São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

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Empresa do grupo despeja esgoto sem tratamento em rio de Ribeirão Preto

FABRÍCIO FREIRE GOMES
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Ambient, empresa de saneamento do grupo espanhol OHL -que arrematou cinco dos sete trechos de rodovias federais leiloados na terça-feira- , está despejando no rio Pardo, em Ribeirão Preto, esgoto sem tratamento adequado desde o dia 10 de setembro. O grupo OHL administra a Ambient desde 1999, por meio de seu braço ambiental, a Inima.
Já foram despejados no rio cerca de 34,5 milhões de litros de esgoto sem tratamento biológico. O volume corresponde a 14% do total produzido na cidade -46% são tratados na estação Ribeirão Preto e 40% ainda não recebem tratamento.
Devido ao lançamento ilegal de esgoto no rio, a Ambient está na mira do Ministério Público Estadual e da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Segundo a Ambient, uma turbina da estação Caiçara queimou, o que paralisou o tratamento biológico, que é a última etapa do processo. As duas primeiras fases, que correspondem a 50% da limpeza do esgoto, estão mantidas.
Ao detectar o problema, a Ambient estabeleceu um prazo de 20 dias para consertar a turbina, que não foi cumprido.
Para evitar a contaminação, a Cetesb recomendou que as pessoas não pesquem no rio Pardo, evitem banhos no rio e não usem jet-skis, principalmente nos clubes às margens do rio.
Amauri da Silva Moreira, engenheiro da Cetesb, disse que a medida é preventiva e que o órgão ambiental está fazendo o acompanhamento da qualidade da água. Segundo o engenheiro, o maior prejuízo até agora é o aumento do material orgânico na água, o que pode reduzir a quantidade de oxigênio e causar a morte de peixes.
"O prazo [de 20 dias para o conserto] já venceu, mas a empresa está pedindo uma prorrogação, que vai ser analisada. Estamos fazendo o acompanhamento e, por enquanto, o rio está assimilando o derramamento de esgoto. Se for constatado um resultado negativo, a empresa não está isenta de ser cobrada", disse Moreira.
"Qualquer demora para corrigir um problema ambiental é ruim, mas estamos apurando", disse Daniel de Angelis, promotor do Meio Ambiente.
O ambientalista do Instituto Vidágua e secretário do Meio Ambiente de Bauru, Rodrigo Agostinho, disse que a empresa deveria ter um módulo extra na estação para evitar a interrupção do tratamento durante a manutenção dos equipamentos. "O que precisa é um planejamento da operação para que não tenha esse problema. Muitas vezes, todo um trabalho de despoluição que é feito num rio é perdido nesse um mês."
O superintendente do Daerp, Darvin José Alves, disse que o custo da parte do esgoto que não está sendo tratado vai ser descontado da Ambient, que recebe R$ 2,5 milhões por mês. "É um pequeno acidente que a empresa está consertando. O que está caindo é um material pouco poluente. Até o fim do mês vai estar resolvido."
Há dois meses, a Ambient teve seu contrato prorrogado por mais 65 meses pela prefeitura -vai até 2023. A alteração é para que ela invista R$ 38 milhões na construção de 44 km de emissários para que a cidade tenha 100% de esgoto tratado.


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