São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Montadoras terão R$ 4 bi do governo de SP

Nossa Caixa anuncia linha de crédito com valor igual à do Banco do Brasil para ajudar financeiras de fabricantes de veículos

Para montadoras, os R$ 8 bi disponíveis nos bancos públicos paulista e federal devem ser "suficientes para os próximos meses"

Divulgação
O governador de São Paulo, José Serra, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o secretário estadual do Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, e o presidente da Anfavea, Jackson Schneider

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

O governo de São Paulo lançou ontem uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para as financeiras das montadoras de veículos de todo o país, o mesmo valor anunciado na semana passada pelo governo federal para minimizar os efeitos da crise internacional no setor.
Os empréstimos oferecidos pela Nossa Caixa para as financeiras poderão ser pagos em até 18 meses. As garantias serão as carteiras de crédito dos bancos das montadoras e as taxas de juros, definidas em cada negociação. "Estamos somando esforços com o governo federal no sentido de fornecer crédito para manter o nível de emprego na economia", afirmou o governador José Serra (PSDB) na assinatura do acordo.
O presidenciável tucano afirmou ainda que o impacto desses recursos no mercado, "sem dúvida, é significativo, basta dizer que é semelhante ao do Banco do Brasil". Segundo a assessoria de imprensa do banco federal, mais de R$ 1 bilhão já foi liberado até agora para oito financeiras de montadoras.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, presente ao evento, para garantir a continuidade do crescimento da economia brasileira, "é preciso que os governos tomem iniciativas como essa".
A Nossa Caixa e o BB, os dois bancos com linhas especiais para os fabricantes de veículos, estão em processo de negociação. Serra, no entanto, negou que tenha tratado da venda do banco estadual com Mantega.
"Por incrível que pareça, não conversamos. Esse é um assunto que não está concluído", disse, acrescentando que o projeto de lei que vai permitir a aquisição do banco será enviado à Assembléia Legislativa "assim que se conclua a negociação", sem estipular prazos.
O governador de São Paulo rechaçou a avaliação de que, com a possível venda do banco estadual, é o governo federal que assumirá o financiamento.
Lembrando que o processo de venda da instituição pode consumir meses, Serra disse que adotaria a medida independentemente da negociação. "A Nossa Caixa não pára pelo fato de existir um processo de negociação", afirmou, acrescentando que a abertura da linha não provoca prejuízo para o banco.

Recursos suficientes
Para o presidente da Anfavea (associação das montadoras), Jackson Schneider, os R$ 8 bilhões disponíveis nos bancos públicos paulista e federal devem ser "suficientes para os próximos meses". "Houve retração de crédito em linhas importantes. O consumidor ia à loja, não encontrava o crédito ou não encontrava nas condições que precisava para adquirir o produto", afirmou.
Em outubro, as vendas de veículos caíram 11% em relação a setembro e tiveram a primeira retração na comparação com o mesmo mês do ano passado, de -2,1%.
O recuo, que gerou férias coletivas de milhares de trabalhadores das montadoras, ocorre após o setor bater sucessivos recordes. No acumulado do ano até outubro, ainda tem alta de 23,4% em emplacamentos, com a marca histórica de 2,45 milhões de unidades. A expectativa de Schneider é que, com o dinheiro extra, "já neste mês comece a haver uma reversão positiva" nos licenciamentos.
Como "os recursos dos bancos privados tendem a se normalizar", acrescentou, "acreditamos que a falta de liquidez no mercado está superada".
Segundo o presidente da Anfavea, estão confirmados os investimentos no país de US$ 23 bilhões entre 2008 e 2011 que já haviam sido anunciados pelas montadoras.
Luiz Montenegro, presidente da Anef (associação das financeiras das montadoras), prevê que os R$ 8 bilhões serão tomados pelas empresas até dezembro. Segundo a entidade, neste ano, até setembro, foram liberados R$ 42,4 bilhões em financiamentos (CDC), 11,7% a menos do que no mesmo período de 2007. As operações com leasing totalizaram R$ 64,9 bilhões -alta de 81,3%.

Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local



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