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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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ESTADO ACIONISTA

Compra de 10,4% do capital da controladora da mineradora visa preservar setor estratégico, diz instituição

BNDES quer barrar ação estrangeira na Vale

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A BNDESPar (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações), subsidiária integral do BNDES, comprou a participação de 10,4% que o clube de investimentos Investvale detinha no capital da Valepar, controladora da Vale do Rio Doce, preocupada com a possibilidade de a mineradora vir um dia a ser controlada por capital estrangeiro.
"Temos uma preocupação geral, mais ampla, de preservar o controle de empresas que são estratégicas para o país em mãos nacionais", afirmou Fabio Erber, diretor da área de Operações Indiretas do BNDES. Ele disse também que o banco tem interesse em influir nas decisões estratégicas da mineradora a fim de que ela aumente seus investimentos no Brasil.
A BNDESPar pagou R$ 1,5 bilhão pelas ações do Investvale, que é o clube de investimentos formado pelos empregados da ex-estatal para comprar ações da Vale quando ela foi privatizada, em maio de 1997.
A subsidiária do BNDES e o Investvale já haviam feito, em 2002, uma troca de ações da Vale por papéis da Valepar (a BNDESPar ficou com os papéis da Vale), sem dinheiro envolvido, seguindo o previsto na privatização da empresa mineradora.
Segundo Ana Marta Horta Veloso, chefe do Departamento de Renda Variável do BNDES, o preço pago pelas ações da Valepar no negócio fechado na noite de anteontem foi calculado com base nos 20 pregões anteriores da Bovespa, com um acréscimo de pouco mais de R$ 6 por ação pelo fato de serem papéis do bloco de controle da Vale. A média dos pregões deu R$ 129,048 por ação e o negócio foi feito a R$ 135,053 por ação.

Socorro
Erber disse que a operação com ações da controladora da Vale não envolveu nenhum tipo de socorro à mineradora e não reduziu a capacidade do banco de financiar outras empresas. "Temos atendido plenamente a demanda por recursos. Não estamos privando outras companhias de recursos com essa operação."
Segundo Erber, a Vale é "uma empresa a todos os títulos estratégica para o desenvolvimento do Brasil" e o BNDES buscou estreitar ainda mais uma parceria já existente com ela. O banco já detinha 4,9% do capital da Vale, fora do bloco de controle, sendo 7,1% de ações ordinárias (com direito a voto), o que lhe dava direito a um assento no Conselho de Administração da mineradora.
Erber defendeu a expansão dos investimentos da Vale em áreas a ela relacionadas, como a de siderurgia. Quando lhe foi lembrado que a mineradora tem um acordo com a européia Arcelor que pode resultar na sua saída do controle da CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), ele disse que considera importante a participação da Vale na siderúrgica.
O diretor não deu detalhes que justificassem o temor de que o capital da Vale venha a ser controlado de fora do país. Na Valepar, a única participação estrangeira é da trading japonesa Mitsui, que tem 18,2% do capital votante.
Erber disse que a Mitsui é parceira comercial da Vale e que o BNDES ainda não avaliou qual a posição estratégica da trading na mineradora.
O presidente do Investvale, Francisco Póvoa, disse que o clube foi procurado várias vezes por grupos estrangeiros interessados na compra da participação na Valepar. Afirmou que a BNDESPar tinha, desde a privatização, preferência para a compra das ações do clube de investimentos. Segundo ele, é estratégico para os empregados da Vale que a venda tenha sido feita para a BNDESPar.


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