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INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Governo diz que reajuste é para compensar a queda do real; nova alta pode vir em dezembro
Preços dos remédios sobem até 9,9% a partir de hoje
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os remédios ficarão mais caros
8,63%, em média, a partir de hoje.
O governo autorizou ontem reajuste extraordinário para os preços dos medicamentos para compensar a desvalorização do real. O
aumento máximo por produto
poderá chegar a 9,92%.
Esse é o segundo aumento no
preço dos remédios neste ano, o
que resulta em alta acumulada de
13,32%. De janeiro a setembro, o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é calculado
pelo IBGE, subiu 5,63%.
O reajuste atinge todos os medicamentos à venda nas farmácias
-incluindo os genéricos. Ficam
fora apenas os produtos homeopáticos e fitoterápicos. Segundo o
secretário de Acompanhamento
Econômico do Ministério da Fazenda, Claudio Considera, o impacto do reajuste na inflação será
de 0,34 ponto percentual, considerando o IPCA.
"Esse [aumento] foi um adiantamento. Se for aplicada a fórmula dos reajustes, o governo ainda
precisará complementar o aumento com novo reajuste no final
de dezembro. Depois disso, o
mercado estará liberado para fazer o que quiser", diz Considera.
O presidente da Febrafarma
(Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica), Ciro Mortella,
usou a mesma palavra -"adiantamento"- para descrever o reajuste. Ele calcula que, se não houver alta do real, será necessário
novo aumento, de 8% a 10%, em
dezembro, por conta do câmbio.
Mortella disse que o setor tem
toda a disposição de buscar diálogo com o futuro governo, mas negou que haja negociação em curso
-houve só, disse, contatos com
interlocutores como Antônio Palocci Filho e Aloizio Mercadante.
Desde dezembro de 2000, os
preços dos medicamentos estão
sob o controle do governo. Com o
anúncio de ontem, o governo repetiu a estratégia usada no ano
passado de diluir o impacto de
um único aumento em dois reajustes de menores proporções.
Os preços dos remédios são afetados pela desvalorização do real
porque muitos produtos para fabricação são importados.
O secretário-executivo da Camed (Câmara de Medicamentos),
Luiz Milton Veloso Costa, declarou que o reajuste cobre a depreciação do real entre janeiro e julho
deste ano. A conta, que foi feita a
partir de uma cesta de moedas,
mostra queda do real equivalente
a 31,7%. De janeiro a outubro, de
acordo com a Camed, a depreciação do real alcançou 70,5%.
Colaborou Gustavo Patú, da Sucursal
de Brasília
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