São Paulo, sexta-feira, 12 de outubro de 2007

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Investidores rejeitam oferta da Telemar

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Os acionistas controladores do grupo Telemar fracassaram na segunda tentativa de reestruturação acionária da empresa. Conforme antecipado pela Folha, na edição de ontem, o leilão de recompra das ações preferenciais da Tele Norte Leste Participações (holding que comanda as operadoras de telefonia fixa e celular Oi) não obteve a adesão pretendida pelos controladores, e tudo voltou à estaca zero.
O leilão foi realizado na Bovespa. A Telemar Participações, que controla acionariamente o grupo, ofereceu pagar R$ 45 por ação preferencial da TNL existente no mercado, mas a compra só se efetivaria se fosse garantida a recompra de pelo menos dois terços das ações.
Segundo a Bovespa, as ofertas de venda apresentadas somaram 129,2 milhões de ações, equivalentes a 50,72% dos papéis em circulação. Embora insuficiente, a adesão foi maior do que se previa na véspera. Os acionistas não se manifestaram sobre o insucesso do leilão.
Em dezembro, os controladores propuseram converter as ações preferenciais, sem direito a voto, em ações ordinárias, com direito a voto, na proporção de 2,6 para 1. Foram derrotados, em assembléia de acionistas, pelos investidores estrangeiros, que consideraram a relação de troca desvantajosa.
A expectativa dos profissionais do mercado de capitais é que haja uma nova investida dos controladores. ""Para mim, isso é tão certo como dois e dois são quatro", opinou o diretor da Corretora Prime, Alexandre Montes.
Na avaliação dele, o leilão fracassou porque o diferencial entre o preço de compra oferecido pelos controladores e a cotação dos papéis na Bolsa era pequeno -cerca de 12%. O entendimento entre os profissionais do setor é de que se tivessem oferecido um ágio de pelo menos 20% poderiam ter obtido sucesso.
Outra explicação para a baixa adesão à proposta no exterior é o perfil dos acionistas estrangeiros: investidores de longo prazo, como seguradoras e fundos de pensão, que não buscam só lucros imediatos. Os maiores acionistas são os fundos de investimento norte-americanos Brandes e Templeton (o primeiro com 15% das preferenciais e o segundo com 11,78%) e o Genesys (Reino Unido), com 56%.
A recompra das ações preferenciais da Tele Norte Leste era vista como o primeiro passo para a possível fusão entre as concessionárias de telefonia fixa Oi e Brasil Telecom. Porém, o fracasso da operação não é considerado impeditivo à fusão. Em conversas reservadas, os acionistas admitem a existência de um ""plano B". O governo Lula já sinalizou que apoia a criação de uma ""supertele nacional", para contrapor o avanço da Telefónica e da Telmex na América Latina.


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