São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Governo diz que reajuste é para compensar a queda do real; nova alta pode vir em dezembro

Preços dos remédios sobem até 9,9% a partir de hoje

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os remédios ficarão mais caros 8,63%, em média, a partir de hoje. O governo autorizou ontem reajuste extraordinário para os preços dos medicamentos para compensar a desvalorização do real. O aumento máximo por produto poderá chegar a 9,92%.
Esse é o segundo aumento no preço dos remédios neste ano, o que resulta em alta acumulada de 13,32%. De janeiro a setembro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é calculado pelo IBGE, subiu 5,63%.
O reajuste atinge todos os medicamentos à venda nas farmácias -incluindo os genéricos. Ficam fora apenas os produtos homeopáticos e fitoterápicos. Segundo o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Claudio Considera, o impacto do reajuste na inflação será de 0,34 ponto percentual, considerando o IPCA.
"Esse [aumento] foi um adiantamento. Se for aplicada a fórmula dos reajustes, o governo ainda precisará complementar o aumento com novo reajuste no final de dezembro. Depois disso, o mercado estará liberado para fazer o que quiser", diz Considera.
O presidente da Febrafarma (Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica), Ciro Mortella, usou a mesma palavra -"adiantamento"- para descrever o reajuste. Ele calcula que, se não houver alta do real, será necessário novo aumento, de 8% a 10%, em dezembro, por conta do câmbio.
Mortella disse que o setor tem toda a disposição de buscar diálogo com o futuro governo, mas negou que haja negociação em curso -houve só, disse, contatos com interlocutores como Antônio Palocci Filho e Aloizio Mercadante.
Desde dezembro de 2000, os preços dos medicamentos estão sob o controle do governo. Com o anúncio de ontem, o governo repetiu a estratégia usada no ano passado de diluir o impacto de um único aumento em dois reajustes de menores proporções.
Os preços dos remédios são afetados pela desvalorização do real porque muitos produtos para fabricação são importados.
O secretário-executivo da Camed (Câmara de Medicamentos), Luiz Milton Veloso Costa, declarou que o reajuste cobre a depreciação do real entre janeiro e julho deste ano. A conta, que foi feita a partir de uma cesta de moedas, mostra queda do real equivalente a 31,7%. De janeiro a outubro, de acordo com a Camed, a depreciação do real alcançou 70,5%.


Colaborou Gustavo Patú, da Sucursal de Brasília

Texto Anterior: CST investe US$ 450 mi para bater CSN
Próximo Texto: Depois das urnas: Vitorioso, Bush imporá agenda econômica
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.