São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2000

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ANÁLISE

Nafta volta às discussões

CÁTIA LASSALVIA
DA REDAÇÃO

O flerte do Chile e da Argentina com o Nafta -a área de livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá- não é novidade. O que motiva o mais recente burburinho entre EUA e Brasil é o momento em que essas intenções de aproximação voltam a adquirir força.
A crise econômica da Argentina abre espaço para que o país fique mais vulnerável a pressões dos EUA -um aliado internacional de peso para a obtenção de empréstimos.
O receio do Brasil é que a Argentina seja induzida a apoiar a proposta dos EUA de acelerar a negociação da Alca, uma área de livre comércio que abrangeria todos os países das Américas, com exceção de Cuba.
Essa não é a intenção brasileira. O país pretende fortalecer o Mercosul e negociar a criação da Alca como um bloco coeso, e não como quatro países isolados.
No aspecto comercial, o bloco -que soma um PIB de US$ 1,1 trilhão e reúne 200 milhões de habitantes- teria maior poder de negociação. No aspecto político e institucional, a coesão do bloco garantiria menor influência dos EUA na região.
O Chile aproveita a sua falta de compromissos para buscar o que há de melhor em cada acordo. A atitude pode incomodar a diplomacia, mas é legítima.
O Chile tem em mira o Mercosul, o Nafta e até a fragmentada Apec -uma proposta de integração que envolve países cujo único ponto em comum é a presença do oceano Pacífico.
Em meados da década de 90, tanto Argentina como Chile priorizavam a integração ao Nafta, em detrimento do Mercosul.
A mudança de objetivos ocorreu em 1993, quando o governo dos EUA não conseguiu aprovar o "fast track", um mecanismo legal que permitia negociar a adesão de novos países ao Nafta, sem a aprovação do Congresso dos EUA.
A negação do "fast track" foi o fator determinante para a mudança na orientação nas políticas externas do Chile e da Argentina. O foco passou do Nafta para o Mercosul. Em 1994, com o objetivo de retardar as discussões sobre a Alca, o Brasil também decidiu acelerar a integração no Cone Sul.





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