São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2000

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PETROQUÍMICA

Grupo é o que mais se enquadra na concepção do banco, diz Tápias

Projeto leva BNDES a apoiar o Ultra

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, disse ontem que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) decidiu apoiar o grupo Ultra -e não outro grupo nacional- na disputa pela compra da Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste) porque o projeto do Ultra era o que mais se enquadrava na concepção do banco sobre a petroquímica brasileira.
"O grupo Ultra é o que melhor caracteriza o que pensa o BNDES a propósito do funcionamento dos pólos petroquímicos", disse.
A concepção do BNDES é de que os três pólos petroquímicos (Bahia, com a Copene, São Paulo, com a Petroquímica União, e Rio Grande do Sul, com a Copesul) tenham controladores diferentes e, de preferência, nacionais.
O presidente do BNDES, Francisco Gros, confirmou que o apoio do banco ao Ultra irá "até" R$ 1 bilhão. A decisão foi aprovada ontem pela diretoria do banco.
"O BNDES disponibilizou um volume de recursos preestabelecido para que eles (o Ultra) possam participar do leilão de forma competitiva", disse Gros, confirmando em seguida o número limite.
Segundo Gros, a expectativa do BNDES é de que, concluída a venda da Copene, o setor petroquímico volte a fazer investimentos maciços. "Isso não tem ocorrido em função de todas essas participações cruzadas", disse, a propósito do grande entrelaçamento de interesses existentes hoje no desenho societário do setor.

Disputa com a Dow
O empréstimo de até R$ 1 bilhão que o BNDES disponibilizou para que o grupo Ultra dispute a compra da Copene é praticamente igual ao valor que o banco emprestou a todo o setor petroquímico desde 1995, ano em que a Copene foi privatizada (R$ 1,084 bilhão até novembro deste ano).
A própria Copene só levantou no BNDES R$ 130 milhões em empréstimos desde que a Petroquisa (grupo Petrobras) saiu do seu bloco de controle, em 15 de agosto de 1995.
O esforço do banco estatal agora, que pode dobrar de uma só vez os créditos ao setor, são para evitar que a norte-americana Dow Química assuma o controle da Copene em detrimento de uma empresa de capital nacional.
A Copene é a maior central de matérias-primas petroquímicas do Brasil, com capacidade para produzir 3 milhões de toneladas de produtos por ano. O vencedor do leilão, marcado para quinta-feira, passará a ter o controle de pelo menos a metade da capacidade total de produção do país.
De acordo com a avaliação dos principais especialistas do mercado, as chances de todo esse esforço estatal surtir efeito são remotas e dependem do apetite com que a Dow decida entrar na disputa.




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