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ESTADO ACIONISTA
Compra de 10,4% do capital da controladora da mineradora visa preservar setor estratégico, diz instituição
BNDES quer barrar ação estrangeira na Vale
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A BNDESPar (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social Participações), subsidiária integral do BNDES, comprou a
participação de 10,4% que o clube
de investimentos Investvale detinha no capital da Valepar, controladora da Vale do Rio Doce, preocupada com a possibilidade de a
mineradora vir um dia a ser controlada por capital estrangeiro.
"Temos uma preocupação geral, mais ampla, de preservar o
controle de empresas que são estratégicas para o país em mãos
nacionais", afirmou Fabio Erber,
diretor da área de Operações Indiretas do BNDES. Ele disse também que o banco tem interesse
em influir nas decisões estratégicas da mineradora a fim de que
ela aumente seus investimentos
no Brasil.
A BNDESPar pagou R$ 1,5 bilhão pelas ações do Investvale,
que é o clube de investimentos
formado pelos empregados da ex-estatal para comprar ações da Vale quando ela foi privatizada, em
maio de 1997.
A subsidiária do BNDES e o Investvale já haviam feito, em 2002,
uma troca de ações da Vale por
papéis da Valepar (a BNDESPar
ficou com os papéis da Vale), sem
dinheiro envolvido, seguindo o
previsto na privatização da empresa mineradora.
Segundo Ana Marta Horta Veloso, chefe do Departamento de
Renda Variável do BNDES, o preço pago pelas ações da Valepar no
negócio fechado na noite de anteontem foi calculado com base
nos 20 pregões anteriores da Bovespa, com um acréscimo de pouco mais de R$ 6 por ação pelo fato
de serem papéis do bloco de controle da Vale. A média dos pregões deu R$ 129,048 por ação e o
negócio foi feito a R$ 135,053 por
ação.
Socorro
Erber disse que a operação com
ações da controladora da Vale
não envolveu nenhum tipo de socorro à mineradora e não reduziu
a capacidade do banco de financiar outras empresas. "Temos
atendido plenamente a demanda
por recursos. Não estamos privando outras companhias de recursos com essa operação."
Segundo Erber, a Vale é "uma
empresa a todos os títulos estratégica para o desenvolvimento do
Brasil" e o BNDES buscou estreitar ainda mais uma parceria já
existente com ela. O banco já detinha 4,9% do capital da Vale, fora
do bloco de controle, sendo 7,1%
de ações ordinárias (com direito a
voto), o que lhe dava direito a um
assento no Conselho de Administração da mineradora.
Erber defendeu a expansão dos
investimentos da Vale em áreas a
ela relacionadas, como a de siderurgia. Quando lhe foi lembrado
que a mineradora tem um acordo
com a européia Arcelor que pode
resultar na sua saída do controle
da CST (Companhia Siderúrgica
de Tubarão), ele disse que considera importante a participação da
Vale na siderúrgica.
O diretor não deu detalhes que
justificassem o temor de que o capital da Vale venha a ser controlado de fora do país. Na Valepar, a
única participação estrangeira é
da trading japonesa Mitsui, que
tem 18,2% do capital votante.
Erber disse que a Mitsui é parceira comercial da Vale e que o
BNDES ainda não avaliou qual a
posição estratégica da trading na
mineradora.
O presidente do Investvale,
Francisco Póvoa, disse que o clube foi procurado várias vezes por
grupos estrangeiros interessados
na compra da participação na Valepar. Afirmou que a BNDESPar
tinha, desde a privatização, preferência para a compra das ações do
clube de investimentos. Segundo
ele, é estratégico para os empregados da Vale que a venda tenha sido feita para a BNDESPar.
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