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Previdência ameaça passar fundo de ações
Com captação líquida de R$ 6,2 bilhões em setembro, fundos de aposentadoria privada já são mais de 10% do mercado
Com Selic baixa, no entanto, taxas de administração cobradas por bancos podem diminuir margens de lucro desse investimento
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos de previdência privada deram um salto em setembro e passaram, pela primeira vez, a responder por
mais de 10% do total do mercado. A captação líquida de R$ 6,2
bilhões pela categoria no mês
passado permitiu que eles elevassem sua representatividade
na indústria de fundos.
Com 10,3% do mercado hoje,
a previdência privada ameaça
superar os fundos de ações, que
respondem por 11,4% do total
aplicado no país. O movimento
pode sinalizar uma maior preocupação do brasileiro com o futuro, mas também reflete a
agressiva publicidade dos bancos interessados em vender esse tipo de produto.
"Os bancos sempre têm feito
campanhas para colocar mais
esses fundos no mercado, que
costumam cobrar taxas de administração mais elevadas. Se o
gerente mostrar que a previdência está rendendo mais ou
algo assim, pode acabar convencendo o cliente a aplicar
nesse produto no lugar de um
fundo normal", diz Mauro Halfeld, professor da Universidade
Federal do Paraná.
Os fundos de previdência encerraram setembro com patrimônio recorde de R$ 137,87 bilhões. Em 2005, contavam com
patrimônio de R$ 60,9 bilhões.
Dobraram de tamanho em menos de cinco anos. Os dados são
da Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
Os planos de previdência
costumam cobrar duas taxas, às
quais os aplicadores deveriam
estar atentos: a de administração e a de carregamento. Como
essas taxas variam de um banco
a outro, é sempre bom o investidor pesquisar antes.
Taxas
A taxa de administração, presente em todos os fundos de investimento, costuma variar entre 1% e 4% ao ano. Como os juros básicos -referência para as
taxas praticadas no mercado-
estão em 8,75% ao ano, a taxa
de administração pode representar um peso muito grande
para a rentabilidade final.
A taxa de carregamento também é acertada entre o banco e
o cliente, sendo destinada a
gastos variados, como despesas
operacionais do plano, emissão
de extratos etc. "Vai chegar
uma hora em que os planos de
previdência terão de rever seus
custos para se enquadrar no
atual cenário", diz Halfeld.
Apesar de serem originariamente destinados à aposentadoria futura, sendo um investimento de longo prazo, os planos de previdência costumam
oferecer possibilidade de resgates a partir de 60 dias da contribuição. De qualquer forma,
essa liquidez é bem menor que
a de um fundo de investimento
normal e o cliente deve lembrar
disso na hora de escolher onde
colocar suas economias.
O maior percentual dos fundos de previdência são do tipo
renda fixa e DI e acompanham
de perto as oscilações dos juros.
Esses tipos representam cerca
de 92% do segmento e são os
que carregam menores riscos.
Quem decide aplicar na previdência privada também tem a
opção de arriscar mais. Há fundos de previdência multimercados e balanceados, que investem parte da carteira em ações
ou outros ativos de maior risco.
Dessa forma, podem dar rentabilidade maior que a oferecida
pelos juros, mas também podem sofrer perdas caso a Bolsa
de Valores enfrente um período crítico, como o vivido no ano
passado. No acumulado do ano,
os fundos balanceados lideram
a rentabilidade no segmento,
com ganhos de 26,71%. A previdência multimercado com renda variável tem retorno de
23,45%. Ambas as categorias
são beneficiadas pela alta da
Bovespa.
A previdência renda fixa, que
depende da oscilação dos juros,
tem retorno anual de 8,31%.
Opções
Quem decidir aplicar em um
plano de previdência terá duas
opções. Nesse momento, será
importante avaliar o tempo que
levará para começar a usufruir
dos recursos, o quanto necessitará por mês e os anos que poderá contribuir para o plano.
O modelo mais popular é o
PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). Esse tipo oferece
um incentivo fiscal, que é a vantagem de poder deduzir até
12% de sua renda bruta na declaração anual, e costuma ser
mais indicado para quem utiliza o modelo completo de IR.
O outro tipo é o o VGBL (Vida
Gerador de Benefício Livre),
que é indicado para quem faz
sua declaração no modelo simplificado ou é isento do pagamento de Imposto de Renda.
Nesse tipo de plano de previdência, o IR irá incidir apenas
sobre o ganho de capital.
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