo, a empresa não está isenta de ser cobrada", disse Moreira.
"Qualquer demora para corrigir um problema ambiental é
ruim, mas estamos apurando",
disse Daniel de Angelis, promotor do Meio Ambiente.
O ambientalista do Instituto
Vidágua e secretário do Meio
Ambiente de Bauru, Rodrigo
Agostinho, disse que a empresa
deveria ter um módulo extra na
estação para evitar a interrupção do tratamento durante a
manutenção dos equipamentos. "O que precisa é um planejamento da operação para que
não tenha esse problema. Muitas vezes, todo um trabalho de
despoluição que é feito num rio
é perdido nesse um mês."
O superintendente do Daerp,
Darvin José Alves, disse que o
custo da parte do esgoto que
não está sendo tratado vai ser
descontado da Ambient, que
recebe R$ 2,5 milhões por mês.
"É um pequeno acidente que a
empresa está consertando. O
que está caindo é um material
pouco poluente. Até o fim do
mês vai estar resolvido."
Há dois meses, a Ambient teve seu contrato prorrogado por
mais 65 meses pela prefeitura
-vai até 2023. A alteração é para que ela invista R$ 38 milhões
na construção de 44 km de emissários para que a cidade tenha 100% de esgoto tratado.
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